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Em palco giratório, companhia apresenta teatro com engajamento

A construção das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia, e a complexa realidade que surge no entorno dessas obras chamou atenção do diretor teatral Rodrigo Vrech, que morava no Rio de Janeiro e decidiu mudar-se para a capital, Porto Ve

A construção das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia, e a complexa realidade que surge no entorno dessas obras chamou atenção do diretor teatral Rodrigo Vrech, que morava no Rio de Janeiro e decidiu mudar-se para a capital, Porto Velho, para entender melhor esse contexto. Surgiu o desejo de montar uma peça que falasse sobre o lado humano e as consequências sociais desse tipo de empreendimento. Então, surgiu “Lete”, que estreou em 2013 e desde então tem sido apresentada pela companhia que se formou, inclusive, pela ocasião da montagem, a Beradera Companhia de Teatro. A peça será apresentada em Belém neste sábado, 9, às 19h, no Sesc Boulevard, e dia 13, às 19h30, no Sesc Castanhal, dentro da programação do projeto Palco Giratório, com entrada gratuita. Ainda pelo projeto, o grupo também apresenta o espetáculo “Saga Beradera” e ministra uma oficina em Castanhal.

“Na peça (Lete), a gente também pega casos mais atuais e faz um paralelo com outros ciclos econômicos desde a implantação da Estrada Madeira-Mamoré, o período de extração da borracha, o intenso garimpo de cassiterita. Estes períodos têm muitos elementos em comum do que a gente vivencia com as hidrelétricas atualmente, por vermos como as cidades se transformam a partir desses ciclos. Em 2012, eu morava no Rio de Janeiro, sou de lá, e fui ministrar oficina em Porto Velho. Fiquei tão impactado que senti vontade de, além de fazer a peça, morar também em Rondônia, onde fiquei por três anos”, conta Rodrigo Vrech.

A peça foi fruto da premiação Myriam Muniz de Teatro, concedida pela Fundação Nacional de Artes (Funarte), para montagem e circulação de espetáculos, e apresenta uma cidade fictícia onde se desenrolam acontecimentos que poderiam ter ocorrido em qualquer cidade próxima a um grande projeto de intervenção na paisagem da região amazônica. “Lete” fala sobre a questão humana e esquecimentos - além de tratar também da própria questão do pertencimento, do homem em seu local e com suas raízes.

No palco, apenas quatro atores, que também são os narradores dessa história, se revezam para interpretar mais de 20 personagens na trama.

CONFLITO ENTRE RURAL E URBAN NO PALCO

Na peça “Lete”, um anúncio se fazia sobre as enchentes e o alagamento de áreas onde moram povos tradicionais, provocadas pela barragem do rio. Até que, em 2014, o fato se concretizou e houve uma cheia histórica, quando o rio Madeira transbordou, ultrapassando dois metros da última marca que havia sido registrada anteriormente, e provocou a inundação das comunidades. Por conta disso, um outro espetáculo foi montado, “Saga Beradera”, que também será apresentado na capital paraense no domingo, 10, às 18h, também com entrada gratuita.

O diretor Rodrigo Vrech foi até o distrito de Nazaré, para testemunhar a tragédia e conhecer a história contada no espetáculo. “Fomos até essa comunidade para entender e estudar como, através de seus laços culturais, mesmo com esse episódio, eles conseguiram manter sua população unida. Isso nos mostrou a própria identidade ribeirinha e como funciona essa cultura beradeira”, diz Vrech.

“Saga Beradera” traz um personagem principal baseada em um personagem real, conta o diretor. “Baseia-se no neto que nasceu em Nazaré e foi criado em São Paulo e vai tirar avô de lá e levá-lo para a metrópole, mas o avô está enraizado na cultura ribeirinha e não quer sair de lá, porque percebe que seu modo de vida está vinculado ao local. Então, a peça fala desse choque entre o rural e o urbano”, diz o diretor.

Ainda como parte da programação da passagem da Beradera Companhia de Teatro pelo Pará, o grupo realiza a oficina “Jogo, Presença e Centelha de Vida”, na terça-feira, 12, em Castanhal. A atividade vai abordar as dinâmicas cênicas da trupe, com base em conceitos do autor britânico Peter Brook, que atua como diretor de cinema e teatro. Também serão realizados exercícios práticos sobre o acionamento e controle das emoções a partir do mecanismo do rasabox (uma espécie de treinamento psicofísico) e das técnicas do pointview.

“É uma oportunidade também da gente expandir o contato com público e dialogar sobre nosso conteúdo teórico e prático, e apresentar mais nossos trabalhos. Do Brook, vem nossa referência de encenação, que trabalhamos nas peças, com o mínimo de elementos e trabalho focado no ator e no texto, com pouco cenário e figurino. Também vamos falar sobre a ideia do espaço vazio e a centelha de vida. A gente se apropria desses conceitos como ferramenta que prepara o ator para lidar com tempo e espaço dentro da perspectiva do ator-criador”, explica Rodrigo Vrech. (DG)

PALCO GIRATÓRIO

Turnê da Beradera Companhia de Teatro

Espetáculo "Lete"
Quando: sábado (9), às 19h.
Classificação: 12 anos

Espetáculo "Saga Beradera"
Quando: domingo (10), às 18h.
Classificação: 12 anos
Onde: Centro Cultural Sesc Boulevard (avenida Boulevard Castilhos França, 522/523 - Belém)
Quanto: entrada franca

Oficina "Jogo, presença e centelha de vida".
Quando: 12/9, das 9h às 12h e das 15h às 18h.
Classificação: 16 anos
Inscrições: gratuitas, até dia 11/9
Onde: Sesc Castanhal
Informações: (91) 3721 2294

(Dominik Giusti/Diário do Pará)

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