Pará está entre os piores em competitividade no País

O completo descaso do Governo do Estado nas áreas de segurança e educação renderam ao Pará mais uma posição negativa. Em um ranking de 2016, que envolve os dois quesitos, e compara a competitividade de todos os Estados da Federação, elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), em parceria com a Tendências Consultoria e a Economist Intelligence Group, o Pará ficou em 20º lugar em segurança pública e em 25º em educação. Na classificação geral, o Pará ficou em 21º, entre os 26 estados mais Distrito Federal, com a nota de 36,9, numa escala de 0 a 100. Além disso, piorou uma posição em relação ao ano anterior.

FALÊNCIA

Para fazer a avaliação, o estudo considerou 66 itens da administração pública, constituindo uma importante ferramenta para a avaliação de como os Estados brasileiros são administrados. Com performance abaixo da média nacional em praticamente todos os pilares analisados, o Estado evidencia a falência das políticas públicas locais. O estado pegou o 24º lugar em Infraestrutura – com destaque para o acesso a telefonia, em que levou nota Zero – e ainda ficou em 23º lugar em Sustentabilidade Social e em Sustentabilidade Ambiental.

Mas, segundo os coordenadores da pesquisa, Segurança e Educação foram os quesitos que mais puxaram para baixo o desempenho local, por terem peso maior na avaliação. A questão da violência, para a instituição, é o que melhor evidencia falhas do Estado. “A segurança pública é a variável que melhor expressa o funcionamento das instituições do Estado, visto que a construção da ordem e a proteção aos direitos individuais, ao longo de toda história, se mostraram essenciais para um ordenamento virtuoso para o desenvolvimento. A segurança pública, no limite, é a dimensão que separa os países com equilíbrio virtuoso para o desenvolvimento dos chamados “Estados falidos”, destaca a análise do CPL.

Segurança Pessoal

Entre os itens que compõem o pilar da segurança pública, estão a segurança patrimonial, segurança no trânsito e segurança pessoal. No quesito segurança pública, o Pará teve nota de 26,7 numa margem de 0 a 100 e, especificamente em segurança pessoal, ficou em 25º lugar.

Estado não possui agenda prioritária de políticas públicas

”É um sistema de segurança pública falido”, afirma o professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) Assis da Costa Oliveira, lamentando o alto índice de criminalidade no Estado paraense, resultado, no seu entender, da inexistência de uma agenda prioritária de políticas públicas de prevenção ao crime. “Falta planejamento e integração entre as áreas de segurança, promoção social e educação”, diz ele, convencido de que predomina no Estado a visão do encarceramento, com foco no pós-crime. “Tão pouco há política de acolhimento a vítimas da violência no Pará”, afirma o professor, especialista em assuntos de cidadania e justiça social.

Para ele, baixos investimentos em capacitação e inteligência são fatores que contribuem para a impunidade e mau desempenho do sistema, incapaz de promover a ressocialização. Por trás das estatísticas do medo no Pará está na opinião do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado (AL) deputado Carlos Bordalo, a falta de políticas públicas voltadas à promoção social e à valorização da cidadania. “Vivemos a política da vulnerabilidade, num processo de favelização de cidades, como Belém, Marituba e Ananindeua, terrenos férteis para roubos, tráfico de drogas, contrabandos e demais crimes”, afirma ele.

(Kelly Lima e Lívia Ferrari)