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Advogada criminalista fala sobre psicopatia

Eles povoam o imaginário, além de despertar curiosidade e medo. Na vida real, os psicopatas tantas vezes retratados nas telas do cinema, não tem nada de glamourosos. É o que afirma a advogada criminalista paraense Nachara Palmeira Sadalla, 40 anos. Ela ac

Eles povoam o imaginário, além de despertar curiosidade e medo. Na vida real, os psicopatas tantas vezes retratados nas telas do cinema, não tem nada de glamourosos. É o que afirma a advogada criminalista paraense Nachara Palmeira Sadalla, 40 anos. Ela acaba de lançar o livro “Imputabilidade Penal e Psicopatia: A Outra Face no Espelho”. A obra é resultado da tese de doutorado da criminalista, que defende o fim de benefícios legais para criminosos portadores do transtorno. “O psicopata é completamente capaz de entender seus atos”, afirma. Nesta entrevista ao DIÁRIO, Nachara fala dos mitos e curiosidades que cercam esse tipo de personalidade e alerta: eles podem estar ao seu lado, sem que você perceba.

P:Como é que surgiu seu interesse por esse tema?

R:Surgiu no processo do meu doutoramento na Argentina. Em 2012, já fui com a convicção de que queria escrever sobre a personalidade antissocial e o meu orientador abraçou a ideia de escrever, não só para o público jurídico, mas para o público em geral.


P:Mas em que momento se deu o estalo para estudar esse tipo de personalidade?

R:Como criminalista há 17 anos, acabei trabalhando com várias personalidades desviantes. Em alguns casos, percebi clientes que tinham um comportamento inadequado. Isso me chamou a atenção. A psicopatia não está só no serial killer. Pode estar em muito mais pessoas.

P:O que caracteriza o perfil do psicopata?

R:A psicopatia não é uma doença. É um erro achar que se trata de pessoas doentes. Eu defendo na minha obra que o psicopata é completamente capaz de entender seus atos. São pessoas que não têm empatia. São manipuladoras, predadoras sociais. Se aproximam das demais com algum objetivo, não necessariamente matar. A sociedade associa em geral o psicopata com o homicida, mas pode ser, por exemplo, uma pessoa que você conhece na internet, por quem se apaixona perdidamente, que te faz acreditar que é a pessoa da sua vida e, num belo dia, depreda todo teu patrimônio.

P:Como se trata de um transtorno psicológico, é preciso haver um diagnóstico?

R:Com certeza. Não podemos olhar para uma pessoa e dizer: “olha tu és psicopata”. Tem de ter um especialista, um diagnóstico clínico.

P:O psicopata é sempre do mau?. Ou ele pode ser controlado para ser normal?

R:Pode ter um psicopata controlado, mas como ele não tem empatia, não consegue se colocar no lugar do outro. Estudando Neurociência, percebi que o cérebro é dividido em duas partes: o sistema límbico que é o esquerdo, responsável pela emoção e o córtex pré-frontal, direito, área da razão. O psicopata, segundo as pesquisas, tem uma falha na área da emoção. Já nasce com esse mau funcionamento. Então ele não tem afeto, mas tem entendimento. Pode matar, manipular e não vai sentir nada.

P:De que forma o ambiente pode contribuir para o reforço desse tipo de personalidade?

R:O fator comportamental é importante, porque se temos uma pessoa com essa dificuldade de afeto, criada em um ambiente hostil, isso pode aflorar mais cedo ou mais tarde.

P:Há certo glamour em torno do psicopata, especialmente no cinema. Como a senhora avalia isso?

R:Vejo de forma negativa. Meu livro quer justamente desmitificar isso. Mostrar que, muitas vezes, podemos estar convivendo com um inimigo oculto. Os psicopatas não são os monstros do cinema como Jason (personagem da série Sexta-Feira 13), mas é alguém que pode estar ao seu lado. Pode ser seu chefe que lhe manipula e pode ser seu marido.

P:Como lidar com esse tipo de pessoa?

R:Como ele não tem cura, o que eu defendo é que haja políticas públicas para identificar e controlar o problema desde cedo. Não tem o teste do pezinho? Então, defendo que tenha teste para psicopatia e, que a partir daí, haja incentivo à terapia cognitiva comportamental que traga, para esse indivíduo, um controle.

P:A senhora diz que o psicopata tem consciência dos seus atos, então, para a senhora, eles devem responder criminalmente como qualquer outro indivíduo?

R:No Brasil, o psicopata é visto como semi- imputável e a minha tese de doutoramento briga com isso. Estudei na Argentina e lá é ainda pior. Eles são considerados inimputáveis, ou seja são considerados doentes mentais. No Brasil, é considerado que o psicopata entende mais ou menos e, em razão disso, tem benefícios da lei. Se entendermos essas pessoas como doentes mentais, elas não terão penas. Apenas o que chamamos de medida de segurança. Ou seja, tratamento ambulatorial com remédios que não vão funcionar.

P:Então a senhora defende penas mais severas?

R:Na verdade eu defendo que ele seja considerado responsável pelos seus atos, como qualquer outra.

P:No dia a dia, como se proteger de um psicopata?

R:Existem alguns indícios que são justamente a manipulação, sedução, a falta de empatia.

P:E eles realmente são mais inteligentes que a média da população ?

R:Eu não diria que é mais inteligência. Se nós, dentro do padrão comum, temos emoção e inteligência, eles não têm a emoção e só sobra a razão.

P:A pessoa pode se tornar psicopata a partir da sua história de vida?

R:Não, a psicopatia não é adquirida. É um transtorno de personalidade antissocial. O que acontece é que ela pode demorar a se revelar. Um psicopata pode ter um lar amoroso, com harmonia, valores religiosos, mas em algum momento ele vai mostrar essa falta de afeto, porque não consegue entender o que é isso.

PSICOPATAS FAMOSOS NA TELONA

Hanniba

No filme “O Silêncio dos Inocentes”, Anthony Hopkins é Hannibal Lecter que tinha entre seus estranhos hábitos, o de matar e comer carne humana.

Anton ChigurhEm Onde os Fracos Não têm Vez, Javier Bardem interpretou um assassino. No filme, mata friamente quem se coloca no seu caminho.

Norman BatesNo filme Psicose, surgiu o mais famoso dos psicopatas dos cinemas, interpretado por Anthony Perkins e criado pelo diretor Alfred Hitchcock.


NO MUNDO REAL

Maníaco do Parque O motoboy Francisco de Assis Pereira ficou conhecido por estuprar e matar pelo menos 6 mulheres. Ele atraia as vítimas com falsas promessas de emprego e as levava para o parque do Estado, na região de Diadema, São Paulo.

Monstro da Ceasa

André Barboza ficou conhecido como ‘Monstro da Ceasa’ pelas mortes de três adolescentes ocorridas entre o final de 2006 e início de 2007, nas matas da Ceasa, em Belém.

Anjo Vingador

O técnico de informática Marcelo Lutierr Gomes Sampaio usava o codinome “Anjo Vingador” e, em 2005, atraiu uma jovem para seu apartamento, a partir de contatos feitos pela Internet. Lá, torturou e matou a jovem, deixando o corpo no container de lixo de um supermercado, também em Belém.

(Rita Soares/Diário do Pará)

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