Sem estrutura, policias deitam no chão em quartel

Casos de assaltos e roubos no Complexo do Ver-o-Peso, principal cartão -postal de Belém, são comuns de acontecerem diariamente. O problema traz reflexos para quem mora na cidade, trabalha na feira e também para quem apenas vem conhecer os encantos, cheiros, cores e sabores do “Veropa”. Infelizmente, essa realidade assusta. Provoca medo. No entanto, quem costuma cobrar do policiamento rondas ostensivas e mais segurança para o Ver-o-Peso talvez nem saiba que até os militares estão enfrentando dificuldades para exercer as suas atividades no local. E o problema envolve logística e ambiente de trabalho decente e adequado.

Imagens feitas com exclusividade pelo DIÁRIO mostram que o Posto da PM que funciona no prédio do Mercado de Ferro do Ver-o-Peso está em condições precárias. Ali, os policiais não têm um alojamento para descansar durante o intervalo da jornada. Eles deitam no chão, sob esteiras, em um espaço improvisado e reservado. Quando chove tudo fica molhado em virtude das goteiras que existem por causa de buracos no telhado.

Ao redor do prédio e no próprio posto policial a fiação elétrica está exposta e quando a maré atinge os níveis mais altos a água invade o posto. “A gente trabalha num ambiente parecido ao da Guarda Municipal, mas eles ainda contam com condições melhores que as nossas”, comentou um oficial militar que teve a identidade preservada.

Nas imagens, retratos de abandono do quartel. (Foto: divulgação)

Segundo a Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiros Militar (ACSPMBM-PA), os problemas que ocorrem no posto policial do Ver-o-Peso não são casos isolados ou que se registram somente na Região Metropolitana de Belém. No interior do Pará, as condições de trabalho para os policiais militares estão ainda mais precárias do que na capital. “Se dentro de Belém, no Ver-o-Peso, que é o cartão-postal que a gente mais vende, as coisas estão ruins, imagine como está a situação da PM em municípios distantes da capital”, reforçou o presidente da ACSPMBM-PA, o cabo PM Edivan Silva.

Ele apontou como exemplo de situação degradante a atual condição em que se encontra o quartel do 15º Batalhão de Policiamento Militar de Itaituba, no sudoeste paraense. “Parte do prédio já foi interditada pelo Corpo de Bombeiros e a reforma não foi feita”, denunciou o cabo Silva.

Também não há previsão sobre alguma possível benfeitoria a ser feita no prédio. Detalhe: a necesidade é urgente. Fotos feitas por diretores da associação, e que foram cedidas ao DIÁRIO, comprovam que a estrutura do prédio do quartel está comprometida em vários pontos. Em alguns espaços é possível ver a fiação elétrica exposta e em várias salas o teto (de laje) ameaça desabar a qualquer momento, podendo atingir alguém.

A estrutura do quartel está depredada em diversos pontos. (Foto: divulgação)

“A nossa gestão e a anterior já protocolaram vários documentos reivindicando melhorias e reformas nas unidades onde atuam policiais militares e nada foi feito”, ressaltou o cabo Silva. Ele também acrescentou que reuniões já foram feitas com o Comando Geral da PM e com a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), mas nenhuma destas audiências trouxe as melhorias que a associação e os militares pedem.

“O que ocorre na maioria dos postos policiais é que o militar tira dinheiro do próprio bolso para melhorar o local de trabalho”, frisou o presidente da associação da PM e BM.

“Para quem é deslocado de Belém para o interior precisa ingressar na Justiça para poder receber a gratificação por interiorização, porque o Estado não quer pagar”, desfechou o cabo PM Silva.

(Denilson D'Almeida/Diário do Pará)