Padroeiro dos condutores, São Cristóvão recebe homenagens

Na Igreja Católica, São Cristóvão é considerado o padroeiro dos motoristas, taxistas e viajantes. Ele tinha uma estatura alta, que o permitia guiar as pessoas nas caminhadas por dentro dos rios, daí nasceu a crença. A história conta que o santo transportou o menino Jesus no colo e tem a missão de proteger os condutores. Em Belém, as homenagens ontem, no seu dia, iniciaram com uma missa no Santuário de Fátima. Em seguida, a imagem de Cristóvão percorreu as ruas da capital, em cima de um carro aberto, na 104ª procissão.

Há 22 anos, Francisco Neto trabalha como taxista. Durante esse tempo na profissão, ele garante nunca ter visto uma crise como a deste ano. “Precisamos de fé para continuar. E este é o momento de agradecer e pedir proteção”, destaca.

PREJUÍZOS

O trabalhador acredita que a recessão econômica e a proliferação de aplicativos de transportes são algumas das causas para a queda no número de corridas. A falta de respeito e imprudência no trânsito também estão entre as dificuldades atuais dos condutores lembradas por Neto.

Celebrada pelo monsenhor Raimundo Possidônio, a missa reuniu cerca de 150 fiéis. Durante o sermão, ele relatou fatos da vida de São Cristóvão e lembrou o significado do seu nome: ‘Aquele que carrega Cristo’. “Precisamos ter consciência das atitudes no trânsito, prudência e responsabilidade para não perdermos vidas”, norteou. O ponto alto da celebração foi a bênção nas chaves dos veículos levadas ao altar pelos motoristas.

Lucro dos taxistas teve queda de 50%

Por volta das 9h30, cerca de 150 veículos, entre carros particulares e táxis, seguiram na tradicional procissão pelas ruas da capital paraense. O percurso de quase duas horas terminou na sede do Sindicato dos Taxistas de Belém do Estado do Pará (Stabepa), no bairro do Telégrafo, onde a imagem do santo fica durante o ano todo. Com o encurtamento do percurso da procissão, que até 2016 seguia do Santuário ao distrito de Icoaraci e o número de fiéis inferior às edições anteriores, o motorista particular Mário Martins, 48, pede que a tradição de mais de um século não se acabe. “Entendemos que é julho, mês de férias, e muitas pessoas estão viajando. Mas é importante que a fé não diminua”, argumenta.

FROTA

Na capital, hoje há 5.400 carros de praça e oito mil taxistas. O presidente do sindicato, Alain Castro, ressalta que em meio às dificuldades, onde 50% da arrecadação dos profissionais caíram desde janeiro deste ano, o dia de São Cristóvão é uma data de renovação da fé. “Todos os anos agradecemos as bênçãos e a proteção dele neste trânsito caótico”, conta.

(Roberta Paraense/Diário do Pará)