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Pais devem acompanhar vida digital dos filhos

Um jogo macabro, popularizado via redes sociais, vem tirando o sono dos pais nos últimos meses: O desafio da “Baleia Azul”. A popularidade do jogo que surgiu provavelmente na Rússia (ninguém sabe ao certo), mas se espalhou pelo mundo, chamou a atenção mai

Um jogo macabro, popularizado via redes sociais, vem tirando o sono dos pais nos últimos meses: O desafio da “Baleia Azul”. A popularidade do jogo que surgiu provavelmente na Rússia (ninguém sabe ao certo), mas se espalhou pelo mundo, chamou a atenção mais uma vez para os perigos que crianças e jovens correm no fascinante e imprevisível mundo virtual.

Como lidar com tantas novidades de maneira segura? Uma das autoridades brasileiras na área de comportamento infantojuvenil, o consultor educacional Ricardo Chagas, 38 anos, tem larga experiência no assunto. Ele começou os estudos para tentar acompanhar o filho mais velho, hoje com 15 anos, se tornou palestrante e atua como consultor da Polícia em investigação de crimes que envolvem a Internet. Nesta entrevista, Chagas fala sobre jogos, séries de TV e recomenda: fique atento ao conteúdo a que seus filhos têm acesso nas redes.

P: O jogo Baleia Azul trouxe à tona o tema delicado do suicídio e muitos pais ficam em dúvida: abordar ou não esse tema com as crianças e adolescentes?
R: Pedimos sempre aos pais que se limitem a responder o que for perguntado. Principalmente no caso de crianças, onde o assunto “Baleia Azul” possa ainda não ter chegado. Para os adolescentes que já tiveram contato com o tema, orientamos explorar, incansavelmente, o esclarecimento sobre a figura do aliciador. O criminoso em questão exerce um poder enorme, deixando o adolescente completamente indefeso, tornando-o uma vítima em potencial.

P: Mas como abordar um tema tão delicado?
R: A calma, com toda a certeza, é a melhor ferramenta para iniciar um esclarecimento eficiente. Muito cuidado com as notícias que “viralizam” por meio de comunicadores instantâneos. Quase sempre são falsas e acabam atrapalhando o processo pedagógico do esclarecimento. A conversa deve ser firme e responsável. Não relativize questões. Jamais considere seu filho imune a tal ofensiva. Reitero a questão do aliciamento. No Brasil o jogo “Baleia Azul”, tem um caráter de aliciamento. Centenas de grupos são criados, diariamente, no Facebook e whatsapp, incitando a participação de jovens, que num segundo momento, acabam alimentando tais “curadores” com suas fotos e vídeos pessoais. O objetivo do “jogo” no Brasil é aproveitar-se do caos e gerar mais caos e produtos (fotos, vídeos, etc.) para o comércio criminoso de tráfico humano e pedofilia.

P: A que sinais nas crianças e adolescentes os pais devem ficar alerta?
R: Os principais sinais que devem ser levados em consideração são permanência em grupos no Whatsapp sem nenhuma vigilância dos pais; isolamento familiar; mudança repentina de comportamento; mudança acentuada na linguagem (uso excessivo de palavrões); interesse demasiado por violência e a necessidade de uso privado do celular, tablete ou computador.

P: As gerações passadas temiam o perigo das ruas. Hoje, o perigo está dentro de casa, a um clique da Internet. Como tratar isso no que diz respeito às crianças?
R: O perigo no uso da internet sem nenhuma supervisão é imensamente superior ao perigo de uma criança andando sozinha no mundo real. No mundo real, outras pessoas podem denunciar abusos, perigos, etc. Na internet, o que existe, é um incentivo massivo de práticas nocivas à vida de nossos filhos e alunos. No Brasil, a liberdade de expressão foi substituída por práticas criminosas, legitimadas por uma total falta de vigilância de pais e educadores, quanto aos conteúdos acessados pela garotada.

P: Ao mesmo tempo em que o jogo “Baleia Azul” tornou-se famoso, estreou uma série na Netflix sobre bullying e suicídio. Muitos pais se perguntam: devem proibir o filhos de vê-la?
R: A série “13 Reasons Why” é tecnicamente bem produzida, com um bom elenco, mas apresenta alguns problemas na sua narrativa. O suicídio na série é tratado como uma possibilidade de alívio individual e punição social. Os personagens montam uma espécie de pacto social e de forma criminosa começam a fazer justiça com as próprias mãos, escondendo dos pais e das autoridades os fatos que levaram ao suicídio da protagonista. A decisão de assistir ou não a tal material é da família. Porém posso fazer algumas recomendações: a série não foi produzida para crianças. O tema suicídio é muito delicado para um adolescente ou jovem ter contato com o mesmo sozinho. Aproveite esta oportunidade para esclarecer sobre outros temas abordados na série: cyberbullying, confiança, namoros tóxicos, amizades tóxicas, entre outros.

P: Qual a dose certa de exposição de uma criança a essas novas mídias?
R: Reitero insistentemente que, crianças e adolescentes, não devem estar expostos na internet. As crianças não possuem filtro e você, pai ou educador, não terá tempo para supervisioná-los. Imagine que as imagens dos seus filhos e alunos sempre caem nas mãos de criminosos. Não deixe seu filho e sua família, municiarem tais criminosos.

P: Jogos violentos tornam as crianças mais violentas?
R: Os jogos violentos deixam as crianças mais violentas, assim como a literatura, o cinema ou a música. Tudo que é ofertado de forma inadequada prejudica o desenvolvimento da criança e em muitos casos este prejuízo é irreversível.

P: O que fazer quando se percebe que há algo errado?
R: A melhor ferramenta de segurança na internet é o vínculo familiar. Uma família que se ama e se conhece enfrenta unida o bullying, a pedofilia, os desafios da internet. O amor e o respeito precisam ser os alicerces de quaisquer processos educacionais. Temos a geração mais solitária da história da humanidade, que precisa ser ouvida, entendida e orientada. A educação é uma responsabilidade familiar e ninguém pode interferir neste processo. Porém, esta responsabilidade deve ser exercida com maior eficiência para que não sejamos surpreendidos por outras modinhas criminosas da internet.

BALEIA AZUL

Ninguém sabe como o jogo da Baleia Azul surgiu, mas se especula que foi iniciado na Rússia, em 2015, e se espalhou pelo mundo até chegar ao Brasil. O jogo funciona da seguinte forma: os curadores mandam convites aos usuários escolhidos, seja pelo Facebook ou pelo WhatsApp. A partir daí, enviam um desafio a cada dia e os prazos para cumprir a tarefa. O último desafio termina com a morte do envolvido. Quem não cumpre tem a família ameaçada.

(Rita Soares/Diário do Pará)

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