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Saneamento de Belém é o 4º pior do País

A autônoma Maria Lúcia Trindade, 56 anos, ainda trabalhava na manhã de sexta-feira (5) para secar a água que inundou a casa onde mora 3 dias antes. Com esgoto exposto e rodeado por mato, a situação da travessa Souza Franco, no bairro da Ponta Grossa, dist

A autônoma Maria Lúcia Trindade, 56 anos, ainda trabalhava na manhã de sexta-feira (5) para secar a água que inundou a casa onde mora 3 dias antes. Com esgoto exposto e rodeado por mato, a situação da travessa Souza Franco, no bairro da Ponta Grossa, distrito de Icoaraci, é de precariedade no que diz respeito ao saneamento básico.

Ainda que a via seja asfaltada, os moradores contam que o local fica alagado diante de praticamente qualquer chuva. No último dia 2, a situação ficou ainda pior quando uma forte chuva caiu sobre a Região Metropolitana de Belém (RMB). Sem que a água tivesse como escoar pelo canal da Souza Franco, a casa onde Maria Lúcia mora ficou alagada por pelo menos 3 dias. “Eu perdi tudo. Os móveis estragaram e as roupas que estavam dentro do guarda roupa estão encharcadas até agora”.

Na tentativa de secar lençóis e colchões, Maria Lúcia aproveitou o sol da manhã. Como não choveu na manhã de sexta-feira, a rua não estava mais alagada. Porém, era evidente a ausência de serviços básicos de saneamento. Para que se consiga ter acesso às casas de muitos moradores da rua, é necessário andar sobre as pequenas pontes improvisadas que passam por cima da grande vala com esgoto a céu aberto. “Essa vala é assim o tempo todo aí na frente. Ninguém aparece nem para capinar nada aqui”.

Alagamento na casa de Maria Lúia Trindade molhou rupas e móveis. (Foto: Mauro Ângelo/Diário do Pará)

DESAFIOS

O convívio de moradores do distrito de Icoaraci com as mazelas provocadas pela ausência de saneamento é apenas um exemplo do cenário encontrado na capital paraense, segundo aponta o estudo “Desafios da Gestão Municipal 2017”, feito pela empresa de consultoria Macroplan e publicado no site da revista Exame. Das 26 capitais brasileiras, a do Pará ocupa a 23ª posição do ranking, o que a coloca como a 4ª pior capital do Brasil em saneamento básico, ficando à frente apenas de Rio Branco, Macapá e Porto Velho. A classificação é formada por um índice que vai de 0 a 1. Quanto mais próximo de zero, pior é a condição no local. No que diz respeito ao saneamento, Belém obteveíndice de apenas 0,495.

O estudo foi feito com base em dados de instituições como o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento escancara a situação precária do saneamento em Belém.

Também moradora da Souza Franco, a contadora Argentina Vieira, 59, conta que o problema de saneamento na travessa é antigo. Segundo ela, a rua alaga há pelo menos 8 anos. Porém, nos últimos meses, a água tem acumulado com mais intensidade. “A minha casa nunca encheu. Mas, da última vez, a água entrou em todos os cômodos”, lembra. “Saneamento aqui é zero, mas o IPTU chega todo ano para a gente pagar”.

Depois de ver a água invadir sua casa e estragar seus documentos, a contadora destaca o receio vivenciado diante de qualquer indício de chuva. A cada ano que passa ela vê a situação piorar. “A gente batalha tanto para construir alguma coisa e tem de passar por essa situação. É uma tristeza”.

Argentina Vieira diz que os alagamentos na rua onde mora são cada vez mais frequentes. (Foto: Mauro Ângelo/Diário do Pará)

TRATAMENTO

Dentre os desafios enfrentados em Belém para se melhorar tal índice de saneamento básico, o principal está relacionado ao tratamento de esgoto. O estudo da Macroplan aponta que o percentual de tratamento de esgoto em Belém é de ínfimos 1,5%, o pior dado alcançado pela capital no que diz respeito ao saneamento básico.

Professor da Faculdade de Engenharia Sanitária e Ambiental, da Universidade Federal do Pará (UFPA), Hélio da Silva Almeida destaca que o tratamento de esgoto é o que demanda maior investimento e também mais tempo. Porém, é primordial para que se comece a modificar o cenário visualizado em Belém. “Não adianta ter tratamento de água se não houver tratamento de esgoto. Sem esgoto tratado, não se tem água com qualidade e adequada para o consumo”, relaciona.

Por mais que medidas como o tratamento de resíduos sólidos, drenagem pluvial e asfaltamento também sejam necessárias para um bom saneamento, o professor não tem dúvidas de que o tratamento de esgoto impacta diretamente na saúde das pessoas. “O não tratamento de esgoto tem relação direta com o aumento de casos de doenças como febre amarela, esquistossomose, dengue, diarreia, etc.”, destaca Hélio Almeida. “Em Belém, são gastos milhões com tratamento de doenças de veiculação hídrica. Mas, quanto é gasto com tratamento de esgoto?”. (com Redação)

FALTA PARCERIA ENTRE GOVERNO E PREFEITURA, DIZEM VEREADORES

Dentre os entraves enfrentados pela capital do Pará no que diz respeito ao saneamento, o vereador Igor Normando (PHS) destaca que falta um maior apoio do Governo do Estado para a realização de grandes obras de saneamento. “Todas as cidades estão com orçamento restrito e precisam do Governo do Estado. No caso de Belém, o Governo do Estado isola a Prefeitura e a própria Prefeitura, que deveria cobrar esse apoio, não o faz”, afirma.

Vereador Igor Normando. (Foto: Alzyr Quaresma/Diário do Pará)


PROJETO

“Para fazer um projeto de macrodrenagem, a Prefeitura precisa da união do Governo do Estado porque são obras muito caras, mas o Governo cruza os braços”, diz. Sem deixar de citar o que chama de falta de parceria entre o Governo do Estado e a Prefeitura, a vereadora Marinor Brito (PSol) acredita que o principal problema está na gestão. “As obras da Estrada Nova sofrem paralisações e, quando procuramos a Caixa Econômica Federal para obter informações sobre os recursos, encontramos descumprimentos por parte da Prefeitura”, diz, citando como exemplos desses descumprimentos a falta de contrapartida ou de prestação de contas. “A minha conclusão diante de tantas obras mal feitas é que são fruto de má gestão, irresponsabilidade, falta de planejamento e falta de parceria entre Governo e Prefeitura”, diz Marinor.

(Cintia Magno/Diário do Pará)

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