Pratinha II sofre com falta de saneamento

fotos: ELCIMAR NEVES

Segundo Carlos César, os moradores fazem o trabalho da Prefeitura

Moradores sofrem com alagamentos e, na ausência do poder público, fazem mutirões para amenizar situação

WAL SARGES

A grave situação da falta de saneamento básico no bairro da Pratinha II, em Belém, uniu os moradores das ruas Liberdade, Liberal e São Vicente de Paulo para pedir melhorias. Faltam esgotamento sanitário e tubulações que suportem o volume de água decorrente das fortes chuvas. O resultado visível dessa ausência de serviços são os alagamentos constantes, lama e muitos buracos.

Na última sexta-feira, após uma grande tempestade, os moradores protestaram contra a Prefeitura de Belém e retomaram as manifestações na terça-feira, em uma tentativa de sensibilizar o poder público. Na quinta-feira, resquícios de pneus queimados ainda marcavam a entrada da Rua Liberdade, onde mora o carreteiro Carlos César, de 57 anos. Ele conta que os moradores sempre tiveram problemas com a ausência de saneamento básico na área, mas que depois da realização de uma obra em um residencial próximo, os alagamentos se tornaram mais intensos. “Isso porque o volume de água aumentou e os tubos não aguentam essa quantidade de água. Ela transborda e entra nas nossas casas”, explica o morador.

MUTIRÃO

Carlos vive nesse local há mais de 20 anos e conta que são os próprios moradores que fazem serviços de aterramento, construção de galerias e valas. “No próximo domingo faremos outro mutirão aqui na rua para fazer o restante do trabalho das valas, serviço que deveria ser feito pela Prefeitura”, dispara.

"SE CONTINUAR ASSIM, VAMOS PROTESTAR"

Ruas não têm infraestrutura para suportar as fortes chuvas. (Foto: Elcimar Neves/Diário do Pará)

Quando ameaça a chover, os moradores já ficam temerosos, comenta o aposentado Sérgio Santos, de 66 anos. Ele e a esposa Gregória Silva, de 53 anos, tiveram de colocar tijolos para levantar os móveis e a geladeira da residência. “Moro há 25 anos aqui na Rua Liberal e nunca tinha visto uma chuva tão forte, como a de sexta passada. Molhou geladeira, guarda-roupa e o armário da cozinha”, enumera.

Gregória diz que tudo ficou imerso após a chuva. “Alagou todos os cômodos de casa. Ficamos até meia-noite limpando. Só deixei o pátio porque não aguentava mais de tão cansada”, lembra. Na última terça-feira, as secretarias municipais de Saneamento (Sesan) e de Habitação (Sehab) estiveram no local para conversar com os moradores. Mas, caso nada seja resolvido haverá novos protestos, alerta o morador Carlos César. “Eles disseram que vão colocar novos tubos. Vamos ficar monitorando para ver se o problema será resolvido ou se vão enrolar nesse tempo de eleição. Se continuar o caos na nossa rua, vamos protestar de novo. Dessa vez, mais forte”, promete.

Por meio de nota, a Prefeitura de Belém afirma que está executando estudos técnicos na área para a elaboração de projetos de saneamento que solucionem os transtornos causados pelo alagamento na comunidade. Sobre a reunião de terça, com os moradores das ruas Liberdade, Liberal e São Vicente de Paulo, a Prefeitura explica que os mesmos foram informados de que nos próximos dias serão realizados serviços emergenciais de limpeza nas vias, com capinação, recolhimento de entulhoe limpeza de valas.

Nilza Moraes, 45 anos, diz que já precisou aterrar a própria casa umas 5 vezes por causa dos alagamentos. Triste, ela diz que já teve muito prejuízo com a ausência de saneamento no bairro. “Já são 5h da tarde e ainda nem almocei. Tive que pagar R$ 250 para o pedreiro jogar aterro aqui. Com essas chuvas já perdi geladeira e outros eletrodomésticos, além de ter que trocar o piso sempre”, revela.

(Wal Sarges/Diário do Pará)