O bairro do Círio de Nazaré e das mangueiras

Na madrugada, o primeiro badalar dos sinos não deixa esquecer a morada ilustre de Nossa Senhora de Nazaré no bairro que acolhe não apenas sua representação, mas também seu nome. Anunciando o início de mais um dia, o sinal que emana da Basílica Santuário parece acordar pouco a pouco a rotina frenética do histórico bairro de Nazaré.

No instante de poucos minutos, as ruas são tomadas por carros, crianças são conduzidas para as escolas, pedestres se amontoam nas paradas de ônibus e comerciantes e órgãos públicos dão início aos atendimentos. Esse é o ritmo que se impõe no bairro.

Em Nazaré já há 50 anos, a pensionista Vitória da Paz, 71 anos, afirma que o Círio é um espetáculo apreciado ‘de camarote’. “Poder morar no caminho do Círio é um privilégio!”. Vitória mora na via que passa bem ao lado da Basílica de Nazaré, a rua Dom Alberto Gaudêncio Ramos. “Estamos bem protegidos por Nossa Senhora”.

MANGUEIRAS

As mangueiras que tomam conta de Nazaré hoje preocupam. Raimundo Liboa, 63 anos, é taxista em um ponto na travessa Doutor Moraes. Ele não esconde o receio pela falta de manutenção dos vegetais. “O medo é de uma árvore dessas cair para cima do carro”, admite.

A agrônoma Heliana Brasil avalia que muitas das mangueiras estão desequilibradas. “O túnel só existe porque as copas foram podadas apenas do lado das construções e, com isso, tendem a se concentrar do lado da pista”, alerta.

Hoje, com o comprometimento das raízes pelo concreto, com a proximidade com fios elétricos e cabos e com a incorreta utilização dos caules como ‘postes’, as mangueiras exigem atenção. “Não adianta fazer uma poda esporádica e drástica”, alerta. “Se a poda for realizada em período chuvoso, a entrada de fungos e bactérias fica mais propícia. É preciso uma manutenção planejada e frequente”, afirma.

PARA ENTENDER

Curiosidades

O Bairro de Nazaré faz fronteira com São Brás, Umarizal, Reduto, Campina, Batista Campos e Cremação.

Passa a se transformar em um bairro de classe média alta a partir dos anos 40, em decorrência da Segunda Guerra Mundial. Nessa época, militares passaram a residir no local.

A partir do final dos anos 80 e ao longo dos anos 90, o bairro de Nazaré passa a servir de palco para a vida noturna de Belém pela presença de bares e restaurantes muito frequentados à época.

(Cintia Magno/Diário do Pará)