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Jatene se trata em SP. Saúde agoniza no Pará...

Na última semana, o governador do Pará, Simão Jatene, foi submetido a um cateterismo para implantação de stent no coração, após exames detectarem problemas cardiovasculares. Mas, em vez de fazer o procedimento no próprio Estado que governa, Jatene foi ope

Na última semana, o governador do Pará, Simão Jatene, foi submetido a um cateterismo para implantação de stent no coração, após exames detectarem problemas cardiovasculares. Mas, em vez de fazer o procedimento no próprio Estado que governa, Jatene foi operado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Por outro lado, os paraenses não têm os mesmos privilégios.

Um exemplo é a agricultora Maria do Carmo Nascimento, 53 anos. A cada 3 meses, ela precisa desembolsar até R$ 300 para vir da zona rural de Capanema, nordeste paraense, a Belém, trazendo o jovem para fazer exames. O valor é usado para pagar o transporte particular que traz o seu filho, Alan Nascimento, 21, ao Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, no bairro da Pedreira. O jovem tem problemas cardíacos e se trata na instituição há quase 8 anos. A família vive com a renda de um salário mínimo.

ESPERA

Além da saga de ter de vir a Belém com frequência, a agricultora enfrenta outras dificuldades com o tratamento de Alan. “Marcam a consulta e, quando chegamos aqui (ao Gaspar Vianna), desmarcam. Ou passam de manhã para a tarde”, reclama Maria. Na quarta-feira, 14 de junho, eles chegaram ao hospital, mas tiveram de retornar ao seu município, sem fazer a consulta. “Alguém poderia ligar. Avisar que não teria atendimento, para não gastarmos esse dinheiro, que não temos”, sugere.

No local, foi remarcada outra consulta, para uma semana depois, pela manhã. Porém, novamente, adiaram para o período da tarde. “Temos de comprar comida e ficar dentro do carro, na quentura, esperando”, conta Maria. E a espera no tratamento de Alan não para por aí. O jovem, que atualmente toma remédio controlado - custeado também por sua família, aguarda há 1 ano pelo procedimento chamado de aplação por radiofrequência, que deve ser feito no mesmo local.

A cirurgia é definitiva no tratamento de arritmia. “A médica disse que é o mais eficiente para a doença e suspenderá o uso dos medicamentos”, lembra Alan, que atualmente não trabalha nem estuda, impossibilitado pela doença. “Eu estou na fila de espera, torcendo para eles me chamarem”, diz o rapaz. Já dona Maria espera ansiosa pelo procedimento para ver seu filho com saúde novamente. “Ele é frágil. Quando gripa, ninguém o atende em Capanema. Temos que vir pra Belém”, lamenta.

Sem investimentos, situação beira o caos

Alan é só mais uma vítima da situação crítica da saúde do Pará, que nem mesmo o governador Simão Jatene confia no atendimento médico, tanto que preferiu realizar exames e procedimentos cardíacos em um hospital particular de São Paulo. Uma conta paga pelo contribuinte paraense que, em contrapartida, depende do SUS, não tem atendimento médico adequado, espera meses por procedimentos e cirurgias eletivas, como as que foram feitas pelo governador.

Da atenção básica até o atendimento mais complexo, não importa a especialidade médica, o cidadão paraense convive com o descaso. Procurados, os hospitais que fazem cirurgias eletivas cardíacas no Pará não informaram quantos pacientes estão na fila à espera de cirurgias que podem salvar vidas.

FALTA TUDO

E, como já é comum na gestão estadual, o cumprimento de metas da área de Saúde em 2016, fixadas no Plano Pluarianual (PPA) 2016/2019, não foram cumpridas. E o próprio governo admite em relatório dos resultados do PPA (ver box ao lado). Apesar de justificarem que a execução do orçamento para a Saúde atingiu R$ 1,29 bilhão no ano passado, os valores não se refletiram em investimentos em novas unidades de saúde, atendimento médico e hospitalar e de combate a doenças, entre outros.

“A situação é caótica. Há déficit de leitos, faltam medicamentos e materiais básicos, como gaze e esparadrapo”, ressalta o técnico em saúde Pedro Gonçalves, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde Pública do Pará (Sindsaúde). “Também não há segurança nas unidades de saúde, não há programas de capacitação de pessoal e o contingente de profissionais é cada vez menor por falta de concursos públicos”. “O caos é tanto que levou o hospital Ophir Loyola, em Belém, referência no tratamento oncológico, a ficar dois dias sem água, na semana passada”, lembrou.

Espera para exames eletivos é de 3 meses

Uma fonte do setor afirma que faltam mais hospitais para atendimento de cirurgias eletivas pelo SUS e que o hospital Beneficente Portuguesa concentra a fila de espera por atendimentos eletivos na área de cardiologia. Um cenário que se repete em outras especialidades médicas. “Muita gente depende do SUS e essa fila engrossou ainda mais com o desemprego e a impossibilidade de se manter um plano de saúde. No caso do governador, nós pagamos a cirurgia dele enquanto pacientes chegam infartando em emergências porque não há mais hospitais que atendam a cirurgias e procedimentos “, diz a fonte. Segundo o Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa) em unidades de saúde como o Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, a espera para exames eletivos é de, no mínimo, 3 meses. O DIÁRIO pediu explicações ao hospital Gaspar Vianna mas até o fechamento desta edição, não houve retorno.

(Lívia Ferrari e Erica Ribeiro)

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