Será velado nesta sexta-feira (16), em uma igreja na Rua do Tucunduba, entre os bairros da Terra Firme e Guamá, em Belém, o corpo de Eslon de Sousa e Silva, 27 anos.
A morte dele é investigada pela Polícia Civil da Unidade Integrada do Pro Paz da Terra Firme, onde o caso foi registrado. Pelo menos duas versões circulam sobre a morte do rapaz.
De acordo com os relatos dos policiais militares que estavam presentes, Eslon teria passado mal durante a abordagem. Os policiais contam que o socorreram e o levaram para o Hospital Pronto Socorro Humberto Maradei (o PSM do Guamá), onde o óbito foi confirmado.
A outra versão é da família e de amigos de Eslon, que acusam 3 policiais militares de terem torturado o rapaz até a morte. A Corregedoria da Polícia Militar abriu inquérito para apurar as denúncias.
O corpo da vítima foi liberado pelo Instituto Médico Legal, onde passou por exames necroscópicos que podem apontar o que ocasionou a morte do rapaz. O laudo deve ficar pronto no prazo mínimo de 10 dias.
A polícia civil ouviu o depoimento de 5 testemunhas que acompanharam a situação. Uma das depoentes foi uma vizinha, que teve a identidade preservada.
Depoimento
A vizinha relatou aos delegados Victor Manfrini e José Casemiro Júnior que era por volta das 16h quando Eslon saiu de casa para ir à igreja, algo que costumava fazer todas as tardes.
No caminho foi abordado por uma guarnição da PM que fazia ronda pelo local. “Os policiais pediram o celular dele, mas ele se recusou a entregar o aparelho e continuou caminhando. Foi então que um dos policiais sacou a arma, apontou para o chão e atirou. Assustado, o rapaz correu e entrou no chagão de casa pedindo ajuda porque queriam o celular dele”, disse.
Ela observou que 2 dos policiais foram os que correram atrás de Eslon, um terceiro permaneceu dentro da viatura. “Jogaram ele no chão e um dos policiais ficou com um joelho sobre o pescoço do Eslon, que desmaiou”, relatou indignada.
“Eles não queriam sequer prestar socorro e foi a gente (os moradores) que começou a fazer barulho. Colocaram ele dentro da viatura, mas no primeiro momento não queriam que a esposa fosse junto”, completou.
Eslon de Sousa morreu cerca de meia hora depois de dar entrada no PSM do Guamá. Quando a família foi registrar ocorrência na UIPP da Terra Firme se deparou com a informação de que os policiais já teriam ido a unidade e relatado a versão deles.
“Os policiais deixaram um revolver quebrado na UIPP dizendo que a arma estava com o Eslon. Mas curiosamente não deixaram lá o celular dele que pegaram. Ele não estava armado”, defendeu a vizinha.
Questionada sobre o que pode ter motivado a ação truculenta na qual ela também denunciava, a vizinha não dá certeza, mas relaciona o fato com uma possível perseguição.
“Em janeiro ele denunciou policiais militares à Corregedoria. Os policiais teriam tentado forjar uma situação de tráfico de drogas contra ele”, afirmou.
“Se ele já teve algum envolvimento com o crime, isso foi passado. Aqui a gente o conhece e sabe que é uma pessoa de bem, nunca fez mal para nenhum de nós. O rapaz ajuda nas obras da igreja”, comentou.
A PM confirmou que a Corregedoria abriu inquérito para apurar a conduta dos policiais, que serão afastados da função enquanto as diligências estiverem em andamento.
Vítima já respondeu a processo por furto qualificado
Eslon de Sousa e Silva, 27 anos, já respondeu a processo por furto qualificado e, inclusive, foi preso por isso. Estava em liberdade provisória desde março do ano passado. Quando foi solto, Eslon assinou um temo de compromisso com a Justiça, na qual se comprometia em não portar arma, nem se aproximar de familiares da vítima que teria cometido o crime de furto e comparecer a todos os atos processuais.
(Com informações de de Denilson D'Almeida/Diário do Pará)
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