Unidade de Saúde está tomada por lixo e urubus

A cena é vergonhosa: urubus cobrem o telhado da Unidade Básica de Saúde do bairro do Jurunas, em Belém. Não é para menos. Restos de alimentos, carniças, sacas de caroços de açaí e restos de madeira e frutas são alguns dos resíduos descartados na rua Fernando Guilhon, entre a passagem Jacó e a travessa de Breves. O caso é uma prova concreta do descaso da Prefeitura de Belém para com a saúde pública.

A Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro recebe um fluxo intenso de pessoas, pois realiza atendimentos de urgência e emergência. Não bastasse a lixarada de odor insuportável; dentro da unidade, a demora é companheira inseparável de pessoas em busca de tratamento. “Se para uma simples consulta já há demora, imagina na área de urgência e emergência”, diz a técnica em segurança do trabalho Jane Marques, 48 anos.

Jane mora na rua Pariquis e faz tratamento para diabetes na UBS. Outro problema listado por ela são as especialidades médicas limitadas. “Até tem clínico geral, mas se a gente for buscar outra especialidade, já fica limitada a aceitar apenas o que eles oferecem: cardiologista, por exemplo, a unidade não tem disponível, para isso eu teria de pagar na rede particular por esse profissional”, diz.

Uma pessoa que preferiu não se identificar informou que foi até o posto em busca da 2ª dose da vacina antirrábica e foi embora para casa sem imunização. A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), para obter informações sobre a falta de doses necessárias para atender a demanda do bairro, e a Sesma informou que houve uma redução de estoque da antirrábica motivada por problemas do Ministério da Saúde com a produção desta vacina. As vacinas são repassadas pela Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) à Sesma, que tem priorizado apenas os serviços de urgência e emergência.

LIXO

A auxiliar de cozinha Ana Cunha, 58 anos, mora no bairro e reclama da situação. “Todos os dias, a gente é obrigado a presenciar essa imundície. E as pessoas, por outro lado, não colaboram com a limpeza”, destaca. Ana critina, ainda, a falta de manutenção do poder público no espaço. “A gente se pergunta se aqui é para ter saúde ou para piorar. As pessoas continuam depositando lixo. Quem sofre são as pessoas que convivem com isso”, diz.

SESAN

Sobre o lixo, a Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan), informou que realiza coleta regular do lixo domiciliar na rua Fernando Guilhon, no Jurunas. A Prefeitura esclarece que no trecho próximo à passagem Jacó ocorre descarte irregular de entulho. A Prefeitura de Belém alega que realiza fiscalização permanente para combater descarte indevido de lixo. Denúncias podem ser feitas por meio do Disque Sesan 156.

(Wal Sarges/Diário do Pará)