Jatene nomeia a defensora pública menos votada

Contrariando a vontade da maioria dos defensores públicos estaduais, o governador Simão Jatene (PSDB) nomeou como a nova defensora pública Geral do Estado Jennifer de Barros Araújo, 3ª colocada na lista tríplice escolhida na eleição feita pela categoria no último dia 13. A decisão gerou revolta entre os defensores.

Com 125 adesões, o candidato mais votado no pleito foi José Adaumir Arruda, atual subdefensor público geral. Na 2ª colocação, ficou Marialva Santos, com 92 votos. A nova defensora, Jennifer Araújo, obteve apenas 71 votos. A nomeação é datada de quarta-feira (25). Porém, o decreto só foi publicado no Diário Oficial do Estado de ontem, último dia do prazo. Luiz Carlos Portela, atual defensor público geral e que apoiou José Adaumir Arruda, se mostrou surpreso com a decisão do governador.

TRISTEZA

“Essa nomeação foi recebida com muita tristeza por todos os defensores”, diz Portela. “Não há ilegalidade no ato de escolher o menos votado na lista triplice. Porém, uma verdadeira demonstração de menosprezo pela instituição e sua autonomia”, critica. O impacto foi ainda maior porque a nomeada foi a última colocada na lista tríplice. Para Portela, que foi nomeado duas vezes para o cargo, barrando o defensor mais votado, o governador menosprezou a decisão da maioria dos defensores.

“Isso preocupa porque não sabemos que rumos a nossa instituição pode tomar. Isso gera instabilidade e insegurança”, afirma. Jennifer, a escolhida pelo chefe do Executivo, chegou a dizer, após o resultado da votação, que considerava “que a gestão do defensor José Arruda será um sucesso”. “Não posso falar por ninguém, mas não acredito que a defensora nomeada não acreditasse na sua nomeação. A Jennifer é muito próxima da família Jatene”, acusa. O ainda defensor geral teme que o trabalho de reestruturação do órgão e a busca por mais recursos seja perdida.

Carlos Portela lembra que apenas 44 dos 144 municípios paraenses dispõem de defensor público hoje. Portela acredita que a gestão de Jennifer Araújo só terá legitimidade perante a categoria caso consiga vencer a barreira da falta de orçamento e implemente as mudanças necessárias.

(Luiz Flávio/Diário do Pará)