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Chacina é a prova que Estado vive desgoverno

Mais uma chacina, como a que ocorreu no conjunto Eduardo Angelim, em Icoaraci, na quinta-feira (4), confirma que o Pará chegou a um estado de total desgoverno e abandono. A afirmação é do sociólogo e advogado criminalista, Henrique Saúma, de 39, que credi

Mais uma chacina, como a que ocorreu no conjunto Eduardo Angelim, em Icoaraci, na quinta-feira (4), confirma que o Pará chegou a um estado de total desgoverno e abandono. A afirmação é do sociólogo e advogado criminalista, Henrique Saúma, de 39, que credita o problema não a uma ou duas gestões executivas, mas a uma questão de problemas no sistema de segurança pública como um todo.

“Havendo crime em que morre um agente da segurança pública, automaticamente vem a resposta: chacina. Seja a população civil, que não está segura, sejam as próprias forças de segurança, que não tem aparato para tomar medidas dentro da lei”, avalia.

Para ele, há muita “pirotecnia” em fazer acreditar que o Governo não está de braços cruzados e pouco resultado, de fato. “Houve operação em Igarapé-Miri com um super-aparato nos últimos dias. Minha leitura é: resposta para os meios de comunicação e sociedade de que segurança age, sim. Mas quem está na rua, não sente isso”, justifica.

Henrique não crê em falta de competência, mas falta de estrutura, e como algo que vem crescendo há muitas administrações. “Vem da dificuldade de negociar com servidores, ajustes salariais não acontecem como devem ser, e a população começa a reagir, não acredita no sistema, no julgamento, na Justiça”, explica, reforçando que nenhum dos dois extremos - nem as falhas do Governo e nem a revolta da população - é aceitável. “No Rio de Janeiro, temos disputa de poder das facções, aqui a violência é o reflexo da falta de políticas pública”, analisa.

O deputado estadual, Iran Lima, líder do PMDB, credita o estado de insegurança jurídica geral como um dos agravantes do cenário de violência que se instalou de forma crítica na Região Metropolitana de Belém. “A fragilidade do sistema de segurança pública é um sinal verde para a criminalidade. As investigações continuam e as chacinas continuam, parece que não há comando central”, lamenta.

População protesta contra chacina

Durante quatro horas, famílias do Conjunto Eduardo Angelim, em Belém, bloquearam a avenida Augusto Montenegro em protesto pela chacina ocorrida noite da última quinta-feira (04), onde quatro moradores do local foram executados por homens fortemente armados. Os assassinatos ocorreram cerca de 24 horas após o assassinato de um policial militar. usuários de ônibus foram obrigados a seguir a pé e quem tentou furar o bloqueio foi agarrado pelos manifestantes.

O protesto iniciou por volta das 9h de ontem (05), em frente a entrada do conjunto, que fica no bairro Parque Guajará, distrito de Icoaraci, em Belém. Uma barricada foi montada na pista, no sentido Icoaraci-Entroncamento, o que também congestionou a pista contrária. As famílias uniram-se para pedir justiça pelas mortes do mototaxista Yuri Lima Santa Rosa, de 18 anos; o lavador de carros, Davi da Silva de 20 anos;o pedreiro Irlei Pimentel dos Santos, 34 anos e o carroceiro Michel Silva da Conceição, de 27, executados em ruas diferentes do conjunto. Além deles, outra pessoa também foi atingida por quatro disparos, mas foi socorrida, segundo a família.

Com o protesto, trânsito ficou complicado.Foto: Ney Marcondes

Pânico


“Entraram matando pessoas como se fossem cachorros e mataram pais de família. Isso não é justo e eu estou com medo porque tenho um filho de 16 anos que sai de casa para trabalhar e se fosse comigo eu que estaria passando pelo que as famílias dos nossos vizinhos estão passando agora”, falou emocionada uma autônoma de 50 anos que, por medo, não quis se identificar. O pânico e o trauma também assolou um estudante de 17 anos, morador do conjunto que também não quis se identificar. “Eu estou com medo depois do que aconteceu, porque saio daqui de noite para estudar”, falou.

O ânimo das 200 pessoas que protestavam era de indignação. As vítimas da noite anterior eram vizinhos. Muitos lamentaram as dores das famílias. “O rapaz era mototaxista e deixou a mulher grávida em casa. O outro vizinho tem quatro filhos para criar. Isso é inaceitável”, falaram.

A Polícia Militar acompanhou o manifesto de perto e tentou negociar por várias vezes a liberação da via, mas somente por volta das 13h30 que a comunidade aceitou a negociação, mediante a promessa de que a segurança na área será intensificada.

Relação

Investigação

Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) informou que a Polícia Civil já investiga as mortes e que o inquérito será presidido pela Divisão de Homicídios (DH), base de Icoaraci. Segundo apuração policial, os quatro homicídios ocorreram a partir das 22h30 e duraram cerca de 10 minutos entre o primeiro e o último crime. Ainda segundo a Segup, a Polícia Civil apurou que Michel e Davi possuíam passagens pela polícia por roubo e tráfico de drogas, respectivamente. Já sobre a motivação para o crime, a Segup informou que irá apurar a relação entre os quatro homicídios e a morte do policial militar Ronivaldo Naton, que ocorreram em sequência, pelas ruas do Conjunto Eduardo Angelim.

Chacinas viram rotina

2017

Entre os dias 20 e 22 de janeiro, 32 pessoas foram assassinadas com características de execução sumária. As mortes começaram após o assassinato do soldado da Rotam Rafael da Silva Costa.Entre as 19h50 e as 23h55 do dia 4 de abril, a Polícia Civil registrou 10 homicídios por arma de fogo em Belém, Icoaraci e Ananindeua. No dia 4 de maio, 4 mortes foram registradas no Conjunto Eduardo Angelim, distrito de Icoaraci, possivelmente relacionadas ao assassinato do policial militar Ronivaldo Barreto, ocorrido um dia antes, na mesma região.

2014

Entre os dias 4 e 5 de novembro, 11 pessoas foram assassinadas depois da morte do cabo da Rotam Antonio Marco da Silva Figueiredo, mais conhecido como Cabo Pet. Os crimes foram registrados nos bairros da Terra Firme, Guamá, Jurunas, Tapanã e Sideral.

Entre os dias 4 e 5 de novembro, 11 pessoas foram assassinadas depois da morte do cabo da Rotam Antonio Marco da Silva Figueiredo, mais conhecido como Cabo Pet. Os crimes foram registrados nos bairros da Terra Firme, Guamá, Jurunas, Tapanã e Sideral.

PM foi morto no conjunto

O soldado PM Ronivaldo Naton Pires Barreto, de 32 anos, estava a paisana em um estabelecimento no conjunto Eduardo Angelim, quando foi abordado por três criminosos que o balearam por volta das 19h30 da última quarta-feira (3). Ele foi socorrido para o Hospital Metropolitano, mas na manhã do dia seguinte não resistiu aos ferimentos. Na noite do mesmo dia, por volta das 22h30, iniciou-se uma caçada pelo conjunto, como relatou um parente da primeira vítima assassinada, o mototaxista Yuri.

Ele contou que recebeu uma ligação avisando que estavam atirando nas ruas do Eduardo Angelim e tão logo, chamou Yuri para encerrarem a noite de trabalho. O rapaz conseguiu fugir, mas Yuri não. Para ele, a ação foi planejada por milicianos. “Eu estava na minha moto e ele na dele. Estávamos passando pela rua principal, a 17 de abril, e dois deles colocaram duas motos bloqueando a rua. Como eu vi de longe, consegui me salvar porque dobrei logo para a rua ao lado, mas ele (Yuri) não conseguiu fugir deles. Não tem como dizer que não era milícia”, falou o jovem. Ainda segundo ele, os homens usavam capacetes e aparentavam usar coletes a prova de balas.

Familiares das vítimas estiveram no Centro de Perícias Científicas Renato Chaves para liberar os corpos.

(Emily Beckman e Carolina Menezes/Diário do Pará)

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