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Hydro e governo do Pará: cumplicidade que mata

OPINIÃO/ CHARLES ALCANTARA* Tivesse algum respeito pelo povo paraense, o governador proporia à Assembleia Legislativa a revogação imediata das benesses tributárias concedidas à Norsk Hydro, pelo crime perpetrado contra a natureza, aí entendida em seu sen

OPINIÃO/ CHARLES ALCANTARA*

Tivesse algum respeito pelo povo paraense, o governador proporia à Assembleia Legislativa a revogação imediata das benesses tributárias concedidas à Norsk Hydro, pelo crime perpetrado contra a natureza, aí entendida em seu sentido pleno, que compreende a espécie humana.

Estimadas em R$ 7,5 bilhões, em 15 anos (de 2015 a 2030), essas benesses são um escárnio, uma imoralidade, um criminoso desfalque contra o povo do Pará.

Sei que uma eventual revogação seria alvo de ação judicial contra o Estado e também sei que seriam enormes as chances de a gigante mineradora norueguesa - que controla quase toda a cadeia de alumínio em solo paraense - ter as suas benesses protegidas pelo Judiciário, em nome de uma tal segurança jurídica que sempre acolhe aos poderosos e atira os pobres à própria sorte.

Ainda assim, uma luta que vale a pena, se a alma dos que nos governam não fosse tão pequena e a sua omissão, tão grande quanto a mineradora.

Sobre e sob o solo paraense, as mineradoras fazem e desfazem, usam e abusam, mandam e desmandam, porque sobra tagarelice e falta autoridade política aos nossos governantes.
A Hydro está dispensada de pagar ao povo paraense cerca de R$ 500 milhões ao ano (mais de R$ 40 milhões ao mês), apenas pela energia que consome.

Uma parcela dessa farra tributária vai parar em contas de campanha eleitoral, legal e ilegalmente.

Uma parcela pequena em comparação ao tamanho da benesse, mas, por certo, muito maior do que valem os farristas tributários.

A Hydro tem uma gigantesca dívida com o Pará.

Não estivessem as “otoridades” comprometidas até o último fio de barbicha com essa bandalheira, a Hydro seria obrigada a pagar essa conta, com juros e correções.

A irresponsabilidade e a ganância podem ter sido letais, porque muitos dos nossos irmãos podem morrer em consequência dessa contaminação.

O adoecimento e a morte de pessoas inocentes faz dos nossos governantes, coautores, cúmplices.

*Presidente da Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco).

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