Conheça algumas plantas comestíveis e nutritivas

Você comeria uma salada de pariparoba? E folhas de capiçoba? Que tal saborear brotos de dente-de-leão? Pois saiba que, apesar dos nomes estranhos, todos esses vegetais são comestíveis e muito nutritivos. Estamos falando das chamadas Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs), ainda desconhecidas da população em geral, mas que têm alcançado um papel chave no Brasil. “Você sai por aí e não encontra feijão macuco, sapota, ariá, ou araruta a não ser na safra e muito sazonalmente”, destaca o biólogo Valdely Kinupp, especialista em PANCs.

Ele explica que, mesmo informado de que uma planta desconhecida é comestível, o consumidor não sabe identificar o vegetal e não usa no dia a dia. “Não há um uso real. Mesmo encontrando algumas dessas plantas ou parte delas na feira, no mercado ou na natureza, as pessoas não sabem como utilizá-las. Seu uso é encarado como lenda”, destaca. Segundo o biólogo, os moradores da região amazônica - como o paraense - consome muito pouco frutas e menos ainda hortaliças.

“Precisamos usar as plantas amazônicas de outras formas. O açaí, por exemplo, pode ser refogado com alho e cebola e ser usado como um molho para massas”, ensina. “A ideia das PANCs é ampliar o horizonte e usar frutas - como o pajurá, o pariri, o marmelo e a siruela - de outras formas”, sugere Kinupp, que é professor de agroecologia e botânica no Instituto Federal de Ciência e Tecnologiado Amazonas (Ifam).

POPULAÇÃO

Kinupp lembra que 85% da população brasileira vivem nas cidades, desconectados da natureza. Sofrem do que ele chama de Transtorno de Déficit de Natureza (TDN). “As pessoas vão à feira, comprar pepino, tomate e pimentão, mas ignoram plantas riquíssimas’, diz, citando erva-de-jabuti, picão, serralha, dente-de-leão, capiçoba, capeba e folhas de taperebá, que podem ser utilizadas em molhos, saladas e sucos.

“A mudança de comportamento é fundamental”.Segundo ele, as PANCs são importantes, sobretudo para os amazônidas. “São vegetais mais adaptados à nossa região. É complicado produzir couve e alface aqui”, diz. “É mais fácil cultivar capeba e ariá, por exemplo”. Na sua avaliação, o Brasil não come sua biodiversidade. “Enquanto isso, nos Estados Unidos já tem supermercado que vende taioba importada de Belo Horizonte”, destaca o professor.

Vai uma geleia de vitória régia?!?

Símbolo da Amazônia, ela também é comestível

O pesquisador Valdely Kinupp cita o caso da vitória régia, uma das maiores plantas aquáticas do mundo e nativa da Amazônia, de onde pode se comer a flor (em forma de geleia, por exemplo), as sementes (de onde pode se fazer pipoca), os caules subterrâneos e o talo cujos pecíolos (longas hastes que sustentam as folhas) são comestíveis.

As Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) contemplam ainda partes não-convencionais de plantas convencionais, como o palmito da banana, o caule do mamoeiro, o mamão verde para salada, entre outros.

Para saber mais

Vantagens das pancs

São ricas em nutrientes e minerais como zinco, boro e molibdênio

Podem ser plantadas no quintal, sítio ou chácara, estimulandoa cultura orgânica

Podem ser cultivadas em espaços não convencionais, em topos de morro, em ambientes aquáticos, sombreado e até arenoso

Valdely Kinupp lançou o livro Plantas Alimentícias Não Convencionais no Brasil, com 351 espécies com grande potencial nutricional e mais de 1 mil receitasilustradas. O livro está à venda no site.

(Luiz Flávio/Diário do Pará)