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Monumento da Cabanagem está imundo e inseguro

Morador da rua Mariano, no Entroncamento, em Belém, o aposentado Celso Alves Pereira, 77 anos, é obrigado a passar todos os dias pelo Monumento da Cabanagem, na entrada de Belém na rodovia BR-316. Mas a única obra do arquiteto Oscar Niemeyer em território

Morador da rua Mariano, no Entroncamento, em Belém, o aposentado Celso Alves Pereira, 77 anos, é obrigado a passar todos os dias pelo Monumento da Cabanagem, na entrada de Belém na rodovia BR-316. Mas a única obra do arquiteto Oscar Niemeyer em território paraense, em homenagem à Revolução Cabana, está em completo abandono. Moradores de rua tomaram conta do espaço, que é também palco de constantes assaltos e ponto de usuários de entorpecentes. “Aqui é um perigo. É sujo, pichado”,observa o idoso.

Celso lembra-se de quando o monumento de 15 metros de altura por 20 de comprimento, todo em concreto, estava sendo erguido. “Aqui servia de praça, as pessoas vinham para cá no fim da tarde. O lago funcionava”, conta. Atualmente, no local, há colchões e pedaços de papelões espalhados pela grama. As barras de proteção viraram varal de roupas, e o lago, que está seco, é usado como vaso sanitário. Ontem, um sofá sem acento estava no espaço. Até os refletores que iluminam o monumento estão cobertos por lençóis para impedir a claridadedurante a noite.

SEGURANÇA

A bióloga Veracilda Ribeiro, 48, também mora próximo ao monumento. Ela afirma que evita passar pelo local, com medo de ser abordada por meliantes. “Não se vê nenhum guarda municipal, nem policiais. É de dar pena ver isso assim”, critica Veracilda. Indagada sobre o que representa o monumento, a dona de casa Claudia Costa, 43 anos, responde: “Significa a Revolução Cabana, aqui do Pará”, diz. Mesmo passando pouco pelo local, já que mora em Ananindeua, ela reclama do abandono e da omissão do poder público municipal. “A prefeitura deveria cuidar mais. Isso faz parte de nossahistória”, completa.

Para ir à feira da Marambaia, o porteiro Aldernor Gomes, 51, que mora ao outro lado na BR-316, na passagem Nossa Senhora de Belém, tem de passar pelo monumento. Ele faz críticas sobre a construção do complexo, onde não há passarelas nem semáforo próximo para facilitar a travessia. Além de fazer malabarismo entre os carros, ele também procura desviar dos moradores de rua. “Nunca mexeram comigo, mas puxam as sacolas, principalmente de mulheres e idosos”, conta.

Inaugurada pelo ex-governador do Pará e atual senador Jader Barbalho, em 1985, que contratou Oscar Niemeyer, a rampa elevada em direção ao céu representa a grandiosidade da revolta cabana.

O QUE DIZ A PREFEITURA

A Fundação Papa João XXIII (Funpapa) informa que ainda ontem encaminhou uma equipe de abordagem social até o local para oferecer os serviços da assistência. A Funpapa ressalta que realiza o resgate frequente de pessoas em situação de risco ou de abandono nas ruas de Belém.

A Funpapa esclarece, no entanto, que não tem a atribuição de retirada compulsória das ruas, ou seja, contra a vontade destas pessoas. O trabalho de abordagem social desenvolvido pela fundação tem como objetivo sensibilizar e convencer o morador em situação de rua a aceitar um atendimento especializado. Já a Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) mantém equipe fixa para limpeza do Monumento da Cabanagem e entorno. A varrição é feita diariamente e todo lixo é recolhido em seguida. Com relação à segurança, a Guarda Municipal faz rondas no entorno em apoio ao trabalho da Polícia Militar.

(Roberta Praense/Diário do Pará)

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