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Simão Jatene usa a máquina do Estado para eleger a filha

Os irmãos Izabela e Alberto Jatene são privilegiados. Podem não terem nascido em berço de ouro mas, já adultos, não podem se queixar da generosidade do pai, o governador do Pará, Simão Jatene. São várias as situações em que os filhos do governador se dera

Os irmãos Izabela e Alberto Jatene são privilegiados. Podem não terem nascido em berço de ouro mas, já adultos, não podem se queixar da generosidade do pai, o governador do Pará, Simão Jatene. São várias as situações em que os filhos do governador se deram bem com a ajuda do genitor caridoso, seja ao privilegiar o filho Beto - como Alberto é conhecido- na venda de combustíveis de seus postos aos veículos do Governo ou dando para a sua filha cheques em branco para sentar na mesa e negociar com os prefeitos, em nome do Governo. Isso com a campanha eleitoral se aproximando.

Izabela deve postular uma vaga na Câmara dos Deputados. Até então desconhecida do público, a professora licenciada da Universidade Federal do Pará (UFPA) assumiu uma posição destacada no PSDB. Está presente nos eventos do partido e fica ao lado do pai nas cerimônias oficiais. Mesmo nos que não relacionam à sua pasta, a Secretaria Extraordinária de Municípios Sustentáveis. No primeiro semestre circulou pela Alepa um pedido de autorização de empréstimo de US$ 153,4 milhões (quase R$ 500 milhões) destinado ao Programa Municípios Sustentáveis que acabou não vingando na época.

EMPRÉSTIMO

Mas, chegou o fim do ano e a base aliada aprovou não apenas esse - com correção de valores para US$ 100 milhões-, como também outro empréstimo, no valor de R$ 595 milhões, junto ao Banco do Brasil, de modo que ambos fiquem sob a tutela de Izabela e sua pasta. Ela começará 2018 tendo quase R$ 1 bilhão na sua secretaria. É grande a insatisfação da base aliada do Governo com os recursos concedidos à Izabela e com a atuação junto aos municípios sem respeitar as lideranças políticas aliadas. A Assembleia só entra em recesso na próxima semana e, antes do apagar das luzes, poderá ser votado o polêmico projeto de lei do Executivo que tenta perdoar as dívidas previdenciárias acumuladas em mais de R$ 16 bilhões pelos municípios paraenses.

Detalhe: o PL 251/2017, que cria o Programa de Ajuste Fiscal dos Municípios do Estado do Pará, além de praticamente condenar o Instituto de Gestão Previdenciária do Estado do Pará (Igeprev), será coordenado pela Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa) e pela Secretaria Extraordinária de Estado de Municípios Sustentáveis, comandada por Izabela Jatene. Já externado por deputados da oposição na Alepa nas últimas semanas, o receio é de que tudo não passe de estratégia eleitoral para que ela consiga um cargo legislativo ao qual deve concorrer.

Segundo os parlamentares, Izabela usará o perdão das dívidas para negociar apoio dos prefeitos do interior para sua campanha à Câmara dos Deputados. O trunfo será colocado em prática tão logo o projeto seja aprovado na Alepa. A pressa de Jatene em ver a PL aprovada tem uma razão: ele fica no cargo até o final de março de 2018, quando vai se desincompatibilizar do cargo, já que tentará uma vaga ao Senado. Com o poder da caneta em mãos, ele corre contra o tempo para ajudar a filha a negociar apoios para sua candidatura.

“Izabela terá pelo menos R$ 2,5 bilhões para dispor e negociar com os prefeitos agora em 2018, em obras, asfalto. É como se o Governo estivesse, na verdade, nas mãos dela”, alerta o deputado estadual Iran Lima, líder do PMDB na Alepa.

Os cargos de izabela

Mesmo sem experiência administrativa, Izabela Jatene sempre ocupou posições de destaque nas gestões do pai, Simão Jatene. Mestra e professora universitária, passou a não estar somente em sala de aula a partir de 2004, quando a Fundação ProPaz foi criada, então como um programa vinculado à Casa Civil. Não demorou para que ela assumisse a coordenação da frente criada sob a justificativa de atender pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Era à frente do Propaz que a filha do governador estava quando foi flagrada, em 2011, em uma conversa telefônica com o hoje secretário de Estado da Fazenda, Nilo Noronha, que se configurou em um dos maiores escândalos de tráfico de influências dos últimos tempos. Izabela pedia a Nilo que desse a lista das 300 maiores empresas do Estado para “começar a buscar esse dinheirinho deles”.

A gravação só apareceu em 2014 por causa de uma operação da Polícia Civil, que investigava um crime ocorrido no interior do Estado.

Ao final de 2015, após extinguir oito secretarias sob a justificativa de que o Estado precisava conter gastos, Jatene criou a Secretaria Extraordinária de Integração de Políticas Sociais. A pasta nunca teve a função muito bem explicada, mas foi assumida por Izabela que, por sua vez, teve sua remuneração definida em R$ 21 mil mensais.

Em abril deste ano, ela foi nomeada secretária extraordinária de Estado de Municípios Sustentáveis. A partir daí, começaram a aparecer as tentativas de dotar Izabela de uma influência ainda maior do que ela já possuía pelos cargos e pelo sobrenome.

Filho de Jatene já foi preso pela PF

Beto Jatene foi preso no final de 2016 sob acusação de ter participado de esquema fraudulento (Reprodução/Facebook)

Já o advogado Alberto Jatene foi indiciado pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa. Ele está sendo investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) em inquérito que corre em segredo de Justiça.

Beto Jatene chegou a ser preso na Operação Timóteo, da Polícia Federal (PF), no final do ano passado, sob acusação de ter participado de esquema de desvio de recursos. As investigações sobre o caso mostram que o filho do governador teria recebido pelo menos R$ 750 mil por intermediação de contratos fraudulentos dentro do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM).

De acordo com a PF, Beto Jatene intermediava contratos fraudulentos para exploração mineral no intuito de conceder vantagens ao grupo criminoso.

Beto Jatene chegou a ser preso no final de 2016, mas foi solto graças a um habeas corpus concedido pelo Tribunal Regional Federal (TRF).

OPERAÇÃO

A Operação Timóteo ocorreu em 11 estados e no DF. A organização criminosa, de acordo com a PF, agia junto a prefeituras para obter parte dos 65% da chamada Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) repassada aos municípios.

Ainda conforme os investigadores, munidos das informações, os suspeitos entravam em contato com municípios que tinham créditos do CFEM junto a empresas de exploração mineral para oferecer seus serviços.

As investigações da Operação Timóteo apontam que a suposta organização criminosa era dividida em, pelo menos, quatro grandes núcleos. Beto Jatene faria parte do núcleo político, formado por políticos e servidores públicos responsáveis pela contratação dos escritórios de advocacia integrantes do esquema.

Segundo o relatório da PF, contratos fraudulentos com prefeituras eram usados para desviar recursos de arrecadação da mineração. Para isso, eram usados empresas e escritórios de advocacia.

Combustível

  • Beto Jatene também é acusado de ter sido beneficiado no chamado “Esquema Beto Card”, de venda de combustível a órgãos do Governo do Estado.
  • O lucro dele chegou a R$ 5 milhões. Jatene aceitou que os postos de combustível do filho participassem da licitação.
  • Parte da frota da Polícia Militar era abastecida em postos de combustíveis dos quais Beto é ou foi sócio. O Governo do Estado contratou uma empresa, a Equador, que através do sistema de cartão gerenciou o abastecimento da frota do Estado.
  • Hoje, o Governo não faz abastecimento direto, e credencia os postos. Um dos postos arrendados ao filho do governador foi o segundo que mais abasteceu a frota, explicou o procurador de justiça Nelson Medrado, na época da descoberta do escândalo. “O MP entendeu que esta relação fere o princípio da moralidade, sendo ele filho do governador, tanto que depois da investigação ele não abastece mais o Estado”, disse Medrado.
  • Beto é assessor jurídico do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas dos Municípios do Pará.

(Diário do Pará)

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