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Cidade das Mangueiras com poucas áreas arborizadas

Belém do Pará, capital do segundo maior estado do país e muito conhecida por seus rios, ilhas e matas, chegando a ganhar o título de Portal da Amazônia, por servir de entrada à região. Apesar de realmente se localizar à beira da Baía do Guajará e ser rode

Belém do Pará, capital do segundo maior estado do país e muito conhecida por seus rios, ilhas e matas, chegando a ganhar o título de Portal da Amazônia, por servir de entrada à região. Apesar de realmente se localizar à beira da Baía do Guajará e ser rodeada por bosques e florestas, dentro dos limites da cidade, no entanto, o verde está cada mais cinza.

“Parece que quanto mais os anos passam, menos árvores têm na cidade”, critica Dirce Figueiredo, 50, enquanto passeava pela Praça da República, uma das poucas ainda arborizadas da cidade. “As nossas mangueiras estão ficando velhas e ninguém está cuidando delas. É preciso mais empenho das autoridades e também do povo”, comenta.

Moradora da avenida Magalhães Barata, ela diz que há árvores sem manutenção e em aparente definhamento perto de casa. “Sinto falta de mais lugares agradáveis e arborizados, em que a gente possa passear, andar de bicicleta e ter momentos de lazer. Às vezes parece que a gente só vive para trabalhar”, lamenta.

O consultor de moda Tafarel Silva, 26, também reclama, não apenas da falta de espaços verdes na cidade, mas também da falta de manutenção dos que já existem. “A gente precisa de mais. Em certos pontos da cidade, ver uma árvore é quase uma surpresa”, diz.

Tafarel cita a avenida Augusto Montenegro como exemplo. Após a área conhecida como Mata da Marinha, não há ao longo da via nenhum espaço arborizado para a população. “E os que têm não são preservados. São espaços importantes, não só para o meio ambiente, mas para a própria população, para servir de abrigo, de lazer, passeio. Tudo isso”, completa.

URBANISMO

A conselheira federal do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), Alice Rosas, explica que área verde, para o urbanismo, são áreas com cobertura vegetal, sem pavimentação e com arborização. Ela esclarece que áreas com grama sem arborização não são consideradas áreas verdes, como é o caso de algumas praças de Belém, que possuem mais pavimentação e monumentos do que árvores. Já como bons exemplos de espaços verdes da capital paraense, a arquiteta cita a Praça da República, recém-reformada, e a Praça Batista Campos.

A especialista garante que o papel da arborização é fundamental para o meio urbano, que costuma ser muito pavimentado, cheio de edificações e reflexão de calor. “O papel principal da árvore é amenizar o microclima das áreas, sombrear o passeio dos pedestres, no caso da arborização viária, e gerar áreas permeáveis”, esclarece, citando os recuos frontais das casas e quintais.

Rosas orienta que as pessoas evitem pavimentar seus quintais e que preservem as árvores e plantas das áreas. “Isso ajuda na drenagem urbana e na manutenção de um microclima agradável, principalmente em Belém, onde os índices pluviométrico são altos e as temperaturas elevadas”.

PARA ENTENDER - COMUNIDADE

- Segundo a arquiteta Alice Rosas, não é difícil transformar uma área abandonada em um espaço verde de lazer.

- Ela diz que a própria população pode se organizar e buscar orientação técnica da Prefeitura ou de um profissional da área de arquitetura ou engenharia florestal.

- Alice cita o Manual de Arborização que pode ser encontrado no site da Prefeitura de Belém, com orientações técnicas sobre os critérios de como plantar, onde, quais espécies e outras instruções.

A Praça da República é um espaço que precisa de maior cuidado (Foto: Fernando Araújo)

Especialista diz que não há manutenção e nem orientação

A conselheira federal do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), Alice Rosas, ressalta que a arborização de Belém ainda está muito abaixo do ideal e que o principal problema enfrentado pela cidade é a falta de manutenção e de orientação. Ela esclarece que, para se implantar uma árvore em uma via, existe uma série de condicionantes que precisam ser seguidas. “A calçada tem de ser larga, para que a árvore não obstrua a passagem. O porte da árvore tem de ser levado em consideração, para não causar interferência na passagem de pedestres, de veículos, na fiação aérea”, orienta.

Segundo a arquiteta, até a escolha da espécie de árvore é importante. “Belém já deixou há muito tempo de ser a Cidade das Mangueiros e hoje se tornou a Cidade dos Ficus”, comenta a especialista, em alusão à espécie de árvore mais comum de ser vista hoje nas ruas de Belém, mas que não é adequada às vias urbanas. “Ela é uma árvore de grande porte e que tem a raiz muito agressiva. Então ela estoura a pavimentação da calçada, eleva o nível da área, pode interferir na rede de drenagem e até invadir tubulações”, alerta.

Sobre a falta de espaços verdes em Belém, ela explica que muito se deve à falta de planejamento de expansão urbana e ao crescimento espontâneo. “Quando as pessoas ocupam os espaços, elas ocupam o máximo possível e pouco sobra para as vias e calçados. Como arborizar?”, questiona. Rosas critica ainda o setor imobiliário que prefere devastar para construir do que fazer projetos que aproveitem a vegetação local. “É uma incoerência porque a gente está na Amazônia, temos uma convivência estreita com a natureza, mas estamos negando espaço para ela”, critica.

Outro problema apontado pela conselheira é a falta de manutenção dos espaços existentes. “Quando não é feita de forma adequada, esses locais acabam virando áreas residuais, que ficam abandonadas e viram lixões ou áreas perigosas”, afirma.

(Arthur Medeiros/Diário do Pará)

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