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Violência deixa população atrás das grades

Nem mesmo a fé em vários santos – todos devidamente colados na parede de seu estabelecimento comercial -alivia a angústia da comerciante Maria das Graças Souza, 68 anos. O estabelecimento, na avenida Alcindo Cacela, tem apenas a proteção religiosa e dos c

Nem mesmo a fé em vários santos – todos devidamente colados na parede de seu estabelecimento comercial -alivia a angústia da comerciante Maria das Graças Souza, 68 anos. O estabelecimento, na avenida Alcindo Cacela, tem apenas a proteção religiosa e dos cadeados nos portões para impedir que a pequena viva em pânico permanente com a violência que assola a Região Metropolitana de Belém (RMB) e que foi bater à sua porta.

Não é para menos. Seu neto, de apenas 12 anos, foi atingido por uma bala perdida quase em frente ao seu comércio, que funciona desde a década de 70 no bairro da Cremação, em Belém. Com medo, Ela se impôs um verdadeiro “toque de recolher”: entre as 15h e as 17h – horário considerado por ela como o mais perigoso para trabalhar -, cerra as portas de seu estabelecimento. Como Maria das Graças, centenas de comerciantes da RMB enfrentam o mesmo drama e fecham seus negócios em horários diversos. Não porque querem, mas porque temem. E cada um tem sua história de medo para contar.

Área vermelha

Este toque de recolher informal é visto por Maria das Graças como uma forma de proteção. “Aqui é área vermelha. A parada do ônibus é em frente ao meu comércio e as pessoas são assaltadas quase diariamente. Muitas delas são estudantes”, relata. “Os criminosos chegam de moto ou de bicicleta e são abusados. Não respeitam nem a polícia, imagine a gente”, diz a comerciante, que mantém embaixo do balcão um terçado para sua defesa. “Graças a Deus, nunca precisei usar, mas não dá para descuidar”.

Enquanto Maria das Graças se protege, o seu neto, C.F., baleado no ombro em dezembro do ano passado, conseguiu terminar o ano letivo, mas hoje vive com medo até de brincar. “As crianças vivem trancadas em casa, não passam do portão. O C.F. ficou traumatizado, não quer mais brincar na rua, está amedrontado. Tem medo até de ir para escola”, conta Maria das Graças.

Atendimento, só por trás das grades de proteção

A insegurança não é exclusividade do bairro da Cremação. No Guamá, por exemplo, o toque de recolher foi adotado nos vários comércios da rua Augusto Corrêa, que, segundo seus proprietários, acontece pela ausência dos órgãos de Segurança Pública no local. Se antes fechar as portas das lojas para almoço era considerado hábito interiorano, agora vem se tornando cada vez mais comum por causa da violência. Bruno Silva, 37 anos, dono de uma venda de açaí, só atende seus clientes “atrás das grades” e ainda segue a dinâmica dos demais comerciantes da rua: fecha as portas ao meio-dia e retorna às 14h, por medo de se tornar vítima de assaltantes. “Já fui roubado em outro horário. Mas chega essa hora do almoço e a rua fica vazia, temo que possa acontecer algo comigo. Assalto nessa área é constante, por isso todo mundo fecha e eu, que não sou bobo, também”, reitera.

(Emily Beckman)

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