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Jogador causa polêmica na pré-temporada da NFL

Em 1968, na Olimpíada do México, os velocistas americanos Tommie Smith e John Carlos ergueram os punhos fechados no pódio durante a execução do hino dos EUA, em protesto contra a discriminação racial em seu país. Era o auge do movimento de direitos civis,

Em 1968, na Olimpíada do México, os velocistas americanos Tommie Smith e John Carlos ergueram os punhos fechados no pódio durante a execução do hino dos EUA, em protesto contra a discriminação racial em seu país. Era o auge do movimento de direitos civis, meses depois do assassinato de seu líder, Martin Luther King Jr. O gesto tornou-se um ícone da história olímpica.

Quase quatro décadas depois, o ressentimento persiste, e o esporte mantém-se como uma válvula de escape. Na última sexta-feira, Colin Kaepernick, quarterback (lançador) do time de futebol americano San Francisco 49ers, não levantou-se para a execução do hino nacional numa partida de pré-temporada. O gesto provocou algumas vaias na hora, mas a tempestade viria depois, com uma onda de ataques nas redes sociais e críticas no meio esportivo.

"Não vou ficar de pé e mostrar orgulho da bandeira de um país que oprime os negros e pessoas de cor", disse Kaepernick depois do jogo, em que seu time foi derrotado por 21 a 10 pelo Green Bay.

Protestos de atletas negros nos EUA contra a discriminação não são incomuns, mas a atitude de Kaepernick ganhou enorme repercussão, num momento em que as tensões raciais afloraram com episódios de violência e morte envolvendo negros e a polícia.

O gesto aconteceu enquanto a disputa presidencial entre o republicano Donald Trump e a democrata Hillary Clinton virava uma batalha racial, com ambos se acusando de racismo. Patinando nas pesquisas atrás de Hillary, Trump tem tentado apelar às minorias, que lhe dão apoio magro nas pesquisas. Mas o episódio Kaepernick fez o bilionário deixar de lado as estratégias e voltar a seu estilo desbocado.

"É terrível", disse Trump. "Acho que ele deveria achar um país que funcione melhor para ele. Que tente, não vai acontecer".

Kapernick levou o San Francisco à conquista do Superbowl, em 2013, mas depois disso entrou em declínio, e deve começar a temporada no banco. Voltou às manchetes por uma causa política, e muitos torcedores não o perdoaram. Nas redes sociais, choveram ataques, um deles propondo entregar o quarterback de presente ao grupo terrorista Estado Islâmico (EI).

As críticas vieram até de quem apoia a mensagem, como o ex-jogador profissional Rodney Harrison, que tem dois anéis do Superbowl. Ele ampliou a polêmica ao questionar se Kaepernick é negro, mostrando a complexidade da tensão racial nos EUA.

"Eu sou um homem negro e Colin Kaepernick, ele não é negro", disse Harrison. "Ele não pode entender o que eu e outros negros enfrentam no dia a dia". O ex-jogador depois se desculpou pelos comentários. Kaepernick é birracial, seu pai era negro e sua mãe era branca. Ele foi adotado por Rick e Teresa Kaepernick, um casal branco que o criou na Califórnia.

O jogador também recebeu apoio de muitos outros atletas e celebridades, como o diretor de cinema Spike Lee, que o comparou ao lutador Muhammad Ali.

"Eu o apoio e acho interessante que as pessoas queiram escolher que direitos outros têm", disse Lee. Foi o mesmo quando John Carlos e Tommy Smith levantaram seus punhos com luvas pretas, o mesmo quando Muhamad Ali se recusou a lutar numa guerra insana [Vietnã]".

O time de Kaepernick respeitou sua decisão, afirmando que considera o hino "uma parte especial" da cerimônia que antecede os jogos e que "é uma oportunidade de honrar nosso país e refletir sobre as grandes liberdades que temos como cidadãos". Baseado no princípio americano da liberdade, disse o San Francisco 49ers num comunicado, reconhecem o direito de não participar.

A NFL, liga que administra o futebol americano, afirmou que não haverá punição para o quarterback, que não deixou as críticas amolecerem seu discurso.

"Para mim, isso é maior que o futebol e seria egoísta da minha parte olhar para o outro lado", disse Kaepernick, que ganha US$ 1,5 milhão (R$ 4,8 milhões) por mês. "Há corpos nas ruas e pessoas que são pagas estão cometendo assassinatos impunemente", disse.

(Folhapress)

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