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Denúncias do DOL e DIÁRIO fazem Hydro confessar crimes ambientais a jornal da Noruega

Problema ambiental com dimensão mundial. Assim pode ser resumido o despejo irregular de substâncias como fósforo, alumínio, nitrato e sódio, pó de bauxita e até mesmo soda cáustica feito pela empresa norueguesa Hydro, em Barcarena, região nordeste do Pará

Problema ambiental com dimensão mundial. Assim pode ser resumido o despejo irregular de substâncias como fósforo, alumínio, nitrato e sódio, pó de bauxita e até mesmo soda cáustica feito pela empresa norueguesa Hydro, em Barcarena, região nordeste do Pará.

Após denúncias de moradores e do advogado Ismael Moraes, publicadas em primeira mão pelo DOL e pelo DIÁRIO DO PARÁ em fevereiro, o caso vem repercutindo também na Noruega, onde foi tema de reportagem de capa do jornal Dagens Naeringsliv (DN) , o  principal do país, na última segunda-feira (12).

A matéria foi feita a partir da repercussão das denúncias do DIÁRIO e do DOL e de todas as questões ambientais e sociais causadas em Barcarena. Imagem: Reprodução

É justamente nele que a Hydro confessa os crimes ambientais, confirmados em fevereiro pelo Instituto Evandro Chagas (IEC), ainda que a prática de tais irregularidades existisse há muito mais tempo, talvez "liberada" pela parceria com o Governo do Estado, em especial através da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), que mesmo conhecendo diversas irregularidades cometidas pela Hydro, não tomou nenhuma atitude para punir a empresa.

Segundo a reportagem, também veiculada em português no portal Medium, o diretor de informação da empresa, Halvor Molland, confirmou que houve descargas advindas da fábrica, mesmo que de forma contraditória defenda ainda que até agora não há provas de que tal descarga seja a causa da contaminação.

Em entrevista ao DN, Molland afirmou que "Podemos confirmar que houve uma descarga controlada do Canal Velho, que fica ao lado da estação de tratamento dentro da área da refinaria. Isso foi feito para aliviar a estação de tratamento, que estava sob grande pressão por causa da chuva. Isso foi feito sem licença", confessou.

Na edição impressa do DN, há o destaque para a utilização do DIÁRIO como fonte. Imagem: Reprodução

É ainda o diretor de informação Molland que comunica algo preocupante: a emissão pode conter pó de bauxita da fábrica carregado, espalhado facilmente pelas águas da fortes chuvas do período. De acordo com ele, "a emissão sofreu tratamento de pH na entrada do canal, o que significa que toda a soda cáustica ali contida foi neutralizada a um pH menor do que 9 antes da descarga". Isto é, a medida buscou modificar o teor de contaminação da água, mas não seu controle total ou mesmo parcial.

A medida, segundo o pesquisador Marcelo Lima, também ouvido pelos noruegueses é assustadora e só piora o quadro das ações da Hydro. "Isso é ainda mais grave do que mostram os nossos resultados até agora. É claramente ilegal, e é algo diferente de um evento isolado que pode acontecer quando o nível da água sobe repentinamente. O que ainda não medimos é o qual o tamanho do risco, e que consequências isso tem para os rios e a população. Sobre isso ainda não é possível se manifestar", afirmou.

SITUAÇÃO SEM CONTROLE

Após a publicação da segunda-feira (12), nesta terça o DN voltou a repercutir o caso. Como se não bastassem a constatações preocupantes, um novo dado - ou ausência dele - assustou mais ainda: O CEO (principal diretor) da Hydro, Svein Richard Brandtzæg, disse que os resultados preliminares mostram que a empresa não possui uma visão geral da situação na planta da Alunorte.

A afirmação preocupante foi destacada na publicação do portal no Facebook: "Nós não temos uma visão geral completa". Ou seja: se não conhecimento da situação real, é impossível haver o controle e previsão de novos problemas a serem contidos.

A própria empresa confirmou que as análises mostram que ocorreram mais emissões do que anteriormente realizadas por ela própria, como, por exemplo, de soda cáustica após as chuvas de 17 de fevereiro.

Diz no DN que "o produto químico, comumente referido como lixívia, foi misturado com a água da chuva da área da fábrica antes de entrar na barragem com águas residuais, com transbordamento para o Canal Velho", o que poide ter potencializado, mais ainda, a contaminação em Barcarena.

CONTAMINAÇÃO

Há meses, o advogado Ismael Moraes já informava que mais de vinte bacias teriam sido construídas na área para receberem rejeitos químicos estariam causando problemas ambientais. Com as fortes chuvas em fevereiro, em especial no dia 17, as bacias ultrapassaram sua capacidade e não foram mais suficientes para conter as substâncias, em especial bauxita, podendo causar um grave quadro de contaminação na cidade.

De acordo com o laudo do IEC, as populações das três principais comunidades afetadas -- Bom Futuro, Vila Nova e Burajuba -- possuem, em sua maioria, poços artesianos de baixa profundidade em casa, o que facilita a contaminação pelo resíduo. Uma estimativa prévia é que pelo menos 300 pessoas tenham sido afetadas pelos vazamentos recentes. Entre os principais danos causados pela contaminação, estão problemas dermatolócidos e gástricos, além de possíveis danos respiratórios.

Outro dado alarmante levantado pelo IEC é que o "risco eminente de novos vazamentos", já que o Pará ainda vive o período de chuvas, o que facilita o transbordo das bacias de rejeitos.

INVESTIGAÇÕES

A Hydro já está sendo investigada por uma força-tarefa dos Ministérios Públicos Estadual e Federal que vai apurar os vazamentos de resíduos químicos nos igarapés e rios da região mês passado e que provocaram fortes e graves danos ambientais às populações da região de Barcarena.

Os moradores denunciam que ela pratica irregularidades territoriais, ambientais e sociais, inclusive discriminação nas comunidades de Jesus de Nazaré, Burajuba, Água Verde e Jardim Canaã, onde moram quase 5 mil famílias.

Entre as denúncias mais graves está a de que a Norsk Hydro construiu um depósito de resíduos numa Área de Proteção Ambiental (APA), que é protegida por lei e onde existem comunidades remanescentes de quilombos. Na época, a Hydro negou todas as denúncias.

(Enderson Oliveira/DOL)

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