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Fugindo da fome na Venezuela, índios pedem esmolas no centro de Belém

Do pouco que sabe sobre a sua presença em Belém, a indígena venezuelana Maricele Pierre, 22 anos, conta que está na capital há 2 semanas, pedindo esmolas e passando a noite em uma pensão no centro comercial da cidade, por R$25. Sentada na calçada da rua 1

Do pouco que sabe sobre a sua presença em Belém, a indígena venezuelana Maricele Pierre, 22 anos, conta que está na capital há 2 semanas, pedindo esmolas e passando a noite em uma pensão no centro comercial da cidade, por R$25. Sentada na calçada da rua 15 de Novembro ela, que é da tribo Warao, amamenta seu filho de apenas 1 mês e meio, enquanto estende a latinha pedindo moedas para garantir o alimento do dia. Mesmo diante da incerteza do que fazer daqui pra frente, ela agradece por encontrar no Brasil comida e água.

Fugindo da crise econômica e política da Venezuela, muitas pessoas, assim como Maricele estão cruzando as fronteiras em busca de alimento, água e paz. Dentro do território brasileiro, elas chegaram em Belém vindas dos estados do Amazonas e Roraima. A porta de entrada é o porto da Praça do Pescador, no Ver-o-Peso, no centro comercial, que está sendo habitado pelos indígenas.

São homens e mulheres, incluindo crianças e idosos, que encaram condições precárias de 5 a 6 dias de viagem de barco, em busca de uma vida melhor em Belém. Os indígenas, que conhecem poucas palavras em português, armam suas redes na feira do Ver-o-Peso, pedem esmolas ou ficam em pensões com pouca infraestrutura.

Ana Tipone espera a chegada do seu marido e dos outros três filhos. (Foto: Fernando Araújo/Diário do Pará)

AJUDA

Maricele Pierre pagou R$300 para chegar à capital, vinda de barco de Manaus, onde deu à luz ao seu filho. Quando o menino completou duas semanas, ela embarcou para Belém. “Aqui tem comida, água, muita gente boa”, conta a índia do Delta do Orinoco, no nordeste da Venezuela, que veio commais 22 parentes. “Está vindo mais pessoas. O meu marido já está no barco”, diz. Na capital, ela foi levada pela polícia ao Consulado do seu País. Porém, não foi acolhida e voltou às ruas. Satisfeita por ter comida ela, contudo, tem medo da violência.

Ainda na 15 de Novembro, a situação se repete. Ana Tipone fica em frente a uma loja com o filho de apenas 2 anos no colo. Os outros 3 e o marido ainda não conseguiram chegar a Belém. À noite ela fica no Ver-o-Peso junto com outros indígenas. “O bebê dela chegou com uma alergia no rosto. Demos remédios, e ela usa nosso banheiro”, explica Rosângela Gonçalves,30, vendedora.

Com o olhar desconfiado e receoso, a idosa Loça Latta - ela não sabe a sua idade-, fica na calçada da rua Ocidental à espera de ajuda. Diferente das outras indígenas, ela viajou sem família para Belém. Sua entrada ao Brasil foi pela cidade de Pacaraima, em Roraima, de onde seguiu até Manaus, e seguiu de barco para a capital paraense. “Belém tem água, muita fruta para comer”.

“QUERO TRABALHAR, AJUDAR A MINHA MULHER”

Esmaelito sonha com um emprego. (Foto: Fernando Araújo/Diário do Pará)

Roraima e Amazonas são as cidades que mais abrigam os venezuelanos no País. A prefeitura manauara decretou em maio, situação de emergência social e pediu ajuda ao Governo Federal para abrigar os venezuelanos. Os índios contam que na capital vizinha há muita oferta de transportes fluviais para Belém.

A média de preço das passagens de barco é de R$200 a R$300 por pessoa. Enquanto mulheres pediam esmolas ontem, homens reparavam as sacolas com os poucos pertences, na Praça do Pescador. Os adolescentes faziam bijuterias. Esmaelito, 65, trabalhava como carregador de mercadoria na Venezuela. Hoje, está em Belém em busca de oportunidades. “Quero trabalhar, ajudar minha mulher que está pedindo dinheiro”. Enquanto o emprego não chega, os venezuelanos aguardam seus conterrâneos desembarcarem na capital. “Está vindo mais um barco cheio. Deve chegar em 3 dias”, afirmou ele, que há 3 dias está em Belém.

Venezuelanos precisam de ajuda para se manter em Belém. (Foto: Fernando Araújo/Diário do Pará)

AçÃO JUDICIAL PEDE A INSTALAÇÃO DE ABRIGOS

O Ministério Público Federal (MPF), a Defensoria Pública da União (DPU) e a Defensoria Pública do Estado (DPE) entraram na Justiça com ação que pede decisão urgente para garantir abrigo emergencial aos venezuelanos. Segundo os órgãos, desde julho, 51 indígenaspermanecem em Belém.

A ação foi ajuizada na última sexta-feira contra a União, a Fundação Nacional do Índio (Funai), o Estado do Pará, o Município de Belém e a Funpapa. Destes órgãos, a Funpapa se manifestou, afirmando que a instituição não foi notificada sobre a ação judicial.

CHEGADA

De acordo com o consulado da Venezuela, outros 26 Warao podem chegar nos próximos dias. Já segundo a Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do Amazonas, seriam 82 indígenas.

(Roberta Paraense/Diário do Pará)

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