583 pessoas vivem nas ruas de Belém e Ananindeua

Uma pesquisa da Universidade Federal do Pará (UFPA), em parceria com a Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), aponta que 583 pessoas vivem nas ruas de Belém e Ananindeua. Concentrados em praças, feiras e áreas comerciais dos dois municípios, 73% desses indivíduos fazem da rua seu próprio dormitório.

Coordenador do projeto, realizado pelo Programa Interdisciplinar Trópico em Movimento, o professor Thomas Mitschein aponta que a ideia da pesquisa é identificar como essas pessoas se situam nos 2 municípios. “Essa é uma situação que pode aumentar de forma extremamente clara porque as pessoas não conseguem se manter”, alerta.

O próprio comportamento identificado na maioria das 20 pessoas que foram entrevistadas é um sinal dessa exclusão. De acordo com a pesquisa, entre 60% e 85% passam a maior parte do tempo em praças, feiras e áreas comerciais de Belém e Ananindeua, por serem locais onde podem ter acesso, com mais facilidade, a doações de comida. A maioria dos entrevistados também apontou que gostaria de participar de alguma atividade ou curso profissionalizante. “Essa situação precisa ser enfrentada”, reforça Thomas, ao destacar que se faz necessária a adoção de uma política regional que focalize a geração de emprego e renda.

INICIATIVAS

Ao longo da pesquisa, o professor destaca que duas boas iniciativas foram encontradas, no bairro de São Brás e no distrito de Icoaraci, em Belém. São centros que, em parceria com o Governo Federal, oferecem atendimento a pessoas que vivem em situação de rua, dando alimento e proporcionando até mesmo tratamento médico. Para que seus efeitos fossem mais evidentes, porém, seria necessário mais apoio. Munindo-se de gráficos e tabelas, a publicação, de 88 páginas, está disponível de forma gratuita na internet para quem quiser ter acesso.

PERFIL DE QUEM VIVE NAS RUAS

83,7% dos que vivem nas ruas de Belém e Ananindeua são do sexo masculino.
42,9% estão na faixa etária de 18 a 29 anos.
Quase 76,7% nasceram no Pará, sendo que 48,9% são naturais de Belém.
5,9% são naturais do Estado do Maranhão.
54,1% dos entrevistados nunca frequentaram uma escola ou encerraram seus estudos na 4ª série do ensino fundamental.
Entre 60% e 85% passam a maior parte do tempo em praças, feiras e áreas comerciais dos 2 municípios.
73% fazem da rua o seu próprio dormitório noturno.
61,1% dos entrevistados têm vontade de participar de alguma atividade ou fazer algum tipo de curso profissionalizante. O de mecânica aparece como o mais citado, já que 13% dos entrevistados se mostraram interessados.

Fonte: Livro digital “A população em situação de rua em Belém e Ananindeua (Pará)”.

O LIVRO

O livro “A população em situação de rua em Belém e Ananindeua (Pará)” está disponível, de forma gratuita, no site http://www.tropico movimento.net/. O livro é de autoria dos pesquisadores Thomas Mitschein, Jadson Chaves, Tadeu Gonçalves e Valdemir Monteiro.

(Cintia Magno/Diário do Pará)