De um lado, corredores vazios, sem médicos ou pacientes. Do outro, salas lotadas de pessoas esperando atendimento. Cenários bastante diferentes, mas que exemplificam a mesma situação: o caos que tomou conta da saúde municipal de Belém. Enquanto no Pronto Socorro Municipal (PSM) Humberto Maradei, no Guamá, as portas estão fechadas devido a um protesto dos servidores, no PSM Mário Pinotti, na travessa 14 de março, os médicos tentam lidar com a demanda excessiva de pacientes.
Segundo a sobrinha de uma paciente, "os problemas são constantes. Faz um mês que minha tia foi internada tambem lá e estava o mesmo caos. Não tem nem maca. O do Guamá está pior ainda. Até fechado está. Isso é um absurdo", desabafou .
"Não há mais ninguém no PSM. O atendimento está realmente paralisado. Os médicos decidiram parar de atender e os portões agora estão fechados", afirmou uma servidora do local, que preferiu não ser identificada. "Os médicos estão indo um a um. Não tinham mais consultas lá, agora os cirurgiões também pararam. Está um caos".
A suspensão do atendimento no PSM do Guamá começou na última quarta-feira (23), quando um grupo paralisou as atividades para reivindicar o fim de uma série de irregularidades, como o atraso em pagamentos, insegurança, falta de condições de trabalho e diminuição do número de médicos em escala noturna.
"Todos os médicos estão sofrendo com isso. Nenhum está recebendo, então estão todos endossando a paralisação. Agora os portões estão fechados e mais ninguém está sendo recebido ali", continuou a servidora.
Ainda segundo a servidora, os pacientes que chegam no PSM do Guamá estão sendo orientados a procurarem outras unidades de saúde. A principal delas é o PSM da 14 de março, que agora precisa lidar também com a demanda da unidade do Guamá.
Ao longo da semana, diversas pessoas reclamaram do atendimento e superlotação no local. Um internauta conseguiu registrar imagens dentro no PSM, onde é possível ver diversos pacientes aguardando atendimento nos corredores, alguns deitados em camas.
O Sindicato dos Médicos do Estado do Pará (Sindmepa) já havia afirmado que pretende acionar o Conselho Regional de Medicina (CRM) e Ministério Público do Pará (MPE) para tentar reverter a redução do número de médicos plantonistas no PSM do Guamá, um dos principais motivos da paralisação.
Na ocasião, a Sesma emitiu uma nota afirmando que a escala de médicos do PSM do Guamá foi readequada por causa da "diminuição da demanda do hospital" após a reabertura do PSM da 14 e a abertura da UPA da Sacramenta e que só a escala dos médicos da porta de entrada foi readequada, mas a escala dos profissionais dos outros setores se mantém.
Sesma se pronuncia
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) informou que a escala de médicos do HPSM Humberto Maradei Pereira (Guamá) está sendo readequada em virtude da diminuição da demanda do hospital, que após a reabertura do PSM da 14, em março deste ano, e a abertura da UPA da Sacramenta, em junho também deste ano, o fluxo de pacientes do PSM Guamá diminuiu em média geral de 2015 de 380 atendimentos diários para pouco mais de 250 a partir do segundo trimestre de 2016.
A Sesma informou ainda que somente a escala dos médicos da porta de entrada foi readequada, mas a escala dos profissionais dos outros setores se mantém, juntamente com o serviço de urgência e emergência do hospital.
Ainda de acordo com a nota, a Sesma afirma que sempre esteve aberta ao diálogo e a análise das reivindicações de todas as categorias da saúde, e só toma medidas que não venham a comprometer a assistência à população. Para salvaguardar o atendimento e o direito da população a acesso aos serviços, a Sesma reforçou as equipes no HPSM Mário Pinotti e Unidades de Pronto Atendimento e notificou o Ministério Público e entidades representativas sobre o abandono do serviço pela equipe e permanece incansável na busca do retorno imediato do atendimento normalizado no hospital, uma vez que cirurgiões e traumatologistas do serviço, também sem prévio aviso abandonaram suas escalas em curso e deixaram desassistida a população.
(DOL)
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