Cinema em Belém tem sessão para autistas

Diante do cartaz que anunciava a exibição do filme, o sorriso no rosto do pequeno Célio Pietro, 6 anos, expressava não apenas a alegria proporcionada pelo passeio, mas também a possibilidade de vivenciar um momento de inclusão.

Diagnosticado com autismo, Célio teve a oportunidade de assistir pela primeira vez, na manhã de ontem, a uma sessão de cinema exclusiva para crianças com o distúrbio.

Para que cada uma das 64 crianças de 3 a 12 anos pudessem se sentir à vontade diante da nova experiência, o cinema providenciou algumas adaptações técnicas. Além da não exibição de trailers, o som do filme foi reduzido e a sala se manteve parcialmente iluminada. Foram tais condições que possibilitaram que Célio conseguisse se manter tranquilo desde o início de “Procurando Dory”.

Já na sala do cinema, sentado no colo da mãe e com o olhar fixo nas imagens projetadas na telona, o menino não escondia o encantamento pela experiência.

“Ele sempre fica muito incomodado com barulho, com o escuro e quando tem muita gente. Por isso ele nunca tinha ido ao cinema”, conta a mãe de Célio, Nádia Costa, 31 anos. “Estou me sentindo privilegiada porque meu filho hoje pode viver isso pela primeira vez”.

No total, 179 lugares foram disponibilizados, já que cada criança pôde ser acompanhada por até dois adultos.

“Cerca de 300 pessoas procuraram a gente interessadas na sessão. Então, a ideia é que possamos fazer novas sessões para que outras crianças possam participar”, explicou a representante da Casa do Autista, Marcele Pinto, 38 anos. “Mais de 90% das crianças que estão vindo hoje estão tendo a primeira experiência em um cinema”.

INCLUSÃO

Aos cinco anos de idade, a pequena Ana Luiza Vasconcelos é mais uma das crianças que pôde, pela primeira vez, na manhã de ontem, ter contato com a sétima arte. Para sua mãe, a pedagoga Ana Patrícia Vasconcelos, 41 anos, a iniciativa é mais um passo dado em busca da inclusão de crianças autistas em Belém.

“Tem muitas coisas que a gente acaba deixando de fazer, porque não oferecem condições para a inclusão”, destaca, ao reforçar que a própria experiência pode servir de estímulo para que, futuramente, as crianças possam se adaptar ao ambiente do cinema.

NOVAS SESSÕES

De acordo com o gerente da rede cinemas Moviecom, Sinicley Menezes, a expectativa é de que a parceria se perpetue. “Como a procura foi muito grande, devemos fazer novas sessões”, garantiu. A prática foi assegurada por uma iniciativa da rede cinemas em parceria com a Casa do Autista e o shopping Pátio Belém.

(Cintia Magno / Diário do Pará)