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CINEMA

Filme faz retrato asfixiante da era Trump

Eles fritam no cubo branco. Vistos sozinhos, numa sequência de performances isoladas, modelos, músicos e atores dançam, suam e se contorcem numa sala vazia ao som do electro-rock de Wolfgang Tillmans e sua banda Fragile. Essa é a visão do artista para a

Eles fritam no cubo branco. Vistos sozinhos, numa sequência de performances isoladas, modelos, músicos e atores dançam, suam e se contorcem numa sala vazia ao som do electro-rock de Wolfgang Tillmans e sua banda Fragile.

Essa é a visão do artista para a era que chama de "pós-brexit e pré-Trump". Nos versos, ele fala de um mundo que pegou a "pista expressa rumo às trevas", condena a própria ingenuidade e lamenta que estamos no fundo do poço.

Um dos maiores nomes da fotografia do fim do século 20, Tillmans agora se lança na música e traduz toda essa fúria num álbum visual, em que as músicas são todas alinhavadas dentro de um filme.
Em "That's Desire / Here We Are", lançado na semana passada no YouTube, o artista retoma a estética despojada que o consagrou na década de 1990, quando retratava a cena clubber de Berlim, de garotos se beijando na pista grudenta do mítico Berghain.

Veja o Álbum Visual de Wolfgang Tillmans:

Seus flagras do delírio coletivo nas pistas de dança, ou do tédio corrosivo aplacado pelas drogas, na verdade forjaram o retrato de uma juventude marcada pela solidão, em busca do prazer artificial.
De traços andróginos, a modelo transexual Hari Nef domina as cenas de seu novo filme, em que também aparecem a rapper Ash B., o ator Bashir Daviid Naim e outros convidados a dançar numa sala vazia, iluminada por filtros coloridos, ao som das músicas.

Essas performances encarceradas, que se debatem entre quatro paredes, dão o tom da asfixia que o momento político parece inspirar em Tillmans. Radicado em Londres, ele foi um dos artistas que mais se manifestaram pela permanência do Reino Unido na União Europeia, projeto que fracassou com o "brexit".

Em "Warm Star", uma das faixas do disco, ele canta em inglês e alemão os versos que estampou em pôsteres contra a saída do país do bloco. Mas, política à parte, há momentos de estranha leveza no filme, entre elas cenas em que ele mesmo aparece deitado no chão. Seu mais novo trabalho, aliás, junta duas pontas de sua obra que até aqui não tinham se encontrado –o retrato nu e cru da juventude e a construção de imagens abstratas, só de cores e texturas criadas roçando objetos no papel fotográfico.

Estão lá tanto a sala vazia, de luzes que mudam de cor, alusão à angústia desses tempos raivosos, quanto momentos em que sua câmera lambe a pele dos atores, mergulhando em decotes puídos, axilas suadas, uma espécie de carnalidade industrial que parece ser o antídoto para o ódio tóxico que jorra da guinada do planeta à extrema direita. Tillmans construiu um manifesto pelo prazer, ou melhor, por uma resistência calcada no hedonismo como a arma mais potente contra o caos que se desenha.

(Folhapress)

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