Terra tremeu mais de 20 vezes no Pará

U m tremor de magnitude 3.8 foi registrado na manhã do último domingo, em Canaã dos Carajás, sudeste do Estado, e assustou boa parte dos quase 35 mil moradores do município, mas não o suficiente para causar estragos. O professor do programa de Geofísica da Universidade Federal do Pará (UFPA), Lourenildo Leite, esclareceu que estes fenômenos são comuns e fazem parte do mecanismo do planeta Terra. “Um sismo estimado em 3.8 de Magnitude Richter-Gutembergh é comum em todas as partes da crosta terrestre, continental e oceânica. Como esses terremotos são relativamente rasos, eles amedrontam a população principalmente durante o dia, porque à noite poucos acordam e acontece um corre-corre. Mas destruição só em construções muito fracas”, disse ele, que também é PhD em Geofísica pela Saint Louis University, USA.

BAIXO IMPACTO

Sendo assim, segundo o especialista, o Pará está sob esta condição global e têm acontecido terremotos desta magnitude em diferentes locais do Estado. Porém, não são notados devido ao baixo impacto. Neste ano, pelo menos 20 tremores de terra foram registrados pelo Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), no Pará (vale ressaltar que o de Canaã foi monitorado pelo Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo). Mas com magnitudes moderadas. A maioria deles ocorreu na cidade de Jacareacanga. A cidade foi citada 9 vezes, e o grau máximo dentro do quase imperceptível, 2.3. O maior tremor de terra ocorreu em Altamira, no dia 20 de janeiro, com magnitude de 3,6 graus.

A origem dos terremotos naturais está diretamente relacionada ao relaxamento de tensões nas rochas da crosta terrestre. As tensões são construídas pela dinâmica internas da Terra. A dinâmica interna tem muito mais energia do que a externa. E apenas as rochas da crosta é que tem condições de acumular tensões. As camadas abaixo da crosta (manto superior e inferior) não acumulam tensões que levem a gerar terremotos por serem plásticas. Os abalos de domingo em Canaã foram captados pelos sismógrafos da Universidade de São Paulo (USP). No mesmo dia, a USP registrou ainda um terremoto com uma magnitude preliminar de 7,7 no Chile, com um alerta de tsunami. Mas o forte terremoto não deixou vítimas no sul do País, região em que houve o abalo.

(Clayton Matos com colaboração de Carla Azevedo/Diário do Pará)