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Pesquisadora estuda traços de Antônio Landi

Desenho de perspectiva dedicado à Sant’Ana (Foto: Divulgação) Conhecido em Belém por suas obras arquitetônicas, como igrejas e o antigo Palácio de Governo, atual Museu do Estado do Pará (MEP), o italiano Antônio José Landi foi também um grande desenhis

Desenho de perspectiva dedicado à Sant’Ana (Foto: Divulgação)

Conhecido em Belém por suas obras arquitetônicas, como igrejas e o antigo Palácio de Governo, atual Museu do Estado do Pará (MEP), o italiano Antônio José Landi foi também um grande desenhista e gravador. A arquiteta e professora Elna Trindade, ao se deparar, durante o restauro da Casa Rosada, no bairro da Cidade Velha, em Belém, com um dos livros editados com obras do arquiteto no século 17, em Bolonha, se encantou com o material e sentiu-se instigada a pesquisar mais sobre esta faceta do italiano, que deixou na capital paraense o maior número de prédios de sua autoria. Após cinco anos de pesquisa, ela defende hoje, às 15h, a sua tese de doutorado, no Fórum Landi.

Intitulada “O Desenhador de Belém - Antônio José Landi e o Movimento das Imagens na Amazônia Colonial (1753-1791)”, a pesquisa realizada por meio do Programa de Pós-graduação em História Social da Amazônia é voltada para a compreensão da maneira que os desenhos realizados na cidade italiana, que pertencem a diferentes temporalidades e tradições de arquitetura, foram também usados em seus projetos na capital paraense. Além do livro editado na Itália, a professora também foi em busca dos desenhos realizados por Landi quando ele passou uma temporada em Portugal. De acordo com Elna, é possível perceber de diversas formas seus desenhos impregnados em detalhes de fachadas e ambientes internos.

“Procurei entender essa lógica dos desenhos do Landi, a busca pela potência da imagem em diversas obras de arquitetura. Analisei a Capela Pombo, a igreja do Rosário, a capela do engenho do Murutucu, e comecei a comparar os desenhos, identificar que traços estavam nos cadernos e como isso pode ser percebido nos prédios. Eu imprimi todas as obras e coloquei na minha sala de estudo para ficar olhando, visitei a cidade de Bolonha e fui também a Portugal para entender o que ele tinha feito por lá”, explica a professora.


Em busca de referências nas construções

Estudiosa de Landi há quase três décadas, a autora da tese explica que Landi estudou, se formou e também ministrou aulas na Academia Clementina, que hoje é a escola de Belas Artes de Bolonha, onde se encontra a faculdade mais antiga do mundo ocidental. Era lá que ele também exercitava suas técnicas de desenho e gravura, tanto que por lá é mais conhecido como desenhista e gravador, e não necessariamente como arquiteto.

Landi observava as obras já construídas em sua cidade natal, Bolonha, e também em Cesena, fazia esses exercícios, formatava álbuns e mandava imprimir. E ele fez um álbum famoso, chamado “Racolta”, que significa “coleção”. O que se encontra hoje na Casa Rosada chama-se “Coletânea de Fachadas e Pátios de Alguns Palácios mais Notáveis de Bolonha”.

“O livro tem gravuras de prédios de arquitetos italianos e alguns bolonheses, construídos nos séculos 16 e 17, portanto, anterior ao nascimento de Landi. Ele gostava de observar e desenhar. E o meu trabalho foi analisar esses desenhos e ir atrás deles nas construções. Esses cadernos revelam as suas memórias, onde ele foi buscar as referências, e quis saber onde eles se reproduzem aqui, nessa cidade ‘landiana’. Discuto como isso se opera nesse processo de armazenamento e transformação. É o enxergar de Landi na cidade”, conclui a professora.

(Dominik Giusti/Diário do Pará)

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