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Precisamos ter ideias mais flexíveis em relação ao amor

Era uma vez uma líder de torcida que se apaixonou pelo técnico do time de futebol. Assim que ela se formou, ele a pediu em casamento e os dois tiveram duas lindas e saudáveis filhas. Para uma delas, Mandy Len Catron, o relacionamento dos pais representa

Era uma vez uma líder de torcida que se apaixonou pelo técnico do time de futebol. Assim que ela se formou, ele a pediu em casamento e os dois tiveram duas lindas e saudáveis filhas. Para uma delas, Mandy Len Catron, o relacionamento dos pais representava a história perfeita. Mas não era: quando entrou na vida adulta, os pais se separaram e, ela, que estava em um relacionamento no qual não tinha certeza se queria estar, começou a questionar tudo o que sabia sobre amor. A pesquisa sobre o assunto toma vida no livro How to Fall in Love with Anyone: A Memoir in Essays (Como se Apaixonar por Qualquer Pessoa: Memórias em Ensaios), publicado em inglês no início de 2017.

Atualmente professora de escrita da Universidade da Colúmbia Britânica em Vancouver, no Canadá, a escritora parte de suas próprias experiências para investigar o que a história, a cultura e a ciência têm a dizer sobre relacionamentos humanos. “Sempre tive interesse no amor”, escreve ela por e-mail à GALILEU. “Mas passei a pensar nele como uma prática. Isso significa que podemos decidir como praticá-lo e com quem.”

O ensaio que dá nome à coletânea fez com que a “prática” da escritora ficasse conhecida mundialmente em questão de dias: durante um encontro com um colega em 2014, ela decidiu recriar com ele um experimento que supostamente faria um se apaixonar pelo outro. Trata-se de um questionário de 36 perguntas (entre elas, “se você pudesse jantar com qualquer pessoa, viva ou morta, quem seria?” e “como você acha que vai morrer?”) criado pelo cientista Arthur Aron e que, segundo o próprio, já causou participantes a até se casarem. Catron relatou sua experiência em uma coluna The New York Times e o texto rapidamente se tornou um dos mais compartilhados na história do jornal.

O grande interesse no texto só confirmou o que a escritora suspeitava: as pessoas não conseguem resistir a um romance ou à uma fórmula para conquistá-lo. Veja o que mais ela descobriu sobre o assunto durante a produção de seu livro:

Por que decidiu estudar o amor?
Sempre tive interesse no assunto. Acho que isso tem a ver com o fato de que o amor fazia com que eu sentisse que não tinha nenhum poder ou controle quando era menina: era frustrante ter que ser passiva e esperar pela atenção e validação dos meninos e, ainda assim, querer essa validação. Acabei escrevendo o livro que gostaria que o meu eu de 20 anos tivesse lido.

O que faz com que uma história de amor chame a nossa atenção?
Muitas coisas, mas principalmente duas: a primeira é que as melhores histórias de amor nos passam uma sensação de pertencimento e validação — as pessoas boas são recompensadas por sua bondade, o amor é dado àqueles que o merecem. A segunda é que algumas pesquisas sugerem que histórias de romance ativam os sistemas de recompensa do cérebro, o que significa que, de acordo com a neurologia, assistir à uma comédia romântica faz com que nossos cérebros respondam como se nós estivéssemos nos apaixonando. É intoxicante...literalmente.

A sua própria experiência acabou viralizando na internet, fazendo com que muita gente entrasse em contato com você. Qual foi a pergunta que mais te fizeram desde então?
No começo as pessoas só queriam saber se eu ainda estava em um relacionamento com o homem sobre quem escrevi na coluna. Agora costumam me perguntar como fazer o amor durar. Não falo muito sobre isso no livro porque não considero que essa seja a pergunta mais importante sobre o assunto, apesar de achá-la bastante interessante. Durante minha pesquisa aprendi que não há garantias no amor. Você pode fazer o seu melhor e ainda assim um relacionamento pode acabar. Em vez de pensar em como fazer o amor durar, acho que ganharíamos mais mudando de mentalidade, deixando de ver o fim de relacionamentos como um fracasso, e dando mais valor para outros tipos de relações: as de curto prazo, as poligâmicas e as complexas estruturas familiares.

Em How to Fall in Love with Anyone, você fala bastante sobre a importância de desmistificar os relacionamentos amorosos. Qual foi a principal lição sobre amor e relacionamentos que você aprendeu durante o processo de escrita do livro?
Terminei o projeto com a sensação de que, ao mesmo tempo que o amor é uma parte diferente das nossas vidas, ele pode surgir de diferentes formas. E todas essas experiências amorosas são válidas. Passei a ver o amor mais como uma escolha ou prática: a de oferecer algo de mim a outra pessoa. Pensar no amor como prática significa que podemos decidir como praticá-lo e com quem. Prefiro essa ideia do que a de que tenho que ficar sentada esperando esse grande sentimento me arrebatar.

Um dos ensaios do livro é dedicado a explorar as diferentes formas como cada geração aborda relacionamentos. Nunca foi tão fácil conhecer alguém como hoje: basta baixar um aplicativo e dar alguns cliques. Como você avalia esse momento e os comportamentos que surgem a partir dele?
Essa é uma pergunta difícil! Com mais escolhas há mais expectativas. Os aplicativos mediam nossas experiências de forma que sejamos menos responsáveis uns com os outros. Furar um encontro de última hora ou deixar alguém falando sozinho não são considerados problemas. Achei isso bem complicado. No mundo ideal, nós lidaríamos com sites e apps de namoro com uma mente mais aberta e menos expectativas, mas sei que isso é mais fácil de falar do que de fazer, e essas acabam sendo experiências exaustivas emocionalmente. Acho que a melhor abordagem é encarar a paquera como algo sazonal: quando você estiver motivado, pode se jogar nessa atividade, e quando cansar, encerra a estação. Você tira uma folga e continua com a sua vida dedicando energia em conexões significativas com pessoas que já conhece e ama. Para mim, essa é uma boa forma de manter a sanidade.

Qual conselho você daria para alguém que quer se apaixonar?
Sou relutante em dar conselhos. Sempre sinto que não sei o suficiente da situação de alguém para lhe dar boas informações. Mas o conselho que daria à minha versão mais nova seria ter ideias mais flexíveis em relação ao amor: encontre formas de criar laços com as pessoas e buscar a gentileza e a generosidade nos outros. E se amor se desenvolver dessas conexões, maravilha. Acredito que relacionamentos íntimos são o que dão significado para as nossas vidas, mas eles podem aparecer em diferentes formas. Nossa cultura tende a só validar o comprometimento monogâmico de longo prazo. Isso é bom, mas é só uma forma de praticar o amor.

Fonte: Revista Galileu

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