Sérgio Serra tem prioridades na sua gestão

O futuro presidente do Paysandu, Sérgio Serra, promete mudar de vez o olhar sobre as divisões de base do clube. Valorizar essas categorias é a palavra de ordem em sua gestão, que garante viabilizar todas as condições estruturais e multiprofissionais para garimpar, descobrir, aproveitar e, principalmente, lucrar com atletas na Curuzu.

Além de inseri-los no grupo profissional, a meta que corre paralela é fazer caixa com jovens promissores - e, quem sabe, craques que despontarão não somente no mercado interno, mas estrangeiro também.

Dividendos inesperados, como da transação do meia Paulo Henrique Ganso, cria bicolor, do São Paulo para o espanhol Sevilha, são sempre bem-vindos. Só com a transferência de Ganso, o Papão lucrou cerca de R$ 400 mil, segundo o advogado do clube, Alexandre Pires. Mas, o consenso agora da cúpula que assume o Papão nesta terça-feira (6), logo após o pleito que elegerá o novo presidente, é que se não houver planejamento e metas em jogo, a instituição seguirá no velho círculo vicioso de sempre gastar com importações caras.

Em conversações recentes e outras em curso, a diretoria faz um mea-culpa: é preciso melhorar a atenção e os investimentos sobre a garotada. O próprio Serra, candidato único à presidência bicolor, admite que nos últimos anos o clube tem aproveitado pouco a meninada. “O que conseguimos neste sentido, sem dúvida, foi muito pouco”, disse.

Para virar referência de curto a médio prazo no Estado na revelação de bons jogadores, o Paysandu já está separando parte do orçamento (valor não revelado) do futebol para aplicar na base.

Novo técnico também diz que vai prestigiar a base

Com um currículo pontuado por trabalho em divisões de base de vários clubes brasileiros, o novo técnico do Paysandu, Marcelo Chamusca prometeu valorizar os atletas criados no próprio clube. “Foi o assunto que eu e o Serra mais conversamos em Campinas, quando nos conhecemos”, contou. “Minha transição de jogador para treinador foi feita na base do Vitória, em 1994. Durante 8 anos, trabalhei com a formação de jogadores e isso me ajudou muito na minha carreira”, completou.
Ele vai acompanhar atentamente os trabalhos. “Gosto de estar semanalmente em contato com as pessoas que trabalham na base. Foi assim em todos os clubes em que estive. Então, tenho um carinho especial pelos jogadores mais novos. Podem ter certeza de que vou reservar um capítulo especial à divisão de base”, disse.

Comissão técnica da meninada vai ganhar novos profissionais

Caso as mudanças na base do Papão deixem o papel e se transformem, realmente, em realidade, a estrutura do setor começará a trilhar novo caminho a partir de 2017. Além dos tradicionais e inevitáveis integrantes da comissão técnica, como treinador, preparador físico e de goleiros, o departamento bicolor ganhará novos integrantes, conforme anunciou o diretor Ivan Corrêa. Segundo ele, já foram contratados um nutricionista, um psicólogo e um médico. Além dos profissionais que atuam fora de campo, o clube também já contratou “quatro treinadores com gabarito de formador de jogador”, como diz Corrêa.

O dirigente ressalta, ainda, que o clube tem planos para estabelecer intercâmbios com clubes de centros mais evoluídos na formação de atletas. A iniciativa para deixar o papel, explica Corrêa, só depende do aval do futuro presidente, Sérgio Serra. “Temos convênios com o Avaí-SC, que já tem atleta do sub-13 do Paysandu, mas queremos fazer intercâmbio também com clubes de São Paulo. Conversaremos com o Serra para obtermos essa liberdade, até porque isso tudo envolve questão contratual, de empréstimo”, explicou.

Para Vanderson, ainda falta estrutura

O atual coordenador da base do Papão mudará de função a partir de 2017. Vanderson será uma espécie de observador da garotada da base que venha a ser guindada ao profissional. Ele, no entanto, ainda não conversou com os futuros dirigentes sobre o assunto. “No momento estou focado na Copa São Paulo. Acredito que na volta de lá serei chamado para conversar com o Serra e os demais dirigentes”, explicou.

Assim como o futuro presidente afirmou, o ex-volante admite que a base bicolor tem revelado poucos atletas. “O problema é a falta de estrutura. Os jogadores que sobem para o profissional são mais na base do talento mesmo”, apontou. “Os caras querem que o garoto já chegue pronto ao profissional e a coisa não é bem assim. O atleta precisa de um amadurecimento, uma convivência com os profissionais para, depois, começar a deslanchar”, defendeu.

CLUBE NÃO TEM TIME NO SUB-13

Do elenco que terminou o Brasileiro da Série B 2016, formado por 31 jogadores, apenas quatro saíram da base bicolor. Um deles, o zagueiro Pablo, já está no profissional há quatro anos. Dos demais, quem mais se destacou foi o volante Rodrigo Andrade, que jogou como titular. Em contrapartida, os goleiros Paulo Ricardo e Léo apenas assistiram a Emerson e Marcão jogar. Hoje, conforme o coordenador da base, Vanderson, o Paysandu tem um total de 105 garotos em formação, mas alguns deles sem vínculo oficial com o clube, que possui três categorias: sub-15, 17 e 20. O Papão não conta com o sub-13, o que é lamentado pelo ex-jogador. “Acho importante ter essa categoria, pois é lá que tudo começa. O problema é que a federação não promove campeonato da categoria e isso, claro, desestimula os clubes”, disse.

Além dos garotos que treinam no clube, Vanderson tem ao seu lado outros seis profissionais, entre treinadores, preparadores físicos e de goleiros. A maioria deles ex-jogadores, como Nad, Cametá e Ailton.

Sub-15 ao 20 terão tratamento especial

A temporada que termina não foi tão pródiga na revelação e aproveitamento de atletas da base no time principal. O lateral-direito Yago Pikachu, agora no Vasco-RJ, segue como a referência mais recente. No entanto, com avanços estruturais significativos, o Paysandu garante que mudará em definitivo o curso de sua divisão de base a partir de 2017. Com a nova diretoria colegiada, que dividirá atribuições, o clube promete investir para revelar joias ao elenco profissional.

A atenção especial prometida às divisões inferiores cobrirá categorias do sub-15 ao sub-20. Foi o que antecipou Ivan Corrêa, recém-nomeado diretor das duas principais fileiras de formação alvicelestes, a sub-17 e sub-20. “Na gestão do [presidente Sérgio] Serra, faremos modificação com a contratação de profissionais para atender a base”, informou. “Será um tratamento de profissional, porque tratamos de atletas que irão caminhar para isso”, detalhou Ivan, que, juntamente com outros quatro dirigentes, estará à frente da base bicolor.

Segundo Ivan, o problema não se limita mais à falta de estrutura. “Hoje em dia, nem se trata de ter só o espaço físico, mas sim do amadorismo com que a base é tratada no Pará”, criticou. “Isso não passa apenas por ter um CT, por ter campos, bolas: passa pelas pessoas para a gestão profissional do futebol de base”, disse.
O dirigente aponta a Desportiva, campeã paraense do sub-17, como referência, no Estado, na formação de atletas.

Local para treinamento é um dos problemas que precisam ser resolvidos

A futura direção do Paysandu também tem em seu projeto a ampliação dos locais de treinamentos para a garotada. Atualmente, o clube dispõe de dois locais, um deles o campo do hospital de Aeronáutica. A ideia é que cada uma das divisões tenha local específico para treinar. O clube também planeja participação em torneios importantes, a exemplo da Copa São Paulo.

(Nildo Lima/Diário do Pará)