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Hydro é acusada de irregularidades sociais

Lideranças de quatro comunidades da cidade de Barcarena que ficam próximas às plantas industriais da Alunorte e Albrás, de propriedade da empresa norueguesa Norsk Hydro, denunciam que ela pratica irregularidades territoriais, ambientais e sociais, inclusi

Lideranças de quatro comunidades da cidade de Barcarena que ficam próximas às plantas industriais da Alunorte e Albrás, de propriedade da empresa norueguesa Norsk Hydro, denunciam que ela pratica irregularidades territoriais, ambientais e sociais, inclusive discriminação, contra os moradores de Jesus de Nazaré, Burajuba, Água Verde e Jardim Canaã, onde moram quase 5 mil famílias.

Entre as denúncias mais graves está a de que a Norsk Hydro construiu um depósito de resíduos numa Área de Proteção Ambiental (APA), que é protegida por lei e onde existem comunidades remanescentes de quilombos. Nos próximos dias, as lideranças comunitárias – que dizem estar cansadas de procurar a empresa para sanar os problemas - vão ingressar com uma ação na Justiça cobrando soluções e dizem que apresentarão toda a documentação que comprova as irregularidades, que, segundo elas, a Hydro pratica. A empresa nega todas as denúncias.

A presidente da Associação Indígena e Quilombola da Amazônia (Caiqama), Maria do Socorro Costa da Silva, moradora da Comunidade de Burajuba, que tem uma população estimada em 1.400 habitantes, é uma das mais indignadas. Ela garante que vai provar na Justiça que a Hydro construiu um depósitos de resíduos numa área quilombola e que é também demarcada como Área de Proteção Ambiental. “O pior é que o Estado do Pará alimenta um crime quando concede licença ambiental para um projeto como este, que sequer teve uma audiência pública”, diz a líder comunitária.

Para o pastor evangélico Roberto Costa de Souza, que lidera 6 mil pessoas na comunidade Água Verde, a contaminação dos rios é a maior preocupação. Ele garante que a cabeceira dos rios Água Verde e as margens do rio Tauá foram poluídas por resíduos provenientes da produção de suas fábricas na cadeia do alumínio. “O rio Murucupi, um dos principais da região, está morto. É só uma lama vermelha. A empresa possui três estações de tratamento de esgoto que despejam resíduos nos rios da região”, diz o pastor, que também é quilombola. Outra denúncia é de que a empresa norueguesa não tem ação de controle de dano ou impacto ambiental em andamento para as 53 comunidades que ficam na área de abrangência de suas fábricas.

RECLAMAÇÃO

O líder da Comunidade Jesus de Nazaré, Bosco Oliveira Martins, garante que 742 famílias que moram no local não conseguem entender o tamanho desprezo da empresa em relação à comunidade local. “É como se nós não existíssemos para a Hydro e o Governo do Estado”, reclama. “Nossas famílias estão aqui há dezenas de anos e nunca conseguem os títulos de propriedade. Esta empresa chega e logo tudo lhe é concedido sem nem ao menos ouvir a comunidade. Isso é um desrespeito.”

Mais do que a questão ambiental ou territorial, a maior preocupação de Fernando Pereira, morador e líder da comunidade Jardim Canaã (que tem aproximadamente 6 mil habitantes), é a falta de vagas de emprego para quem mora nestas quatro comunidades. Segundo eles, há uma retaliação por parte da empresa por causa das denúncias constantes das lideranças. “As empresa ligadas a Norsk Hydro discriminam a população local. Quando alguém se identifica que mora numa das quatro comunidades, é informada que não pode trabalhar na empresa”, conta Fernando.

Outra reclamação do líder da comunidade de Jardim Canaã é que os cursos de qualificação que são oferecidos pela Hydro aos habitantes das comunidades nada têm a ver com a cadeia do alumínio. “São cursos de manicure, cabeleireiro e que não geram mão-de-obra especializada, principalmente para os mais jovens”, critica Fernando. Já a Hydro diz que não oferece estes cursos.

Os comunitários também denunciam que centenas de habitantes estão apresentando doenças que antes da implantação das fábricas não existiam, como cansaço, manchas brancas na pele, coceiras, doenças respiratórias entre outras. “A gente vai dormir bonzinho e acorda com falta de ar e cansaço”, conta Socorro.

A empresa, por sua vez, respondeu que tem um rigoroso controle de seus processos e um programa de monitoramento ambiental. A questão de saúde, diz a empresa, tem de ser vista além da atividade industrial. Os comunitários também vão anexar ao processo pesquisa recente do Laboratório de Química Analítica e Ambiental da Universidade Federal do Pará (Laquanan) que constatou a contaminação da água consumida pelos moradores destas comunidades, principalmente com chumbo e bário.

Este último não é um mineral encontrado na Amazônia naturalmente e é utilizado na cadeia de produção do alumínio. “O estudo indica que 90% das 26 comunidades pesquisadas têm água contaminada por chumbo”, diz Roberto. Já a Hydro diz que conclusões e metodologias do estudo carecem de maiores entendimentos.

(Mauro Neto/Diário do Pará)

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