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Policiais atiraram e festejaram, diz testemunha

O depoimento aos Ministérios Públicos Federal (MPF) e Estadual (MPE) de um sobrevivente da chacina ocorrida na Fazenda Santa Lúcia, no município de Pau D’Arco, na última quarta-feira (24), é assombroso. Segundo o homem (cuja identidade é mantida em sigilo

O depoimento aos Ministérios Públicos Federal (MPF) e Estadual (MPE) de um sobrevivente da chacina ocorrida na Fazenda Santa Lúcia, no município de Pau D’Arco, na última quarta-feira (24), é assombroso. Segundo o homem (cuja identidade é mantida em sigilo pelo MPF), as 10 pessoas assassinadas no local não tiveram chance de se defender. Foi execução sumária. De acordo com o depoimento, elas teriam sido mortas apenas por estarem no acampamento, e não por serem objetos de mandados de prisão, como diz a versão do Governo do Estado.

O sobrevivente afirma, por exemplo, que a Polícia Militar (PM) já chegou atirando (leia ao lado). O relato, tomado um dia após o crime pelo procurador da República Igor da Silva Spíndola e pelo promotor de Justiça e Erick Fernandes, parece roteiro de filme de terror, com muita violência física, xingamentos e mortes. No local há 2 meses, o sobrevivente contou que havia 28 pessoas na fazenda, quando a Polícia chegou, por volta de 7h da manhã. Ao perceber a chegada dos policiais, o grupo tentou se esconder no matagal.

A testemunha também afirmou aos promotores que na saída dos policiais do local da chacina, “ouviu gritos e gargalhadas, como se estivessem festejando” o resultado da operação.

Agressões e ofensas

Como chovia, eles abriram uma lona no meio da mata e ficaram acampados. De acordo com o sobrevivente, que levou um tiro de raspão na cabeça, antes de conseguir fugir para o meio do mato, ele identificou membros do Grupo Tático Operacional da Policia Militar (GTO), que gritavam: “É a polícia, porra! Quem correr morre!”. Ele garante que não houve reação por parte dos agricultores e que, mesmo ferido, conseguiu se esconder e pôde ouvir o resto da ação. Informou, ainda, que escutava xingamentos e chutes que os policiais desferiram nas pessoas que ficaram no acampamento. Em seguida, ouvia tiros e toda a cena se repetia.

Em alguns momentos, os polícias gritavam: “Vira pra cá, vagabundo. Cadê os outros?” Segundo o sobrevivente, a ação da Polícia durou 2 horas. Ele disse que havia armas no local, como espingardas e um fuzil, mas que não foram usadas, pois o grupo não teve tempo de reagir. Todo o depoimento foi acompanhado também pelo advogado José Batista Gonçalves Afonso, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Marabá. Existe, ainda, outro sobrevivente, que levou um tiro no quadril e está internado no Hospital de Redenção sob proteção da Justiça. Mas seu depoimento ainda não foitomado pelo MP.

Entenda o conflito

A fazenda Santa Lúcia tem 3.500 hectares e está ocupada desde 2012 por diversos movimento de sem-terra, incluindo a Liga dos Camponeses Pobres do Pará, de onde são oriundas as 10 vítimas da chacinado último dia 24.Há aproximadamente um mês foi executada uma ação de reintegração de posse, mas os camponeses voltaram a ocupar o local, o que culminou com a morte, no último dia 30 de abril, do vigilante Marcos Montenegro.

Munidos de mandados de prisão num processo que até ontem corria sob segredo de justiça. Na segunda-feira, 22, a polícia tentou chegar na Fazenda para cumpri-los, mas teria sido impedida por barricadas feitas pelos sem-terra. Eles voltaram na madrugada do último dia 24 à fazenda e o resultado foram 10 mortos, sete de uma mesma família.

CPT diz que Jatene é responsável por mortes

Para a CPT, Jatene peca por omissão e incompetênciaricardo amanajásNa avaliação da Comissão Pastoral da Terra (CPT), os policiais cometeram um novo massacre de trabalhadores, como o ocorrido no município de Eldorado do Carajás, próximo a Pau D’Arco. Para a CPT, o grande culpado pela tragédia é o governador Simão Jatene, que, segundo a instituição, “peca por omissão e incompetência”.

A chacina de Pau D’Arco aconteceu pouco depois de o governador trocar o comando da PM, cujos policiais que participaram da ação são acusados de terem realizado execuções sumárias de 10 agricultores e já foram afastados. “Estamos indignados. Foi mais um desastre da polícia contra a vida dos trabalhadores. Um novo massacre”, afirmou o padre Paulo da Silva, assessor da CPT no Pará. Ele lembra que os conflitos no campo têm sido permanentes no Estado governado por Jatene.

“A segurança pública, que deveria proteger as pessoas, causou mais 10 mortes de inocentes. Vamos exigir providências”, afirma. Durante esta semana, as investigações sobre o caso continuam.

(Mauro Neto/Diário do Pará)

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