Coleta precária deixa Belém coberta de lixo

De Icoaraci à Cidade Velha, o que não falta é lixo nas ruas de Belém e reclamação da população. “A cidade inteira está suja. Até nas principais avenidas a gente vê lixo espalhado. É uma tristeza”. A afirmação da dona de casa Rosa Menezes, de 61 anos, moradora do bairro Curió Utinga, descreve o cenário da capital paraense. Ela conta que na comunidade onde mora, a coleta de lixo tem sido falha, atraindo insetos e contaminado ainda mais o bairro. “E nesse tempo de chuva, a situação piora. A água fica contaminada e a gente corre risco de pegar doenças”, avalia.

A reportagem do DIÁRIO percorreu vários pontos de Belém, como os bairros Curió Utinga, Marambaia, Pedreira, Tapanã, Cidade Velha e Icoaraci, e se deparou com a sujeira que tem tomado conta até mesmo das principais ruas e avenidas. Desde o lixo doméstico, pneus, animais mortos, carcaça de eletrodomésticos e até vaso sanitário é possível encontrar no meio do lixo.

Na avenida Pedro Miranda, no bairro da Pedreira, por exemplo, onde o fluxo de pessoas e veículos é intenso devido a concentração de comércios, a população se depara com o canteiro central completamente tomado pela sujeira. São sacos de lixo, caixas de madeira, entulho e resto de comida refazem o cenário da via.

O designer gráfico Luan Oliveira, de 27 anos, morador da Vila Alice, quase esquina com a travessa Angustura, reclama que a falta de coleta de lixo não oferece outra opção a não ser jogar o lixo doméstico no meio da rua. “Moro aqui há 22 anos e a gente nunca teve lixeira. O jeito é jogar no canteiro central para o carro de lixo levar”. Segundo ele, o lixo fica acumulado porque a coleta tem sido falha. “Eles não passam todos os dias. Se passassem, acho que não ficaria assim”, diz. “Isso é um problema crônico. Às vezes o lixeiro não passa. E são os próprios garis da Prefeitura que aglomeram no canteiro central. Fica feio”, conta Enoque Tavares, de 66 anos, comerciante.

COLETA INSUFICIENTE

Embora a coleta seja realizada três vezes na semana nos bairros como Marambaia, Tapanã e Cidade Velha, moradores acreditam que o serviço não é suficiente, pois além do lixo doméstico, os entulhos jogados, algumas vezes, por carroceiros, tem ocupado calçadas, parte de ruas e canais.

Em todos os bairros da cidade o que se vê são montes de lixo espalhados. População reclama da falta de coleta efetiva desde dezembro (Foto: Alberto Bitar)

“Bocas” de canais viraram grandes lixeiras

O militar José Correa, de 66 anos, que mora próximo ao canal Água Cristal, no bairro da Marambaia, onde a cada esquina há o amontoado de lixo, lembra que a última vez que o carro de coleta passou foi antes do natal. “O problema não acontece só aqui. Tem gente que vem de bairros vizinhos porque também lá não passa o carro. E isso acaba piorando pra gente que mora aqui”, avalia. “E com a chegada do nosso inverno amazônico, essa sujeira se mistura com os alagamentos. É um problemão”.

Na semana passada, o DIÁRIO divulgou a situação de moradores do bairro da Sacramenta que moram próximo aos canais da Pirajá e São Joaquim. O drama da população não é diferente. “No tempo de Natal e no Ano Novo, o lixo aumenta, mas a coleta parece demorar ainda mais para ser feita”, afirma o comerciante Hamilton Batalha, de 61 anos.

Em nota, a Prefeitura de Belém esclarece que neste período do ano a quantidade de lixo produzido em Belém aumenta em torno de 15%. Nos locais citados pela reportagem a coleta de lixo domiciliar é feita em dias alternados.

(Michelle Daniel/Diário do Pará)