Trânsito de Belém é um dos piores do Brasil

Há seis anos, o motorista de ônibus Jeferson Lobato, 45, levava no máximo 1 hora e 50 minutos para fazer uma viagem completa da linha Pedreira-Lomas. Hoje, essa volta não leva menos que 2 horas e 25 minutos – fora dos horários considerados de pico. O percurso que o coletivo precisa seguir é o mesmo em todos os anos. “A cada dia parece que tem mais carros na cidade”, observou o rodoviário.

E não é somente o aumento da frota de veículos que ocasiona a demora que o motorista enfrenta todos os dias no trânsito de Belém. “A gente passa por cruzamentos mal sinalizados, áreas inseguras e algumas ruas esburacadas”, apontou Jeferson.

As observações do motorista de ônibus são as mesma que vários outros condutores fazem sobre o trânsito na capital paraense. Com tantos transtornos presentes nas vias da cidade, Belém ocupa o quarto lugar no ranking das cidades brasileiras que possuem o pior trânsito para dirigir, atrás apenas de Florianópolis (SC), Manaus (AM) e João Pessoa (PB). É o que mostra um levantamento feito pelo Waze, que possui 90 milhões de usuários ativos em 185 países do mundo. A pesquisa, que faz parte do Índice de Satisfação dos Motoristas 2017, foi feita em 217 cidades de 39 países e leva em consideração a experiência dos motoristas que dirigem nestas cidades onde o aplicativo de mobilidade urbana funciona.

Uma curiosidade sobre a pesquisa do Waze mostra que o trânsito em cinco cidades do interior de São Paulo apresentou os melhores tráfegos para os motoristas, enquanto Belém ainda não conseguiu melhorar em diversos pontos.

CRITÉRIOS

A pesquisa mede a satisfação e opinião dos usuários utilizando 6 critérios: nível de trânsito (quão frequentes e ruins são os congestionamentos), segurança nas vias (acidentes, condições climáticas), qualidade das vias, serviços ao motorista (acesso a postos de gasolina e opções de estacionamento), fator econômico e social (acesso a carros, aumento ou redução dos preços da gasolina) e “Wazyness”, que representa o quão boa é a rede de usuários do aplicativo em termos de ajuda aos motoristas.

Pelo menos quatro pontos analisados pelos motoristas explicam o motivo de Belém apresentar um índice tão ruim. Um deles é a qualidade das vias e de infraestrutura urbana. São muitas ruas cheia de buracos, lama e com falhas na sinalização de trânsito.

A MAIORIA DAS VIAS DA CAPITAL OFERECE MÁS CONDIÇÕES PARA OS MOTORISTAS

Um exemplo de via em condições precárias em Belém é a avenida Augusto Montenegro, por onde passam moradores dos distritos de Icoaraci e Outeiro e que precisam se deslocar para o centro. O local está um canteiro de obras, mas os trabalhos na pista seguem com morosidade.

Outro ponto da pesquisa verifica a frequência dos congestionamentos, que no caso da capital paraense são imprevisíveis. O rodoviário Jeferson Lobato ressaltou que todo dia enfrenta engarrafamentos. “E o pior é que, quando o trânsito começa a engarrafar, o estresse entre os motoristas aumenta. Começam as atitudes imprudentes, os acidentes e tudo contribui para o trânsito fluir com lentidão”, relatou.

O número de acidentes, por sinal, também foi avaliado pela pesquisa sobre trânsito no País.

(Denilson d'Almeida/Diário do Pará)