Marituba tem outro lixão, mas clandestino, localizado a 10 minutos do centro da cidade

Um lixão clandestino localizado no bairro de Santa Lúcia, em Marituba, na Grande Belém, é conhecido como “Bota Fora” por moradores das proximidades. O lixo que fica localizado na oitava rua fica a menos de 10 minutos do centro daquele município.

De acordo com Raimundo Moreira, de 44 anos, cerca de meia hora antes da equipe de reportagem chegar ao local, um caminhão branco, como a logomarca da Prefeitura de Marituba estava fazendo o despejo de lixo no terreno. “Aqui era um ‘curvão’, onde era tirado aterro e depois só ficaram os buracos”, explica o morador, que cria porcos para vendê-los nas feiras da cidade. É nesses mesmos buracos, segundo o aposentado José Maria Oliveira, de 56 anos, que são jogados diversos tipos de lixo. “Cavalos e cachorros mortos, entulho e lixo doméstico. Tudo é jogado aqui”, reclama ele, que também mora na comunidade, onde existem mais de 30 casas e cerca de 120 pessoas.

Seu José Oliveira disse que esta situação existe há 11 anos, com o despejo de resíduos de segunda a sexta-feira e finais de semana, quando são mais frequentes. “São carros da Prefeitura de Marituba que jogam esse lixo”, afirma. A situação degradante tem afetado a saúde da população que mora ali. São crianças, idosos e até adultos passando mal por causa do lixão. Foi o caso da dona de casa Andreza Soares, de 22 anos. “Minha filha de 1 ano e 2 meses estava com o corpo cheio de coceira da água”, relatou.

A administradora Érica dos Reis, de 36 anos, trabalha em Belém durante o dia e retorna apenas à noite. Mesmo assim, diz que se sente incomodada pelo mau cheiro do local. “O odor, a poluição e o mau cheiro prejudicam muito a qualquer hora.Enjôo, falta de ar, é isso tudo que a gente sente. O lençol freático já está contaminado”, afirma.

José Oliveira conta que a comunidade, além de conviver com o mau cheiro, ainda tem de comprar água mineral. Lençól freático estaria contaminado (Foto: Antônio Melo)

Resultado de exame da água nunca foi divulgado para a comunidade

O seu José Oliveira confirma o que diz Érica dos Reis e conta que a Prefeitura de Marituba doou 39 garrafões de 5 litros para a comunidade. Mas depois que essa água mineral acabou, os moradores tiveram de comprar mais garrafões.

Uma equipe da Secretaria de Saúde, de acordo com ele, passou nas casas da comunidade informando que estavam fazendo análise da água e por isso entregaram os garrafões, no dia 21 de junho desse ano.

Apesar disso, ninguém da comunidade foi informado sobre o resultado dos exames. “A gente sustenta a família com o dinheiro da aposentadoria. Tem que pagar luz, água e mais o cursinho do meu filho que faz curso pro vestibular”, reclama seu José.

O lixão clandestino do bairro de Santa Lúcia é mais uma dor de cabeça para a população de Marituba, que já realizou protestos por causa da presença de um aterro sanitário no município.

(Wal Sarges/Diário do Pará)