Plantões médicos vão ser reduzidos

Apesar da ameaça de redução dos plantões médicos nas duas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) de Ananindeua, o Sindicato dos Médicos do Estado do Pará já avisou que a categoria é contra a medida. Divulgada no último dia 6 deste mês, a determinação feita pela gestão do prefeito Manoel Pioneiro foi adiada e deverá valer a partir do início de fevereiro, conforme informou o Sindmepa.

Para tentar barrar a iniciativa, a categoria deve apresentar uma pauta de reivindicações ao titular da Secretaria Municipal de Saúde de Ananindeua (Sesau), Paulo Campos, durante uma reunião marcada para amanhã (11). Diretor do Sindmepa, o médico João Gouvêa explicou que a determinação revogada continha dois erros graves. O primeiro era o seu efeito retroativo, já que a publicação ocorreu no dia 6, mas a medida ficaria valendo desde o dia 4, afetando até mesmo o pagamento dos médicos que cumpriam normalmente seus plantões. O segundo era a alteração da escala já definida para o mês atual, sem uma discussão prévia com os profissionais.

“A nossa posição é pela manutenção do número de médicos. Não tem como uma equipe reduzida dar conta da demanda de pacientes que as unidades recebem todos os dias”, frisa Gouvêa. Na UPA da Cidade Nova II, por exemplo, a intenção da prefeitura de Ananindeua é reduzir de 12 para 9 o número de plantonistas, sendo 5 no turno diurno e 4 no noturno. Já a Upa do Icuí conta com 8 plantonistas. Com a medida a equipe seria reduzida para 6, sendo 4 no turno diurno e 2 no noturno.

No total, cada uma das duas unidades atendem aproximadamente 15 mil pacientes por mês, já que recebem não só os pacientes em estado grave, como também àqueles que não conseguem atendimentos mais simples nas unidades municipais de saúde do município por falta de estrutura. Para Gouvêa, caso a medida entre em vigor, esse atendimento terá de ser reduzido drasticamente.

INSEGURANÇA

Nas UPAs de Ananindeua faltam desde materiais básicos, medicamentos e, sobretudo, segurança. Estas são as principais queixas dos usuários que utilizam a rede de saúde pública daquele município. Um deles é o autônomo Luan Oliveira, 24, que reside próximo à Upa do Icuí. O jovem já ficou sem atendimento no local por falta de Buscopan. “Há dois dias levei minha esposa de madrugada lá, mas disseram que o atendimento estava suspenso porque não tinha guarda municipal”, conta.

Luan relatou que o atendimento ficou ainda mais prejudicado depois de um assalto ocorrido na tarde do dia 29 de dezembro passado. Assaltantes armados renderam e levaram os pertences de funcionários e pacientes que estavam no local. “Só tinha guarda quando foi inaugurada. Agora só fica um vigilante que não serve para nada”, diz, ao ressaltar que a após o assalto a Guarda Municipal passou a dar “apoio” na segurança, mas não permanece na unidade por 24h.

A reportagem do DIÁRIO percorreu as duas unidades na tarde de ontem. Até o momento em que a equipe permaneceu em frente à UPA do Icuí se verificou que os guardas municipais faziam a segurança na área. Mas, por volta das 16h30, eles já haviam deixado o local, segundo contou a babá Meire Lopes, 23, que procurou o local no horário citado. “Tive de vir de moto-táxi com um bebê de um ano e seis meses aqui para a UPA da Cidade Nova II porque o atendimento no Icuí estava suspenso”, reclama.

(Pryscilla Soares/Diário do Pará )