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Maiorana: envolvimento com contrabando de armas

É como diz o velho ditado: “Tal pai, tal filho”. O contrabando na “famiglia” Maiorana passa por gerações. Tudo começou bem lá atrás, na primeira metade do século passado, com o patriarca Rômulo Maiorana, que iniciou sua fortuna por meio de uma atividade b

É como diz o velho ditado: “Tal pai, tal filho”. O contrabando na “famiglia” Maiorana passa por gerações. Tudo começou bem lá atrás, na primeira metade do século passado, com o patriarca Rômulo Maiorana, que iniciou sua fortuna por meio de uma atividade bastante comum na época:o contrabando de armas.

O primogênito Rômulo Maiorana Júnior não negou a origem e deu continuidade ao legado do pai, só que de maneira mais sofisticada e envolvendo um volume bem maior de recursos: o contrabando de aeronave de luxo, crime tributário pelo qual responde na Justiça Federal junto ao crime de coação à servidora da Receita Federal que descobriu e denunciou o esquema da fraude milionária na aquisição de uma aeronave nos Estados Unidos.

Na página 10 da edição de 14/03/1957 do jornal “O Globo”, o jornalista José Leal publicava mais um artigo da série que escrevia sobre o contrabando no Pará. No texto em questão tratou sobre o contrabando de armas. O jornalista se mostrava surpreso com a notícia de que em Belém estavam sendo vendidos revólverescontrabandeados.

CONVERSA

Um homem chamado Paulo Freire mostrou ao jornalista, no Grande Hotel do Rio de Janeiro, uma arma calibre 32. Indagado por José Leal onde adquirira tal arma, Freire disse que um amigo seu havia trazido a arma dentro de “uma partida de 100” dos Estados Unidos. Mais tarde, Paulo apresentou esse amigo ao jornalista: era Rômulo Maiorana, homem descrito por José Leal como “bem vestido, insinuante, delicado e, pelo que pude deduzir de suas primeiras palavras, muito ladino”.

O artigo narra que Rômulo era dono de uma agência de propaganda em Belém. Pernambucano de nascimento, mas morando em Belém, onde fazia a coluna social do matutino “O Liberal”’. Na conversa, o patriarca dos Maiorana confessou ao jornalista “que regressara havia pouco dos Estados Unidos e resolvera trazer armas, máquinas de escrever, rádios, etc. Mas não disse como desembarcaraessas mercadorias”.

Artigo publicado por "O Globo". (Foto: Arquivo)

REVÓLVERES ERAM TRANSPORTADOS DO EXTERIOR

“A verdade é que Rômulo Maiorana se tornou contrabandista de revólveres para o Brasil. Ali, naquele momento mesmo, disse-me que da partida trazida restavam apenas 53 revólveres que estavam à minha disposição pelo preço de 9 mil cruzeiros cada um. Respondi-lhe que o preço era muito alto. Ia passar um telegrama para determinada pessoa no Rio e, no dia seguinte, lhe comunicaria a minha decisão. A verdade, leitores, é que Belém foi inundada de revólveres. Podia-se comprar uma arma na calçada dos hotéis, no bar, na rua, sem o conhecimento da polícia, que nenhuma providência tomou, embora sabendo quem os trouxera e quem os estava vendendo”, disse o jornalista José Leal, em seu artigo. Segundo ele, as armas contrabandeadas chegavam por meio de aviões vindos do exterior e que pousavamem Val-de-Cans.

NEGÓCIOS

A notícia do jornal “O Globo”, um dos maiores jornais do País e que integra as Organizações Globo, cuja programação é transmitida aqui no Pará pela TV Liberal, de propriedade da família Maiorana, mostra de que forma começaram os negócios do clã Maiorana no Estado do Pará e de como o patriarca da família ganhava a vida e fez fortuna na década de 50 do século passado.

De dia era um reles colunista de jornal. À noite, percorria os ambientes mais sofisticados da cidade das mangueiras oferecendo armamento contrabandeado. Com os lucros da contravenção ficou rico e, mais tarde, com a ajuda de pessoas influentes, compraria o jornal “O Liberal” e a TV Liberal.

E o filho não foge à regra: na sua vida social, Maiorana Jr. costuma frequentar cassinos fora do País e andar de lancha pela baía com amigos da alta roda. Nos momentos de folga, arma sórdidos esquemas envolvendo contratos fraudulentos pagos com verbas públicas, com o apoio do governador Simão Jatene e, de quebra, contrabandeia aeronave do exterior para fugir do fisco federal. É o contrabando passando de geração a geração no Pará.

Ainda segundo o jornalista José Leal, as armas contrabandeadas chegavam por meio de aviões vindos do exterior e que pousavam em Val-de-Cans. “... quando chega ao fim da pista, justamente no momento de fazer a curva e taxiar rumo a estação de passageiros, o comandante que sabe da história e ganha a sua parte, acelera os motores do aparelho, que já está com a portinhola aberta. Nessa ocasião a aeromoça, que também faz parte da quadrilha, tem apenas o trabalho de empurrar com um dos pés o caixote com 100 ou 200 revólveres. Ninguém ouve o barulho do choque da caixa com o solo por causa do ronco dos motores. Dentro do mato estão escondidos os homens encarregados de transportar os pequenos volumes para um jipe, que some na estrada que vai para a cidade”.

(Diário do Pará)

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