Motivado pela dificuldade financeira e pelo amor ao ensino e educação, o paraense Eduardo Veras, de 24 anos, estudante de Ciências Sociais em uma universidade na capital paraense comoveu a Internet após ter sua história de vida e superação compartilhada nas redes sociais.
Sem emprego e com dificuldades financeiras, o “professor” por paixão, entra nos coletivos diariamente, das 9h às 13h, com uma mochila nas costas e surpreende os usuários ao lecionar e apresentar aulas de história.
“Faço esse trabalho desde fevereiro de 2016. Minha primeira aula foi sobre feudalismo. Me preparei, li bastante e fui. A segunda foi sobre renascimento e a terceira foi sobre as grandes navegações”, relembra.
Morando com os pais em uma residência no bairro Centro, em Ananindeua, o meio bolsista do Fies teve que dar um rumo em sua vida, após sua mãe ser diagnosticada com câncer e seu pai, aposentado, ter que arcar com o tratamento.
Com as dívidas e a pressão aumentando sobre ele, o paraense chegou a pensar em trancar a faculdade, mas motivado pelos familiares buscou no ensino ao próximo, se diferenciar.
“Aprendi estudando muito, pegando o livro, pesquisando. Vou uma forma que encontrei para ganhar meu dinheiro, pegar minha passagem para universidade, comprar meus livros, minhas coisas, e ainda ter tempo para estudar e me dedicar”, conta.
O “professor” distribui apostilas que imprime na internet para dar palestras informais sobre os mais variados assuntos. O material, posteriormente, é recolhido sob a justificativa de que “não vendo porque não é meu”.
Aos finais de cada palestra, o paraense pede uma ajuda, quantia fixada pelo próprio contribuinte.
“Sempre fui fascinado em aprender, é uma sensação prazerosa e aquela pessoa que te passa o aprendizado fica marcada na tua vida, pois te ensinou algo novo. Gosto de ser inovador, de impactar positivamente na vida as pessoas”, explica.
A atitude do paraense chamou a atenção da estudante de direito Alexandra Abdon, que registrou uma de suas palestras e divulgou em seu perfil no Facebook, na última quinta-feira (25).
O sucesso foi tão grande, que até às 15h26, a publicação teve quase 17 mil compartilhamentos, quase oito mil comentários e mais de 93 mil curtidas.
“Eu acredito que a educação pode salvar o nosso país. E é por isso que quando vejo esse tipo de coisa, não consigo fazer vista grossa”, desabafou
A estudante acrescenta ainda, que: “o professor Eduardo é mais um desempregado, mais um sem oportunidade, mais um que poderia optar em nos assaltar no coletivo, ao invés de nos dar aula. Mas ele preferiu fazer o que melhor sabe: ensinar. E de uma forma maravilhosamente didática”, ressalta.
Sobre o sucesso repentino, o “professor” revela que jamais imaginava a repercussão. “Foi muito rápido, muita gente falando comigo de tudo o que é lugar, divulgando o meu trabalho”, comemora.
Em êxtase até agora, o paraense ressalta a importância de fazer algo pelo próximo. “Antes de morrer eu queria fazer algo que ajudasse positivamente a sociedade. Agradeço a Deus e a Alexandra, que divulgou o vídeo com um texto lindo. Cheguei a chorar”, recorda.
Indagado se o trabalho irá continuar, Eduardo rapidamente responde. “Não existe lugar para aprender, para ensinar. O importante é ter alguém para transmitir e alguém para receber. O sucesso está naquilo que a gente ama”.
Sobre o futuro, o paraense tem grandes planos e projetos e promete não parar por aí. “Gosto de ser interdisciplinar, gosto de ensinar, não importa o que seja, o que eu achar que é didático, que eu possa levar para dentro dos ônibus, eu vou correr atrás e fazer. Queria uma sala para dar cursos e oficinas”, revela.
Conheça o trabalho do "professor":
(Andressa Ferreira/DOL)
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