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Viviane Mosé diz que é preciso refletir em um tempo de conceitos fluidos

Para assitir aos seus cursos de filosofia, nomes conhecidos da TV, como Letícia Sabatella, Drica Moraes e Camila Morgado fazem fila. Isso já há alguns anos. Ainda assim, a filósofa, psicanalista, escritora e poeta Viviane Mosé diz que se supreende quando

Para assitir aos seus cursos de filosofia, nomes conhecidos da TV, como Letícia Sabatella, Drica Moraes e Camila Morgado fazem fila. Isso já há alguns anos. Ainda assim, a filósofa, psicanalista, escritora e poeta Viviane Mosé diz que se supreende quando alguém a reconhece na rua, já que a tal fama não fazia parte de seus sonhos como acadêmica. O interesse tão cresecente das pessoas pela filosofia, diz ela, é reflexo desse “momento extremamente dificil na sociedade, não só no Brasil, mas no mundo inteiro”, no qual as pessoas ainda estão aprendendo a viver um novo mundo, repleto de aparatos tecnológicos e redescobertas.

“A gente saiu de uma sociedade onde todos os lugares estavam marcados e todo mundo sabia o que fazer. A gente sabia o que era um homem, o que era uma mulher, o que era uma criança, o que era uma vó, o que era um trabalho. Mas com a revolução tecnológica – e isso desrespeito a uma infinidade de coisas – tudo isso se desfez. Então a gente está revendo inclusive a sexualidade, o gênero, estamos revendo as relações humanas e esse período de transição é muito difícil”, diz ela.

Depois de uma entrevista concedida ao Você, Viviane subiu ao palco para uma palestra na Super Norte, feira dedicada ao público supermercadista. Ali, facilmente adaptou o que conversava com a reportagem à realidade empresarial. Isso porque, segundo ela, as mudanças estão em todos os ambientes e exigem basicamente o mesmo: aprender a conviver em rede, reaver quem somos e como queremos seguir com nossas vidas.

“Eu conheci no ‘Encontro’ (programa da Fátima Bernardes, do qual a filósofa é participante frequente) uma menina de oito anos que com um blog sustentava a família inteira. Mas ela deixou de ser criança? Não. Ela ainda precisa de colo, de uma mãe. Conheci um professor que o aluno o informou que a formula ensinada por ele estava defasada. O professor deixou de ter seu lugar? Não. Ele sabiamente passou a ensinar os demais com o apoio desse aluno e viu o interesse deles crescer por matemática. O que as pessoas precisam nessa hora é voltar a pensar. É a hora do pensamento, da reflexão, de reavaliar tudo”.

Tais mudanças, diz ela também são as causadoras de situações como a violência, a angustia, quando as pessoas não conseguem lidar esse mundo novo. “A gente tem uma sociedade muito desintegrada e isso a gente vê no mundo inteiro com o terrorismo, a corrupção, o alto índice de suicídio entre os jovens. Mas eu digo que no momento em que tem um prédio caindo, tem um prédio nascendo. Você pode olhar o mundo pelo lado horroroso ou pensar que novas possibilidades surgem todos os dias. Você precisa refletir que caminhos quer tomar e por isso a filosofia é tão importante e pode ajudar”.

Em suas publicações na rede, Viviane compartilha pensamentos não apenas filosóficos, mas também poéticos (Foto: Marco Nascimento)

Filosofia e poesia podem mostrar o valor da vida

Outro grande auxílio, ao menos na vida de Mosé, ela conta, foi a poesia. “A poesia vem primeiro de tudo. Eu aprendi ela antes de ler, gostava do som das palavras. Eu nunca estive sem fazer poema e isso porque tenho uma sensibilidade exacerbada. Eu poderia ser uma pessoa medicada, em situação muito difícil, mas desde pequena venho de uma família que gosta de arte, de ir ao teatro, ouvir música. E o que é a poesia na minha vida? É a minha voz desesperada, minha voz angustiada, feliz, minha voz mais íntima”, diz ela.

Através das muitas publicações que faz em rede, compartilha tais pensamentos, não só filosóficos, mas poéticos. Ela diz que o grande intuito é que com essa voz mais poética que tem consiga falar com as pessoas, “qualquer coisa que seja”. “Não morra, não sofra, não se automutile, a vida vale a pena, isso é uma crise da cultura você merece ter sua vida. A gente precisa tirar o mundo desse buraco e acho que a filosofia e a poesia juntas podem nos mostrar que vale a pena viver”, diz ela.

Por isso, para encerrar a conversa, ela recita o trecho de um de seus poemas, em que fala: “Eu descobri que a palavra não sabe o que diz.. A palavra delira, a palavra diz qualquer coisa/ A verdade é que a palavra nela mesma, em si própria não diz nada/ Quem diz é o acordo estabelecido entre quem fala e quem ouve/ Quando existe acordo existe comunicação/ Quando esse acordo se quebra ninguém diz mais nada, mesmo usando as mesmas palavras”. Para ela, não custa nada lembrar que se as pessoas conversam e estabelecem uma rede de apoio e não de segregação e desigualdade, o novo prédio de que nasce pode ser muito melhor do que o velho a cair.

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

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