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Rondas de equipe de jornalismo viram arte

Andar pela Belém da madrugada, deserta, periférica pode se tornar uma maneira completamente nova de olhar para ela, para os detalhes que parecem brilhar na escuridão silenciosa. Nesse ambiente, é possível encontrar certa poética até mesmo no que deveria s

Andar pela Belém da madrugada, deserta, periférica pode se tornar uma maneira completamente nova de olhar para ela, para os detalhes que parecem brilhar na escuridão silenciosa. Nesse ambiente, é possível encontrar certa poética até mesmo no que deveria ser visto como pura violência, como um corpo imóvel na rua ou numa casa isolada, como prova o trabalho de alguns artistas. Um deles é Anna Kahn, carioca vencedora do XV Prêmio Marc Ferrez de Fotografia e que se propôs experimentar essa outra faceta da capital paraense ao acompanhar a equipe de reportagem do DIÁRIO, que cobre cenas de crime durante a madrugada.

Anna Kahn circulou pela capital paraense de coração aberto a tudo o que a cidade tinha a oferecer, justamente porque escolheu Belém “no escuro”, sem nunca ter vindo ao Pará. “A descoberta é o trabalho em si. É como contar uma história que ainda vai ser inventada, uma narrativa visual em processo de criação”, afirma ela, sobre o projeto “Sem Medo do Escuro”, com o qual foi premiada. A ponte para essa aventura na madrugada foi o curador Diógenes Moura, que a apresentou ao repórter fotográfico do DIÁRIO, Wagner Almeida, atualmente em exposição na Casa das Onze Janelas com um trabalho que também tirou arte de onde, para muitos, brota a dor.

O primeiro trabalho de Anna Kahn foi sobre a violência no Rio de Janeiro, mas, segundo ela, o cenário era diferente, falava de vazio em uma cidade deserta. “É bastante diferente acompanhar uma equipe de jornalistas. Meu outro trabalho era muito solitário, também na madrugada, mas tratava da ausência. Agora, com o Wagner Almeida, tinha sempre a presença do corpo, muita gente por perto. Tem sido uma experiência muito forte”, contou a artista, após duas noites de saídas fotográficas pela noite de Belém.
Ela conta ainda que só conhecia do Norte a cidade de Manaus e o rio Negro, mas era antigo o desejo de vir à capital paraense. “Alguns lugares exercem um fascínio inexplicável sobre a gente”, diz ela.
Além de escolher lugares que não conhecia para desenvolver seu projeto, ela queria que eles tivessem uma conexão com as águas, “e Belém tem essa característica, tem a chuva, as marés”. Mas, acima de tudo, diz que foi Miguel Chikaoka quem a trouxe para a cidade, através da Fotoativa.
“Ele foi a primeira pessoa de Belém que conheci, há uns oito anos. Ele talvez tenha sido o ponto de partida”, analisa Anna.

ENCONTRO

Hospedada na casa do artista visual Alexandre Sequeira, que conheceu no Festival de Fotografia de Tiradentes, ela destaca que existe também essa questão do encontro com as pessoas. “O imprevisível e o encontro atuam como elementos do projeto também, coisas que podem acontecer e acrescentar ao trabalho”, avalia. Outra pessoa importante ao longo desse percurso tem sido o escritor Edyr Augusto Proença, apresentado a ela também por Diógenes Moura. “Tenho lido vários livros dele, quase todos, mas especificamente ‘Pssica’, que tem sido uma grande referência”, revela.

Diamantina

O projeto, que iniciou no Pará, terá continuidade com a residência artística ENA, do artista Eustáquio Neves, em Diamantina (MG), em outubro. O contraponto desses dois deslocamentos será reunido em livro, produto final contemplado pelo XV Prêmio Marc Ferrez de Fotografia.
“Minha ideia até o momento, pelo que vi, é mostrar essa Belém muito contemporânea em contraponto com Diamantina, uma cidade que parou no tempo. Longe de tudo, com poucas estradas e, portanto, com pouco acesso e interferência. Em Diamantina, o passado é quase o presente, enquanto Belém é essa cidade de muitas facetas contemporâneas”.

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

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