Folguedo Vaca Velha retorna após 36 anos

Com o objetivo de oferecer ao público um carnaval cultural, desfilando pela memória de um dos bairros históricos de Belém, o Reduto, a Casa do Fauno lança hoje o Bloco do Fauno, com a participação e animação da Vaca Velha, folguedo do Boi de Máscaras vindo de São Caetano de Odivelas. Ausente das brincadeiras naquela cidade desde a década de 1980, a Vaca Velha está de volta ao cenário cultural e chega a Belém trazendo uma grande comitiva. Serão oito pernas, 15 pierrots, quatro cabeçudos e um vaqueiro, que pretendem arrastar o público pelas ruas do bairro.

A concentração ocorre a partir das 15h, na própria Casa do Fauno. O cortejo todo será animado pela Pipirinha, a Orquestra Vaca Velha, formada por 15 músicos. Puxando o bloco, um brincante vestirá uma cabeça de fauno confeccionada por Paulo Emílio Campos. “Será a primeira vez que a Vaca Velha estará se apresentando em espaço aberto em Belém. Virá um grande contingente de brincantes”, diz Cleide Cunha, que organiza a programação. No dia 19, o bloco também vai participar da brincadeira carnavalesca da Vaca Velha, em São Caetano, para promover um verdadeiro intercâmbio cultural.

“Temos até a ousadia de pensar em tornar esse encontro entre o Bloco do Fauno e a Vaca Velha uma tradição aqui em Belém”, diz Ivandro Farias, vice-presidente da Associação Vaca Velha.

Em São Caetano, o folguedo só chegou a sair durante um ano. Mas ficou a lacuna que fez um grupo de brincantes querer retomá-lo. “Ele ficou ausente por 36 anos. Como a proposta do Bloco do Fauno é justamente resgatar o carnaval de rua no Reduto, o principal atrativo foi fazer um resgate mútuo”, diz Ivandro.

Junino e carnavalesco

Não é difícil perceber que uma manifestação cultural popular tão complexa e cheia de simbolismo como o Boi de Máscaras é fruto do encontro de várias culturas. E para o prazer dos brincantes, é no carnaval e na quadra junina que está o ponto de encontro. “A Vaca Velha é muito ligada ao período junino, mas tem outro perfil mais carnavalesco. Nele, a gente substitui alguns instrumentos de percussão típicos da forma tradicional desses folguedos, como os curimbós, por caixas e bumbos. A sonoridade se transforma em um tipo de marchinha”, explica Ivandro Farias.

“O Boi de Máscara em si tem características do carnaval. É o caso do pierrot, presente no Boi de Máscaras, mas que veio como um elemento de influência europeia, dos carnavais de Veneza, do carnaval de salão do Rio de Janeiro”, completa Ivandro.

Durante o cortejo do bloco, eles pretendem explorar seu lado carnavalesco, com marchinhas tradicionais e principalmente com sambas de boi em ritmo de marchinha. O detalhe desse encontro com o Bloco do Fauno é que durante uma parada na metalúrgica “A Reconstrutora”, na rua 28 de Setembro, a Vaca Velha trocará de carnaval para folguedo junino.

“Vamos realizar o cortejo como fazemos durante o período carnavalesco, pois entendemos o carnaval como um espaço da diversidade, mas na apoteose, lá na área da metalúrgica, o público vai poder ver também um pouco de como o folguedo é apresentado em São Caetano de Odivelas, no contexto junino, que é a tradição e raiz da brincadeira”, comenta Ivan Sarmento, presidente da Associação Vaca Velha.

CARNAFAUNO

Depois do lançamento do bloco, no sábado, 18, também será realizado um baile de máscaras na Casa do Fauno. Dentro da programação o público pode participar do “Concurso de Melhor Mascarado”. Muita música irá animar a folia a noite toda. Ambientando a Casa, há uma exposição de Paulo Emílio Campos intitulada “Reduto do Carnaval”, com esculturas em papietagem que resgatam personalidades do carnaval paraense.

Na folia

l Bloco do Fauno e Vaca Velha

Quando: Hoje

Concentração: Às 15h, com saída às 16h, na Casa do Fauno (R. Aristides Lobo, 1061, entre Benjamin e Rui Barbosa).

Percurso: Aristides Lobo, Benjamin Constant, 28 de Setembro – parando na metalúrgica “A Reconstrutora”, que integra a história do Reduto, e onde haverá apresentação da Vaca Velha.

Retorno: Às 19h, seguindo pela Rua 28 de Setembro, Ó de Almeida, Rui Barbosa e Aristides Lobo, até a Casa do Fauno.

l Baile de Máscaras

Quando: 18/2, às 19h.

Exposição: “Reduto do Carnaval” – Paulo Emílio Campos

Quando: Até 6/3

Informações: (91) 98705-0609 ou facebook.com/ casadofaunobelem.

(Lais Azevedo/Diário do Pará)