Prefeitura de Belém tem princípio de incêndio

O Palácio Antônio Lemos, sede da Prefeitura Municipal de Belém, na Cidade Velha, foi atingido por um princípio de incêndio, por volta das 7h de ontem. As causas ainda estão sendo investigadas pela Defesa Civil do Município e Corpo de Bombeiros do Pará. Uma das hipóteses é de que tenha ocorrido um curto-circuito. As chamas atingiram a sala de recursos materiais, no 2° andar.

Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura, um computador, uma escrivaninha e alguns documentos de requisição de utensílios de expediente foram danificados. O expediente foi suspenso para que o prédio tivesse sua estrutura periciada.

Quando o fogo começou, apenas um funcionário estava no local. Ele não teve nenhum ferimento. O servidor acionou o Corpo de Bombeiros e a Guarda Municipal de Belém (GMB). “Tinha muita fumaça preta e o cheiro era muito forte”, lembra Kátia Cilene, 48 anos, ambulante.

Uma das hipóteses é de que um curto-circuito tenha causado o princípio de incêndio no Antônio Lemos (Foto: Mauro Ângelo)

Expediente foi suspenso para a realização da perícia 3 No chão, documentos queimados (Fotos: Mauro Ângelo)

CAUSAS

Cerca de 1h após o incidente, ainda era possível ver documentos queimados. “Ainda não sabemos a causa e nem o que, de fato, foi atingido. Possivelmente, foi um curto-circuito”, disse o tenente Anderson Braga, do Corpo de Bombeiros. Na região, os comerciantes temem os incêndios nos prédios antigos. “Desligo tudo no registro quando saio. As estruturas elétricas são antigas”, destacou o dono de uma loja de roupas, Valzinho Mota, 44.

No Palácio Antônio Lemos, também funciona o Museu de Arte de Belém (Mabe), com um acervo de mais de 1.500 obras de artistas paraenses e nacionais. A Biblioteca de Cultura e Arte do Mabe sofreu os danos. Segundo uma testemunha, a água utilizada para conter o fogo ensopou os documentos, computadores, estantes, cortinas e teto do espaço. Ele afirma que o princípio de incêndio foi mais que um susto. “Livros, textos, teses acadêmicas, álbuns fotográficos e materiais históricos
foram danificados”.

Nota oficial

A Prefeitura afirma que o laudo dos Bombeiros e da Defesa Civil deve sair em 30 dias. Segundo a nota, o incidente foi imediatamente controlado pelos Bombeiros e que não houve vítimas ou danos ao patrimônio. A Prefeitura diz que recentemente foi feita a manutenção dos aparelhos de ar-condicionado do prédio.

Diz ainda que a reforma do Antônio Lemos está em fase de elaboração de projeto. A previsão é de que o projeto básico seja concluído até o final deste mês. Após a sua finalização, será submetido à aprovação do Iphan nacional para que, então, a obra seja licitada e iniciada.

Bombeiros foram chamados para conter o princípio de incêndio (Foto: Mauro Ângelo)

Prédio não passa por reforma desde 1994, diz associação

A Associação dos Amigos do Patrimônio de Belém (Aapbel) observa que o prédio da Prefeitura não passa por reforma desde 1994. “A fumaça já deteriora as peças”, critica Nádia Cortez, coordenadora da Aapbel. Para ela, o princípio de incêndio coloca em risco pinturas, gravuras, desenhos, esculturas, fotografias e mobiliários do Museu de Arte de Belém. “O princípio de incêndio atingiu a biblioteca do Museu e pode ter sido grande o prejuízo não apenas com o fogo, mas também com a água usada pelos bombeiros”, diz.

A Aapbel, a Associação dos Agentes do Patrimônio da Amazônia e a Associação dos Amigos dos Arquivos Públicos do Pará devem entrar com representação no Ministério Público Federal (MPF), pedindo a apuração dos fatos. “Vamos responsabilizar aqueles que têm a tutela do bem.”

(Diário do Pará)