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'Poda das árvores é inadequada em Belém', afirma pesquisador

Grande parte da poda das árvores é realizada de forma inadequada em Belém, de acordo com o pesquisador Sérgio Brazão, da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Ele diz que muitas vezes o serviço é realizado sem pensar no bem estar do vegetal.  “E

Grande parte da poda das árvores é realizada de forma inadequada em Belém, de acordo com o pesquisador Sérgio Brazão, da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Ele diz que muitas vezes o serviço é realizado sem pensar no bem estar do vegetal.

“Em grande parte dos casos é realizada de forma inadequada, com objetivos que não são relacionados ao bem estar da árvore, prejudicando assim, a parte aérea do vegetal, que é importante para captar luz solar, efetuar trocas gasosas e outras atividades relacionadas à produção de alimento ao vegetal”, diz Brazão.

O pesquisador diz que quando a parte aérea é suprimida por poda, parte do vigor da árvore é perdido, ocorrendo o enfraquecimento do vegetal. Se essa poda não for bem executada, ela pode, inclusive, servir como abertura para a entrada de patógenos que prejudicam ainda mais o vegetal.

“Esta poda inadequada costuma ser feita para retirar, por exemplo, a árvore do contato com os fios elétricos, para permitir a visualização de uma fachada, outdoor ou outro motivo que não atenda às necessidade de sobrevivência do vegetal. Em alguns casos essa ação mal feita desequilibra o vegetal, pois retira os galhos somente de um lado da árvore, fazendo com que essa árvore fique com equilíbrio descompensado, e pode tombar após ser atingida por ventos fortes”, disse.

(Foto: Mário Guerrero/UFRA)

E, com a chegada do inverno amazônico, a queda das árvores preocupa quem circula pela cidade. Porém, o pesquisador afirma que não adiantar colocar a culpa nas chuvas, porque as causas são outras.

Ele diz que fortes chuvas, vento e enxurradas são condições que a maioria dos vegetais de grande porte suporta naturalmente, sem nenhum problema. Nas cidades, porém, a pressão urbana agride diretamente os vegetais de diversas formas, enfraquecendo-os.

“As árvores, como todos seres vivos, morrem. Na natureza, após sua morte ocorre seu enfraquecimento e queda, que é sucedida pela sua decomposição e reposição de nutrientes para o solo da floresta. Esta sequencia não pode ocorrer em cidade, por isso o poder público deve remover antecipadamente as árvores que esteja em risco de queda, impedindo assim, prejuízos e malefícios ao cidadão. Para isso, é necessário que sejam realizadas vistorias diárias nas árvores, por pessoal técnico especializado, visando identificar os riscos”, aconselha.

Entre as principais agressões sofridas pelos vegetais nas áreas urbanas também estão a poda inadequada, escavações, edificações e alteração do revestimento. “Existe também as causas naturais de agressões ao vegetal, como pragas e doenças que causam apodrecimento do tronco, e parasitas, como a erva de passarinho, que enfraquecem o vegetal. Estes malefícios são observados diariamente nas ruas, por isso a necessidade constante de observação e investimento”, diz.

Cidade das Mangueiras?

Mesmo sendo conhecida como Cidade das Mangueiras, o pesquisador Sérgio Brazão afirmou que a espécie está em último lugar no ranking das espécies mais abundantes encontradas em Belém. De acordo com a UFRA, durante um levantamento da arborização de Belém, o pesquisador identificou 134 espécies diferentes plantadas na via pública e, embora Belém receba a alcunha de cidade das mangueiras, as espécies mais abundantes na cidade são o Ficus, o Oitizeiro, a Castanhola e por último a Mangueira.

“Quem caminha ao sol ou debaixo do túnel arborizado, sente a diferença existente no conforto, que se reflete diretamente em nossa qualidade de vida. A arborização é essencial para manter e promover a boa condição de vida nas cidades que se situam próximas à linha do Equador. Os cidadão e os governantes precisam ser mais conscientes sobre esse tema tão essencial para a cidade”, finaliza.

Um levantamento feito pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) constatou que Belém conta com cerca de 120 mil árvores na arborização urbana, sendo 12 mil mangueiras. Em 2017, 13 árvores desta espécie caíram na capital paraense. Neste mês de fevereiro já foi registrada uma queda de uma mangueira de grande porte na cidade, que provocou transtorno para a população, além de deixar uma pessoa ferida.

Escavações e edificações

Enquanto que as escavações e perfurações no solo prejudicam a sustentação da árvore, o elevado número de prédios da cidade impede a fotossíntese desses vegetais. “É comum perfurar o solo para promover passagem de tubulações diversas, instalação de fundações, fossas sépticas, muros e outras atividades que promovem o corte das raízes. Esta atividade interfere na sustentação do vegetal, tornando-o suscetível à queda. Quanto à edificações, alguns vegetais necessitam de luz plena, e devem estar na preferência das escolhas para plantio. Edificações muito altas promovem sombra, afetando o crescimento de alguns vegetais”, diz.

Ambientes urbanos substituem a cobertura original do solo por concreto e asfalto, dificultando as trocas gasosas e a infiltração de água no solo. “Em alguns casos a árvore é estrangulada pro concreto em sua base, o que não deve ocorrer. Grande parte das mangueiras da cidade já conta com beiral ao redor da árvore, expondo solo e permitindo a infiltração da água da chuva”, alerta.

População pode ajudar a fiscalizar e cuidar

Segundo o pesquisador, a população também pode contribuir para o cuidado das árvores, e o primeiro passo seria não agredir o vegetal. “Não colocar lixo na base do tronco, não atear fogo em lixo na base da árvore, não realizar podas e outras atividades que são de responsabilidade de pessoal capacitado, do poder público. O ideal é ser parceiro da Secretaria de Meio Ambiente, por exemplo, denunciando as agressões e possíveis ameaças de quedas”.

Caso o cidadão for fazer um plantio dentro de seu terreno, é muito importante atentar para a escolha do vegetal e dar muita atenção durante o seu crescimento. “Para isto tratos culturais devem ser observados, principalmente na etapa de elaboração das covas. A fertilidade é importante para a nutrição do vegetal relacionada ao fato de que indivíduos bem nutridos apresentam maior resistência e vigor para resistir às adversidades que encontrarão durante sua vida urbana”, diz.

A Prefeitura de Belém, através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), informou que as podas realizadas em mangueiras seguem o que diz o manual de orientação técnica de arborização do município de Belém. Se necessário, a Semma realiza a poda drástica, com o objetivo de salvar o vegetal de parasitas.

Com relação as quedas de vegetais, no ano passado, 21 árvores caíram em Belém, sendo 13 mangueiras. Já este ano foram cinco árvores, sendo uma mangueira.

(Com informações da UFRA)

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