Festival exalta latinidade

Das ondas das rádios aos vinis que chegavam dos países da América Latina ao Pará, uma mistura musical foi sendo consumida e reinterpretada por músicos locais. Essa marca é um de nossos maiores RGs sonoros e, após décadas de fusões instrumentais e harmônicas, continua sendo fundamental para uma nova geração de artistas, como Bruno Benitez, idealizador do “Festival Latinidade”, que ocorre hoje, às 20h, no Teatro Margarida Schivasappa, em Belém, com a apresentação do show “Miscigenado”.

Bruno tem no sangue a ligação com a música latina. Seu pai, Daniel Benitez, era músico uruguaio radicado no Pará, fez parte da primeira formação da banda Warilou e de grupos como o Mundo Mambo, que atuaram na cena paraense com a difusão de ritmos como salsa, merengue, zouk e lambada. Por conta disso, Bruno diz que a ideia de realizar um festival voltado exclusivamente para essa vertente já era antigo.

O projeto, contemplado pelo edital Seiva, da Fundação Cultural do Pará (FCP) e pela de Lei Tó Teixeira, terá ainda a participação especial de Félix Robatto e Ronaldo Silva. “É um universo dentro do outro, uma fusão de elementos que hoje reconhecemos como nossa identidade cultural também. Então, sempre quis juntar pessoas que têm esse mesmo interesse para tocarmos juntos. Tem muita coisa nesse caldeirão, de artistas de vanguarda até os mais novos”, diz o organizador do evento.

A ideia é que, posteriormente, após a apresentação no teatro, o festival siga para ambientes em que as pessoas possam se sentir mais à vontade para dançar e participar, e seja itinerante, com shows em Icoaraci e Mosqueiro. A data ainda será confirmada pela produção do festival. No repertório, além das músicas autorais que vão compor o seu segundo disco, “Miscigenado”, com previsão de lançamento para o segundo semestre, o show terá ainda famosas composições de domínio público, músicas da cubana Célia Cruz, conhecida como a rainha da salsa, e do paraense Paulo André Barata, entre outros.

“São músicas que naturalmente fazem parte da minha vida, das minhas memórias musicais, e isso tudo reflete no meu trabalho, de uma nova forma de arranjar e compor. O festival é esse encontro e tem sido um processo legal e bastante coletivo. Me cerco dos amigos e das pessoas que admiro”, explica Bruno.

Lambada

Para o cantor e compositor Félix Robatto, o momento é de celebrar. Ele é um dos expoentes de criação e pesquisa sobre a influência da música latina e caribenha no Pará. Seu disco mais recente, lançado ano passado, “Belemgue Banger”, propõe uma viagem pela lambada, desde sua origem até como é feita atualmente.

As músicas vinham principalmente da Dominica, da Martinica e de Guadalupe, e como não se sabia o nome exato dos cantores e das canções, por serem sobretudo em espanhol, o nome lambada começou a ser usado popularmente para definir o ritmo quente. “É um ritmo que nós, paraenses, inventamos através deste apelido e começamos a criar outras músicas em cima e se tornou algo particular nosso. É como se fosse uma chicotada”, ensina Félix.

É SÓ O COMEÇO

“Festival Latinidade” apresenta o show “Miscigenado”, de Bruno Benitez e convidados Ronaldo Silva e Félix Robatto
Quando: Hoje, 20h
Onde: Teatro Margarida Schivasappa (Fundação Cultural do Pará - Av. Gentil Bittencourt, 650, esquina com Rui Barbosa)
Ingressos: R$ 10 (até as 19h30), à venda na bilheteria
Informações: (91) 3355-8668

(Dominik Giusti/Diário do Pará)