Funcionários reclamam de obra parada

No início do século XX, o Bar do Parque, localizado na Praça da República, no centro de Belém, era símbolo da boemia da cidade. Hoje, a realidade é bem diferente. Tapumes escondem o local há 3 meses por conta de uma obra de revitalização, parada desde o último dezembro. Os mais prejudicados são os funcionários do espaço, que estão sem salários todo esse tempo.

O garçom Raimundo Nogueira, 53 anos, trabalha no local há 31 anos. Sem renda, ele e mais 12 funcionários do Bar se reuniram e montaram um carrinho de lanche em frente dos tapumes que cercam o local. No entanto, já foram advertidos pela prefeitura. “Só queremos ganhar o nosso dinheiro”, relata. Sem alternativa para sustentar suas famílias, eles continuaram com a venda, porém, temem o despejo. “Nossas contas estão atrasadas. Ninguém dá um posicionamento da obra”, reclama Raimundo.

O projeto atende a recuperação e revitalização da Praça da República, mas segue sem qualquer previsão de entrega. “Um mês sem receber já é complicado, imagina 3. Não vemos operários. Enquanto isso, estamos sem emprego”, diz o garçom Walter Bastos, 48.

Taxistas

Quem também amarga prejuízos com a reforma são os taxistas. Paulo Vitor, 61, trabalha na Praça há 35 anos. Ele relata que o espaço garantia vários clientes. “Perdemos 30% da nossa renda com essa obra”, diz. Paulo relata que o Bar era o ponto mais alegre e movimentado do logradouro. “Estamos falando de um atrativo turístico. De um ponto de referência da cidade, que está fechado”, reclama. Frequentador do local há 13 anos, o motorista Michel Ferreira, 35, lamenta a demora. “Não vemos ninguém trabalhando aqui. Um absurdo”, pontua.

DEMORA

A 1ª etapa da reforma começou em julho do ano passado. O local foi isolado por tapumes em outubro, o que interrompeu o funcionamento. A Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Urbanismo, alega que o trabalho de restauração do Bar do Parque foi “suspenso por conta da grande incidência de chuvas e que as obras serão retomadas assim que o tempo chuvoso diminuir”.

PARA ENTENDER

HISTÓRIA

- O historiador Michel Pinho lembra que os quiosques como os da Praça da República são construções que marcaram as transformações urbanas das cidades brasileiras, inspirados em obras europeias, no fim do século XIX e início do século XX.

- Pinho relata que o espaço era frequentado por um público mais elitizado, em virtude das atrações do Theatro da Paz e dos cafés que existiam no entorno. Nestes espaços, vendiam-se desde cartões de loteria, jornais, bebidas e charutos.

- O Bar do Parque era frequentado por políticos, artistas e várias personalidades, que se reuniam para jogar conversa fora ou confabular sobre os problemas sociais.

(Roberta Paraense/Diário do Pará)