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“Gordo do Aurá” é acusado de corrupção

O vereador de Ananindeua Deivit Wener Araújo Galvão, mais conhecido como “Gordo do Aurá”, e o ex-secretário Municipal de Transportes do município, Ítalo José Barbosa Mácola, foram denunciados pelo Ministério Público (MP) de Ananindeua. Gordo responderá n

O vereador de Ananindeua Deivit Wener Araújo Galvão, mais conhecido como “Gordo do Aurá”, e o ex-secretário Municipal de Transportes do município, Ítalo José Barbosa Mácola, foram denunciados pelo Ministério Público (MP) de Ananindeua.

Gordo responderá na Justiça por 17 processos de corrupção passiva. Ítalo também responderá pela mesma quantidade de ações judiciais, só que por prevaricação. A denúncia foi feita pelo promotor Renato Belini e corre na 5ª vara criminal da cidade.

Os dois foram flagrados em interceptações telefônicas, autorizadas pela Justiça, em setembro do ano passado, cometendo as ilegalidades durante uma operação de trânsito na cidade.

O vereador é acusado de solicitar vantagens indevidas a um agente público - a liberação de motos irregulares retidas na operação - e Ítalo Mácola de prevaricar ao aceitar os pedidos de Gordo e liberar os veículos - que foram apreendidos legalmente -, sem pagamentos de multas e taxas. Foram 17 motos liberadas e eles responderão por cada veículo.

A denúncia surgiu a partir de uma investigação criminal instaurada de ofício pela 1ª Promotoria de Justiça de Ananindeua, que tinha como objeto inicial a investigação do vereador Gordo do Aurá e outro acusado, Rafael Santos Silva, em uma organização criminosa de tráfico de drogas em Ananindeua.

A investigação teve início após audiência de instrução, realizada na 5ª Vara Criminal de Ananindeua, que tinha Rafael como acusado, preso em flagrante por tráfico de drogas.

SIGILO

“Havia fortes indícios de que Gordo do Aurá teria tentado subornar policiais militares para liberar Rafael e que ambos integravam uma organização criminosa de tráfico de drogas”, relata o promotor. Tudo foi feito em sigilo e operacionalizado pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP, que interceptou o telefone do vereador por 15 dias - entre 10 e 25 de setembro do ano passado.

De acordo com a investigação, o conteúdo das conversas captadas na interceptação telefônica ofereceram poucos elementos da participação de Gordo do Aurá em crimes de tráfico de drogas, mas mostraram seu envolvimento em crimes como tráfico de influência junto à Prefeitura de Ananindeua. A cidade é governada por Manoel Pioneiro, de quem o vereador é correligionário.

Uma dessas conversas mostra Gordo solicitando diretamente a Ítalo a liberação de veículos apreendidos pela Secretaria de Transportes.

Gordo e Ítalo foram flagrados em interceptações telefônicas, autorizadas pela Justiça, em setembro do ano passado, cometendo as ilegalidades (Foto: Divulgação)

CRIMES

Nos dias 24 e 25 de setembro do ano passado, houve fiscalização de trânsito no bairro de Águas Brancas, em Ananindeua, que resultou na apreensão de várias motos irregulares. Segundo a investigação, Gordo do Aurá, valendo-se do cargo de vereador, exerceu “toda a sua influência para impedir o ato e liberar os referidos veículos”.

O vereador conseguiu liberar 17 motocicletas, um dia depois de terem sido apreendidas pelos agentes da Secretaria Municipal de Transportes de Ananindeua (Semutran), “tudo com a intervenção de Ítalo Mácola, à época secretário municipal de Transportes”, segundo a denúncia.

A Promotoria solicitou, então, à Semutran cópias das operações realizadas em setembro e ouviu várias testemunhas, entre as quais agentes da secretaria que participaram da operação investigada, o diretor de transportes da Semutran e a gerente do Pátio de Retenção de Ananindeua, que levou ao MP ofício do então diretor Administrativo e Financeiro da Semutran, solicitando a “liberação” das motocicletas apreendidas no pátio. Juntou, ainda, a cópia de oito “Termos de Nada Consta” dos veículos.

LIGAÇÃO COM JATENE

Ítalo José Barbosa Mácola é filho do defensor público Ítalo Mácola, que foi chefe da Casa Civil do governo Almir Gabriel (1999 e 2000) e secretário de Justiça no primeiro governo de Simão Jatene (2005). Foi eleito deputado estadual pelo PSDB em 2006 e, em janeiro de 2015, assumiu o cargo de ouvidor geral do Estado do Pará, com salário de R$ 52 mil.

GRAVAÇÃO

A interceptação telefônica foi feita no dia 24 de setembro do ano passado, às 16h39, e teve a duração de 2m44s. O vereador Gordo do Aurá e Ítalo Mácola mostram cumplicidade. A todo momento, o vereador pressiona Mácola para encerrar uma operação
que estava apreendendo motos irregulares, realizada naquele dia, sob o pretexto de que haveria uma grande confusão no local.

Gordo do Aurá (G)
Ítalo (I)

I: Vereador!

G: Fala, Ítalo!

I: Fale, meu amigão!

G: Pô, Ítalo! Eu tô numa situação aqui complicada cara. O pessoal do Semutran...

I: O que foi?

G: Tô aqui, na Águas Brancas. Cara, isso vai dar cagada, isso daqui. Isso vai dar um conflito muito feio, cara!

I: Eu mandei... eu mandei suspender a operação aí.

G: É, mas eles falaram que não...

I: E se eles podiam...

G: Eles falaram que não. Que vão levar as motos.

I: Não, não eles, todas as motos que eles já tinham autuado não tem como voltar atrás, mas amanhã eu resolvo isso, tá?
G: Hã!

I: Agora, as motos... é... mas algumas motos que eles pararam, porque eles entenderam a situação. Eu expliquei qual é... qual é a sua situação. Aí, eles entenderam. Agora o que já tava em cima eu não posso mandar descer, entendeu? Mas amanhã eu resolvo isso.

G: Deixa eu lhe falar uma coisa: o problema, secretário, é que, quando chegar amanhã, o pessoal vai começar a ir lá em casa. Eles vão querer essas motos, secretário. Isso vai dar

o maior problema. Eles não querem deixar levar as motos daqui e cada vez tá se aglomerando mais
gente aqui.

I: Não tem como, vereador! Não tem como. Eles vão levar as motos daí. E o senhor me ajude nisso aí. Amanhã, eu resolvo, entendeu? Porque não era para fazer operação, aí, entendeste?

G: Pois é. Ainda pra completar, ainda tem... eu acho que uma ou duas motos aqui que estão atrasadas. O cara não tem condições de selar, é tudo uma. Eles já falaram que, se o guincho vier aqui, eles vão fazer muita onda e não vão deixar levar essas motos. Tô tentando resolver da melhor maneira possível. Isso vai dar problema. Eu tô fazendo de tudo para evitar esses problemas aqui.

I: Entendi. Eu vou ver aí o que é que pode fazer. Mas eu sei que eu já liguei, já mandei suspender aí, e o que dá pra fazer o cara já fez. Deixa eu ver o que que dá pra fazer a mais, tá?

G: Tá, veja aí. Mande cancelar esse negócio de guincho aqui, que eu tô batalhando para legalizar eles aqui. Eu tô correndo atrás eu mesmo, secretário. Eu lhe prometo que eu vou resolver essa situação deles pra acabar com essa ilegalidade, tá bom? É só pra evitar uma confusão maior, secretário.

I: Tá, tá ok! Tá bom!

G: Tá ok! Eu tô aqui com eles aguardando.

(Diário do Pará)

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