Especialista desvenda mistério da fumaça na Grande Belém

Um fenômeno natural agravado pela falta de chuvas e pelo alto nível de poluição. Essa é a explicação do Instituto Nacional de Meteorologia para as cortinas de fumaça que têm invadido Belém e regiões metropolitanas nos últimos meses. De acordo com José Raimundo, coordenador do instituto, a tendência é que a fumaça diminua consideravelmente com a chegada do período de chuvas.

“Detectamos a presença de um tampão nos altos níveis da atmosfera. Esse tampão faz com que toda poluição produzida por nós, desde a fumaça de um cigarro até as que saem das descargas dos automóveis, fique retida aqui, na parte inferior da atmosfera, e isso se agrava ainda mais com a falta de chuva e de ventos”, explica o meteorologista paraense.

Esse tampão que retêm a poluição, fenômeno também conhecido como ‘Smog’ em outros países, faz com que os termômetros da capital disparem, chegando a índices inéditos há décadas. Como se a poluição já não fosse grave o suficiente, surgem também problemas causados pelo aumento das temperaturas.

“Um dos agravantes da formação deste tampão é a radiação do sol, que chega direto na superfície, fazendo com que a temperatura dispare. Ontem Belém registrou marcas que não alcançava há mais de 60 anos”, conta José Raimundo.

PREVISÃO POSITIVA

Para quem possui problemas respiratórios o caso é ainda mais grave e existe urgência por uma solução. O Inmet informou a reportagem do DOL que a tandência é que a fumaça diminua consideravelmente com a chegada do período de chuvas, que possuem o efeito purificador no ar.

“A previsão é que tudo mude a partir desta terça-feira (05). Amanhã a chuva já chega e purifica todo esse ar poluído retido aqui, eliminando esse tampão. Daqui para frente a tendência é aumento de chuva e consequentemente o fim dessa fumaça”, prevê o coordenador.

A reportagem também entrou em contato por telefone com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), que informou ter consciência do problema que atinge a região. O órgão admite que falta de chuvas têm agravado a situação, mas aponta uma outra causa: as queimadas promovidas em toda Grande Belém.

"A Semma atua fiscalizando. Temos promovido operações para combater as queimadas, que contribuem muito para esse ar poluído", explica Reginaldo Sanches, diretor do departamento de controle ambiental da secretaria.

Questionada sobre os métodos de regulamentação e fiscalização das empresas que geram grande quantidade de monóxido de carbono, a Semma informou que atua em todo o processo de licenciamento e fiscalização. "Existe um processo longo para uma empresa comprovar que está dentro da lei, e nós fiscalizamos isso", conta Reginaldo.

(Igor Wilson)