Alunos do Paes de Carvalho protestam

Professores e alunos do Colégio Estadual Paes de Carvalho, que tem 175 anos e é a instituição pública de ensino mais antiga em funcionamento no Pará, protestaram para reivindicar melhores condições de estudo. A manifestação ocorreu em frente ao prédio da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), na manhã de ontem. Os manifestantes queriam que os deputados os recebessem para discutir os problemas enfrentados na instituição e os auxiliassem no diálogo com o Governo de Simão Jatene

Ex-aluna da escola e integrante da União de Estudantes Secundaristas de Belém (UESB), Cristiele Botelho conta que já é a 8ª manifestação que os alunos realizam. “Já faz mais de 2 anos que a gente se movimenta e até agora nada foi feito”, critica. Os alunos levaram a situação até o Ministério Público do Estado (MP) e já se reuniram com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), mas só receberam promessas de reformas, nunca cumpridas. “Eles prometem que vão reformar, mas fazem apenas uns consertos superficiais, que não resolvem nada”.

Telhado danificado, infiltrações, falta de água, banheiro sem utilidade e salas sem energia elétrica compõem a longa lista de problemas que os alunos precisam enfrentar. Quando chove, algumas salas ficam alagadas. “Às vezes, tem aula no pátio porque não tem sala para usar. Isso quando não é todo mundo dispensado”, reclama Cristiele.

COBRANÇA

Uma comitiva de estudantes foi recebida pelo deputado estadual Carlos Bordalo (PT), que prometeu repassar a situação aos demais parlamentares e cobrar do governador melhorias urgentes na escola, fundada em 1841. Dayane Pantoja, 18, é aluna do 2º ano e relata já ter encontrado larvas no meio do arroz servido na merenda escolar. “Isso quando tem merenda, né? Não é sempre”, comenta. Ela diz, ainda, que se sente prejudicada por precisar dividir sala com turmas de outras séries, porque não tem uma sala adequada para sua turma.

A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) diz que o Paes de Carvalho está na relação de instituições de ensino do Governo do Estado que receberão reforma total, com previsão de licitação para maio. A secretaria afirma que no projeto estão incluídas as obras de arquitetura, elétrica, hidrossanitária, prevenção contra incêndio e climatização. A previsão para execução da obra é de 9 meses, diz a nota.

Colégio deteriorado

Os professores afirmam que estão desestimulados por causa das precárias condições de trabalho. “Nos 18 anos em que trabalho nessa escola, ela nunca esteve tão abandonada como agora”, reclama o professor de sociologia, Juscelino da Costa. O educador relata que a escola tem sido deteriorada nos últimos 4 anos, sem nenhuma assistência por parte do Governo do Estado. “A gente ainda dá aula por paixão, por responsabilidade com o aluno. Mas
é muito difícil”.

Juscelino conta que ele precisa levar produtos como extensões e adaptadores de sua casa porque os do colégio não funcionam. “Sem contar os quadros brancos, quase todos quebrados, desgastados e até com cupim”, lamenta.

(Arthur Medeiros/Diário do Pará)