Canais de Belém se tornaram verdadeiros depósitos de lixo

O acúmulo de lixo, entulho e todo tipo de sujeira à beira e dentro dos canais em Belém é um problema antigo. A comunidade e o DIÁRIO denunciam constantemente a situação que prejudica a vida da população, mas o poder público pouco tem feito para mudar essa realidade. Somente na capital paraense, são pelo menos 100 km de extensão de canais distribuídos em 14 bacias hidrográficas. Grande parte deles está situada no centro de Belém, cortando vários bairros e vias de alto fluxo de veículos, como o canal São Joaquim, Água Cristal, Visconde de Inhaúma e Gentil Bittencourt. E, com a chegada do período das chuvas mais intensas, o desespero aumenta. “Morar aqui é péssimo. A gente tem de conviver com lixo, mau cheiro, ratos, urubus...”, comenta a dona de casa Edna Barbosa, 56. Ela mora há 22 anos na passagem Santa Rosa, em frente ao canal Água Cristal, bairro da Marambaia. “Sempre foi assim: o carro do lixo passa toda semana, mas não é suficiente. Todo o lixo doméstico e entulho vão para a beira do canal. Quando é muito, cai para dentro”, conta.

Veja mais imagens que mostram a situação dos canais de Belém.

No cenário apontado por Edna é possível encontrar sacolas de lixo doméstico, amontoados de caroços de açaí, restos de animais, material de construção, móveis quebrados, madeira quebrada, galhos de árvore, além de pneus e vasos sanitários. Essa é a realidade em todos os canais.

O problema tem sido tão grave que o lixo tem invadido os rios porque as muretas estão cedendo, como no canal da avenida Visconde de Inhaúma, trecho entre as travessas Humaitá e Vileta. “A coleta de lixo passa somente uma vez por semana e os próprios moradores jogam aí porque não têm para onde levar”, conta o morador Kleber Cravo, 21.

Quem trafega pela avenida Gentil Bittencourt, entre as ruas Barão de Mamoré e Guerra Passos, em Canudos, precisa redobrar a atenção, pois a inclinação no asfalto provoca riscos. “Se a chuva for forte, o canal transborda e cobre essa parte que está cedendo”, alerta a autônoma Beny Negrão, 57.

RESPOSTA

A Prefeitura de Belém diz que o descarte irregular de lixo e entulho em áreas de canais é um problema de “falta de educação e cidadania por parte de um grupo de pessoas que insiste em depositar lixo nesses locais”. De acordo com a Prefeitura, os 100 km de canais geram um gasto de R$ 24 mi por ano aos cofres públicos para retirar o lixo das áreas onde não deve ser depositado.

(Michelle Daniel/Diário do Pará)